terça-feira, 30 de abril de 2019

my (re)view: Avengers: Endgame . 2019


Avengers: Endgame, de Joe Russo and Anthony Russo

Onze anos e vinte e dois filmes depois a Marvel chega ao final de um ciclo. Certamente que os filmes deste universo cinematográfico continuarão a render muitos milhões, mas este é para mim também o terminar desta era. Sempre assumi que não era uma fanática por este tipo de filmes, no entanto sempre os acompanhei ao longo de todos estes anos. O bom casting de actores e o entretenimento associado eram o bastante para me fazer continuar a vê-los e quer se queira quer não, gostando mais ou menos, vamos conhecendo as histórias e ficando agarrados as possibilidades do que poderia acontecer a seguir a este ou aquele super-herói mias querido. Por consequência somos obrigados a seguir todos os filmes se não queremos perder o fio à meada. É quase impossível falar sobre este Avengers: Endgame sem revelar muito porque a verdade é que ele mexe com algumas emoções e isso obriga a alguma filtragem no que toca a escapar algum tipo de spoiler. As três horas de filme estão para mim divididas entre muito bom e assim-assim. A primeira hora e meia é do melhor que já se viu em filmes do género. O tom sombrio e o óptimo desenvolvimento de personagens no contexto de um ritmo lento transformam o filme em algo bastante denso, cheio de conteúdo e propósito. À medida que vamos aumentando o ritmo, entram mais personagens e a nostalgia vai sustentando bem o enredo. Adorei o facto do legado humorístico de Taika Waititi (realizador de Thor: Ragnarok) se ter mantido no actual Thor, muitos acharam que o ridicularizou, eu achei um máximo. Quando o conteúdo é em si pesado nada melhor que um toque de humor. Assim que entramos na parte de mais adrenalina da acção todos os problemas comuns nos filmes da Marvel surgem à superfície e isso desaponta um bocadinho. Aparecem os habituais problemas de um filme que contém muitos personagens e daí surgem também as inerentes dificuldades de gestão de tempo para dar espaço a todos. A batalha final poderá ser para alguns o ponto alto deste filme, mas como é recorrente os problemas estão presentes nomeadamente a sua duração e um momento um tanto ou quanto awkward e forçado, fruto dos tempos e da obsessão para demonstração da igualdade de género. Como mulher gosto de um bom momento de girl power, mas esse tem de ter propósito e ser natural coisa que não acontece. Não sei se muitos estarão preparados para o seu desfecho, cuja emotividade puxa para o nosso lado mais sensível, pois na verdade fomos não diria obrigados, mas habituados (os que gostam disto pelo menos) a seguir com carinho alguns personagens. Para mim foi forte. Fiquei triste e dei por mim a reflectir que se calhar até tenho gostado mais disto tudo do que eu pensava... Poderá não ser o grande filme épico de desfecho, mas é sem dúvida alguma uma boa forma de terminar um ciclo.

"I love you 3000".

Classificação: 4 estrelas em 5.

Top Marvel movies: https://boxd.it/2SuBo

terça-feira, 23 de abril de 2019

my (re)view: Se Esta Rua Falasse (If Beale Street Could Talk) . 2018


If Beale Street Could Talk, de Barry Jenkins

Barry Jenkins viu crescer todo o seu buzz quando em 2016 realiza Moonlight, uma abordagem bastante honesta e crua em torno da homossexualidade e as suas complexidades. Desta vez em If Beale Street Could Talk essa honestidade e dureza mantém-se, assim como a beleza e envolvência visual e emocional que este filme transmite e Jenkins tão bem a faz passar. Pensamos não saber onde ele nos vai levar, mas afinal não nos leva a um grande lugar e isso é bom. Mais importante que isso são todos os lugares especiais pelos quais vamos passando. Pode não ser um lugar melhor que o ponto de partida, mas temos esperança e acreditamos nele com todas as nossas forças. Torcemos pelo bem estar dos personagens e queremos que tudo corra bem. É esta a maior beleza deste filme, que acompanha a jornada apaixonada de um casal negro, os seus primeiros anos de vida em comum, contrastado com a desgraça perante o infortuno de nascer com o tom de pele errado. Há algo demasiado belo para ser transmitido em palavras e é isso que torna esta história tão bem sucedida. Vamos passando por várias facetas emocionais neste filme, entre as quais felicidade, paz, esperança mas também tristeza, raiva e revolta isto graças ao sentimento que os actores colocam nas suas personagens. Para além de marcar uma posição é um dos filmes mais românticos que já vi nos últimos tempos. Uma intensidade tal que é de partir o coração.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

