quarta-feira, 13 de julho de 2016

Crítica: Sing Street . 2016


Quer seja como realizador, quer seja como argumentista, John Carney tem certamente qualquer poder especial. Quase como sem saber bem porquê, a simplicidade das suas histórias, sempre com um toque musical à mistura, permanecem connosco muito para além dos seus filmes terem chegado ao fim.

Estamos na Irlanda, na cidade de Dublin, em plenos anos 80. Conhecemos Conor (Ferdia Wlash-Peelo), um jovem de 14 anos que se encontra numa fase menos boa da sua vida, quando ele e os irmãos se vêem no meio da crise matrimonial dos seus pais (Aidan Gillen e Maria Doyle Kennedy) que se debatem com problemas financeiros, que originam discussões e mau estar na família. Quando se vê obrigado a sair de um bom colégio, para frequentar a escola pública das redondezas, Conor depara-se com uma realidade totalmente diferente da que estava habituado. Surgem problemas com os novos colegas e também com professores, mas a esperança dos seus dias melhorarem, residem na misteriosa, bonita e super cool Raphina (Lucy Boynton), pela qual Conor fica imediatamente encantado. Rendido, decide convida-la para participar num videoclip da sua banda. Mas a verdade é que Conor nem sequer tem uma banda! Eis então que a pouca auto-estima de Conor desaparece, a criatividade começa a surgir, estando prestes a deixar para trás os seus medos agora que encontrou a sua musa e ganha coragem para começar a seguir o seu sonho de cantar numa banda.

Uma fantástica ode à música dos anos 80, fazendo uma pequena viagem por algumas das bandas e diferentes estilos que mais influenciaram uma geração. Mais uma vez, como em filmes anteriores, Carney transforma os seus personagens em almas que necessitam ser de alguma forma salvas pelo amor que têm à música. O casting de actores é uma mais valia, transparecendo todos as devidas emoções assim que é requerido, o que faz com que a emotividade que passam para o lado de cá do ecrã seja absolutamente efectiva. Apesar de parecer à partida super lamexas, este é o feel-good movie que nos deixa uma forte mensagem sobre o amor, não só entre duas pessoas que gostam uma da outra, mas também entre irmãos, onde a esperança também permanece. A conexão entre as bandas da altura e as referências mais significativas estão todas presentes não só em atitudes dos personagens, como no papel que a música representa para cada um. Certamente não será perfeito, mas é divertido sem nunca perder um certo e interessante toque de melancolia. 

Sing Street é mais uma prova de como John Carney consegue marcar a diferença com pouco, num registo que já é só seu. Depois de Once (2006) e Begin Again (2014), mais um para ficar na memória.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 23.06.2016

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