domingo, 23 de junho de 2019

my (re)view: Russian Doll (Season 01) . 2019



Imediatamente assim que terminei a primeira temporada de Russian Doll veio-me à cabeça a frase "I live. I die. I live again.", não que exista algum tipo de referência ao filme a que ela pertence (Mad Max: Fury Road) mas porque o seu significado acaba por representar aqui um contexto digamos que semelhante. Se num caso representa um sentido profundamente religioso, aqui representa não a fé em nenhuma religião em particular, mas a fé em nós próprios e no que pretendemos então atingir a nível pessoal. Se morrêssemos constantemente de forma a voltar a um ponto de partida onde a nossa vida entrou em ruptura total? O que faríamos diferente se nos fossem dadas múltiplas tentativas para reparar esses danos? Que consequências poderiam ter essas novas decisões? Esta ideia do "ser uma pessoa melhor todos os dias" entra aqui bastante agarrada a um contexto de comédia que resulta absolutamente bem e assim que mergulhamos na mente da personagem principal percebemos que afinal existem detalhes mais sombrios na personagem. Nadia Volvokov (Natasha Lyonne) é uma mulher independente e acredita ela, bem resolvida. Mas problemas do passado acabam por atormentar o seu presente, acabando por influenciar a sua maneira de ser e agir perante todos. Quando se vê a morrer vezes sem conta, voltando sempre ao dia do seu aniversário (sim, isto também acontece nos filmes Happy Death Day, a diferença é que aqui há um significado por trás dessa data), Nadia começa a frenética jornada de perceber o porquê daquilo tudo lhe estar a acontecer. Esta é mais uma produção Netflix bem sucedida, que para além da diversão e das gargalhadas que nos proporciona, tem um elenco muito talentoso liderado pela fantástica presença sempre muito awkward mas fascinante de Natasha Lyonne e representa também um forte alerta sobre as doenças mentais, a maior parte das vezes desvalorizadas pela sociedade. Russian Doll representa um papel consciente, moral e aos mesmo tempo assume-se como forma de entretenimento acabando por ser uma mistura bastante interessante entre essas três coisas. Foi renovada para uma segunda temporada e ainda bem.

Classificação final: 4/5

sexta-feira, 21 de junho de 2019

my (re)view: Rocketman . 2019


Depois da história de Freddy Mercury ter sido retratada nos cinemas o ano passado, este ano é a vez de outro grande astro da música mundial ver a sua vida contada no grande ecrã. Diferenças: um deles já falecido, outro não. Semelhanças: ambos foram realizados pela mesma pessoa. Quer dizer, Dexter Fletcher realiza por completo Rocketman, mas na altura em que Bryan Singer foi despedido depois de um escândalo sexual, foi ele que assumiu as rédeas de Bohemian Rhapsody, não tendo sido creditado por isso. Isto tudo para dizer o quê? Bem, Rocketman é tudo aquilo que Bohemian Rhapsody podia ter sido e não foi derivado a todas essas turbulências e outras coisas mais que ficaram como curiosidade para os interessados. Acredito que o facto de não haver pudor em contar detalhes de todo o tipo de natureza, sobre o bom e o mau que fizeram parte da vida passada de Elton John, dá-lhe uma grande honestidade tornando-se fiel e arrojado ou não fosse o seu protagonista da vida real assim mesmo. Contado de forma original, vamos ao longo do filme passando pelos momentos mais significantes da vida do cantor, onde obviamente as suas músicas entram e de forma bastante peculiar, inseridas num contexto de musical, proporcionando momentos muito entusiasmantes e bonitos de se ver. Este filme não teria sido nada sem a brilhante prestação de Taron Edgerton, que para além dos seus dotes de representação revelou ter dotes vocais surpreendentes tendo cantado todos os temas que vemos interpretados no filme. Isso não tira assim uns pontinhos ao Malik, humm?? Vamos lá ver se quando chegar a hora da verdade também não se esquecem de recompensar o rapaz nem que seja com uma nomeações. Ele merece! Para além de toda a emotividade o filme tem um bom feeling que passa mesmo para nós, e as suas duas horas de duração parecem não ser suficientes e queremos mais. Acho que não há nada melhor que isso.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

sábado, 8 de junho de 2019

my (re)view: Chernobyl (minissérie) . 2019



É o assunto do momento e não é a toa que só se fala sobre a nova minissérie da HBO, Chernobyl. Para quem ainda não viu ou sabe pouco sobre o desastre nuclear ocorrido em Abril de 1986 na cidade de Prypiat na Ucrânia, esta série é não só, um excelente pedaço da História mundial sendo um retrato bastante preciso do que lá aconteceu, como é pormenorizada nas suas explicações sem ser exageradamente complexa a nível de linguagem. A estrutura da narrativa traça-nos imediatamente o futuro de um dos seus personagens principais ao qual não podíamos fugir, daí passamos ao momento da explosão na central nuclear de Chernobil e a partir daí fazemos automaticamente parte da fascinante explicação dos factos e da investigação que procura a todo o custo encontrar os porquês do desastre radioactivo em pleno estado da união soviética, opressor e injectando mentiras para encobrir os seus erros com o medo de fuga de informação para o resto do mundo. As peças do puzzle vão sendo cuidadosamente reveladas recorrendo a uma escrita inteligente e a momentos incríveis ao longo dos seus cinco episódios, não esquecendo o trabalho do excelente elenco de actores composto por Jared Harris, Stellan Skarsgard e Emily Watson, os dois primeiros interpretando Valery Legasov e Boris Shcherina, figuras verídicas decisivas na investigação do caso, assim como Ulyana Khomyuk personagem que simboliza o vasto número de cientistas que trabalharam em conjunto com os dois primeiros para chegar à verdade. O sentimento de terror e opressão característico da era soviética coloca-nos no lugar de cada um dos personagens e cada episódio transforma-se numa experiência e sentimos que estamos lá. Eu sabia o básico sobre o incidente e descobrir mais tarde cada detalhe e constatar que muito pouco do que vimos é ficcional e que coisas que podem parecer dramatizadas são totalmente reais é fascinante. E como é possível uma teia de mentiras sobre algo tão grave ser tão fascinante? Graças a anos de dedicação na pesquisa exaustiva, à estrutura da narrativa que foge a muito daquilo que costumamos ver neste tipo de série documental e à belíssima escrita de Craig Mazin, escritor, criador e produtor da série. Bastante sombrio por vezes até pesado de digerir, é quase como assistir a um filme de terror psicológico e digo isto no bom sentido. Há momentos memoráveis, quotes incríveis e sequências impecavelmente filmadas, crédito de Johan Renck realizador da série. Chernobyl é uma experiência que mexe connosco e nos intriga ainda mais depois de a termos terminado. Muito mais que um relato sobre o que de verdade se passou naquele dia trágico é uma incrível recriação do modo como o estado mantinha os seus interesses a cima da segurança do seu povo, promovendo um enorme circulo de mentiras sustentado também ele através do pensamento manipulador sobre os trabalhadores que verdadeiramente faziam crescer uma nação, mentiras que custaram uma enorme quantidade de vidas. Tudo isto faz com que Chernobyl seja brilhante e uma das melhores mini-séries (se não mesmo a melhor) de sempre.

Classificação final: 5 estrelas em 5.