segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

my (re)view: The Affair (2014-2019)

imagem via www.observer.com

Desde o início da sua existência, ouvi e ouvi dizer que The Affair era uma excelente série. Sem qualquer tipo de razão, a verdade é que apesar de me ter despertado interesse, fui sempre adiando a sua visualização. Só sabia que envolvia uma traição (como o próprio nome da série indica) e que se focava nas consequências desse mesmo caso extraconjugal. O que eu não sabia era que a sua estrutura a faria destacar-se de outras já feitas até então e que a qualidade de escrita a faria ser única mostrando-nos que cada um de nós pode interpretar as coisas de maneira diferente, reagir e medir consequências de maneira diferente. Ao longo de todas as temporadas cada episódio está dividido em duas partes, que seguem os mesmos acontecimentos, mas vividos por duas personagens diferentes, explicando a visão de cada uma delas. Ao contrário do que se podia pensar, a repetição não é aborrecida e cada versão trás coisas novas para cima da mesa. Todas as temporadas são mais focadas em Noah (Dominic West) e Alison (Ruth Wilson) os dois personagens que se envolvem e levam de arrasto consigo numa teia de destruição Helen (Maura Tierney) e Cole (Joshua Jackson) que por isso mesmo também merecem o seu destaque, mas sempre vistos como os dados colaterais de todo o envolvimento. Esta é uma série bastante madura, que provavelmente não me teria sido tão interessante e impactante se a tivesse começado a ver uns anos mais cedo. Ela faz-nos perceber que todas as decisões que tomamos acabam por causar impacto nos que nos são mais próximos, quer sejam elas boas ou más. Se num momento estamos do lado de Noah por estar preso a um casamento infeliz e sufocante, estamos do lado de Helen pois nada perdoa uma traição. Se noutro momento estamos do lado de Alison por viver presa a um dor incurável, por outro lado estamos solidários com Cole, pois não deixa de partilhar essa mesma dor. Penso que até à quarta temporada a qualidade da série é bastante consistente e tirando um ou outro episódio mais fraco, pode-se dizer que na sua generalidade nunca desaponta. A última temporada é provavelmente a mais fraca de todas, onde talvez por algum tipo de pressão (existem algumas curiosidades de bastidores que mais tarde li e que possam ter influenciado um final mais apressado) fizeram decrescer a escrita e a tornaram menos consistente e mais previsível e até desleixada. Dispensava algumas das passagens temporais enormes e até ficava feliz se o final fosse deliberadamente aberto. Ficarão para sempre evidentes as interpretações excelentes de todo o elenco, nomeadamente os quatro protagonistas que em especial na temporada quatro, onde nos proporcionam alguns dos momentos mais bonitos e atrevo-me a dizer mais bem interpretados da história do drama em televisão. Chegando ao final deste texto, pensando em tudo aquilo que experienciei aquando da visualização de The Affair penso que terá sido das séries que mais gostei de ver. Sem dúvida fica como uma das minhas favoritas.

Classificação final: 4,5/5 estrelas.