segunda-feira, 22 de abril de 2019

my (re)view: Hellboy . 2019


Hellboy, de Neil Marshall

Por onde começar no meio de tanto desastre? Raramente me arrependo de gastar dinheiro num filme, pois para mim ir ao cinema nunca é dinheiro mal gasto. No entanto, arrependo-me de ter escolhido ver este filme. Depois dos dois filmes de Hellboy de Guillermo Del Toro, chega o reboot de Neil Marshall com David Harbour no papel que outrora pertenceu a Ron Perlman e sejamos honestos assentava melhor ao último. Com poucos minutos de filme, adivinhei logo no sacrifício que aquela sessão se ia tornar. O argumento é péssimo, cheio de falhas e confusão por todo o lado. O CGI é do pior que já se viu, nem nos primórdios dos efeitos especiais se viram efeitos tão mauzinhos. Diálogos mesmo muito fraquinhos, até eu sou capaz de escrever melhor. Safam-se algumas, muito poucas infelizmente, cenas divertidas, e a banda sonora. Mais uma daquelas ideias tristes que os estúdios gostam de concretizar. Quanto mais penso sobre ele fico ainda com mais dúvidas sobre a nota que dei, talvez até merecesse menos.

Classificação final: 1,5 estrelas em 5.

segunda-feira, 15 de abril de 2019

my (re)view: Shazam! . 2019


Shazam!, de David F. Sandberg

Muitos preferem evitar trailers e bem! Dizem que a curiosidade matou o gato e a mania que tenho de ver os trailers de todos os filmes pelos quais tenho mais interesse trama-me mais vezes do que me favorece. Para uma pessoa pouco conhecedora de comics a não ser aquilo que vê no cinema, Shazam! seria provavelmente algo parecido com o Deadpool da Marvel, talvez menos agressivo, mais light mas igualmente divertido que as abordagens anteriores no universo da DC. O trailer promete bastante, mas afinal todos os melhores momentos do filme estão no trailer, as melhores piadas e até alguns dos aspectos que poderiam ser mais reveladores. Desiludi-me por isso mesmo e o impacto não foi o mesmo, já para não falar de um vilão sem carisma algo que me espantou pois pensava que Mark Strong faria boa figura nesse papel. Coisa que também se pode dever a um argumento pouco cuidado, mais focado na parte cómica que no background da história. Não nego que me diverti a vê-lo, mas não passou muito disso. O elenco é gracioso e nomeadamente a dinâmica entre Zachary Levi e Jack Dylan Grazer é agradável de se ver. Fica um bocado aquém das expectativas, se é que ainda se pode colocar algum tipo de expectativas neste tipo de filme.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

domingo, 7 de abril de 2019

my (re)view: Nós (Us) . 2019


Us, de Jordan Peele

Disfarçado de filme acessível, Us finge ser apenas mais um filme de horror cujos seus significados estão bem escondidos debaixo do que vemos à superfície. Teorias múltiplas podem surgir desta história bem trabalhada onde uma família a aproveitar as férias de verão se depara uma noite com uma outra família fisicamente igual a si. O terror e a confusão instala-se e a viagem que nos espera tem tanto de curiosa como de aterradora e não estamos preparados para o seu desfecho. Jordan Peele tem o requinte de outros tempos naquilo que faz. Tempos em que o horror não eram só sustos e as temáticas eram mais inteligentes do que simplesmente gritos ou uma cena com sons estridentes, carradas de sangue e luzes apagadas. Com o seu primeiro filme Get Out, ele mostrou que a comédia e o horror podem ser compatíveis com muita qualidade. Em Us faz isso tudo elevado ao quadrado. Ele é mestre nos twists, suspense, referências e metáforas que ficam connosco muito para além do filme. Este vai ser sem dúvida alguma um dos grandes deste ano.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.