terça-feira, 8 de setembro de 2020

my (re)view: I'm Thinking of Ending Things . 2020

 

imagem via www.cosmopolitan.com

Charlie Kaufman é um dos argumentistas mais interessantes e provocadores da sua era. Mais uma vez, e tendo em conta que esta adaptação do livro I'm Thinking of Ending Things de Iain Reid parte da mente de quem idealizou Being John Malkovich (1999) ou Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004), estamos perante mais uma obra que nos dá muito em que pensar. A história é aparentemente simples, sobre uma mulher que vai com o namorado à quinta onde os pais dele vivem para os conhecer. Para uma premissa tão banal como esta, as coisas tornam-se surreais em pouco tempo. Logo após uma breve introdução que poderia bem ser digna de uma comédia romântica indie, um longo dialogo entre os personagens principais faz-nos perceber um pouco do caminho em que estamos prestes a embarcar. Andamos para trás e para a frente, entre momentos que não percebemos bem se são realidade ou não, com uma imensa vibe de sonho bizarro com algum tipo de conexão com o que estamos a ver, mas que por vezes não se apresenta da forma mais clara e evidente. A magnifica Jessie Buckley interpreta uma mulher que vê alteradas múltiplas vezes ao longo da história vários aspectos sobre a sua vida, até mesmo o seu nome ou as cores da sua roupa, o que nos faz questionar realmente qual o seu papel nesta jornada sobre relações, sobre envelhecer, ser feliz, ser pai, ser filho, sobre sonhar, sobre desilusões e frustrações. Jesse Plemons tem uma performance mais contida, mas nem por isso menos intrigante, sendo bastante mais difícil de descortinar. Há momentos e conversas incríveis, mas que podem não resultar para todos devido à sua invulgar estrutura e complexidade. Eu cá achei que I'm Thinking of Ending Things é um filme desafiante e melancólico, para já o melhor que este também bizarro ano de 2020 nos deu. Um filme que invade a nossa mente de forma intrigante e por vezes até assustadora e que sem sabermos bem porquê mexe de alguma forma com o nosso interior.

Classificação final: 4,5/5 estrelas.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

my (re)view: Tenet . 2020

imagem via www.variety.co
imagem via www.variety.com

Primeiro que tudo e em tempos de pandemia é óptimo poder regressar as salas de cinema com filmes que valem a pena ver no grande ecrã. Se há coisa que Christopher Nolan sabe bem fazer, é um belo espectaculo cinematográfico e Tenet para além da originalidade da sua premissa também proporciona uma grande dose de entretenimento. A complexidade dos temas está sempre inerente às histórias que Nolan escreve e nos apresenta das maneiras mais loucas possíveis. Sim é um filme complexo, às vezes até demais, e não sei se mesmo depois de múltiplas visualizações ficarei totalmente elucidada, mas é isso que Nolan mais gosta de provocar no espectador. Irritante para uns, mas interessante para outros, se pensarmos que quando chegamos ao final são inúmeras as perguntas e os significados que procuramos discutir por algum tempo. A história gira em torno do personagem principal intitulado The Protagonist interpretado por John David Washington, um agente da CIA que se vê preso a uma operação secreta com o nome de Tenet que consiste em prevenir eventos no passado numa lógica de tempo invertido. Robert Pattinson é o seu parceiro de espionagem e acaba por ser o personagem mais interessante e misterioso da trama. Os cenários são espectaculares e tudo é ainda mais fantástico se pensarmos que Nolan nunca recorre à tecnologia para criar as cenas mais desafiantes nos seus filmes, assim como a banda sonora que está freneticamente a condizer com as ocasiões. Achei que o maior problema do filme tenha sido talvez os diálogos, que de por vezes tão preguiçosos fizeram com que os personagens não transparecessem uma conectividade emocional entre si. Sendo este muito mais um filme de emoção/acção e não emoção/sentimento onde não criamos grande afectividade pelos personagens. Mentiria se dissesse que compreendi todos os seus aspectos e não é dos melhores que Christopher Nolan já fez, mas foi sem dúvida mais uma grande experiência.

Classificação final: 3,5/5 estrelas.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

my (re)view: Inception . 2010

 

imagem via www.imdb.com

Neste post em jeito de celebração do aniversário de dez anos de Inception e ainda antes de escrever sobre o próximo filme de Christopher Nolan, Tenet, aqui ficam algumas palavras sobre o meu filme preferido do realizador. Mesmo passados dez anos, Inception continua a ser um dos filmes de ficção-cientifica mais bem conseguidos de todos os tempos. A qualidade de escrita e realização de Christopher Nolan, assim como a banda sonora de Hans Zimmer e as interpretações, resistem ao passar o tempo e nunca desiludem. Vive-se repetidamente esta grandiosa experiência a cada visualização e dez anos após a primeira vez que o vi no cinema, voltei a fazê-lo ainda com mais entusiasmo. Elogiado por uns, muito criticado por outros o trabalho de Nolan marca sempre a diferença, não só pela complexidade com que conta histórias mas também pela originalidade e forma como nos envolve dentro delas. Este conceito de sonho dentro de sonho e daquilo que é realidade ou não faz-nos mergulhar numa roda gigante de paradoxos que suscitam curiosidade, e algumas estranhas teorias. Quer se goste ou não fica-se a falar dos seus filmes cuja imagem muito própria e os parâmetros são cada vez mais fieis a si próprio.

Classificação final: 5/5 estrelas.