quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

my (re)view: Correio de Droga (The Mule)


The Mule, de Clint Eastwood

O cunho "realizado por Clint Eastwood" há muito que deixara de ser referência para mim. Curioso é que acabo por ver sempre o novo filme desta aclamada lenda de Hollywood, que nos últimos anos nada tem feito de especial para nos surpreender. Pois bem, desde Gran Torino que Clint Eastwood já não realizava algo tão bom. Mesmo sofrendo de alguns problemas de narrativa, momentos esperados e diálogos previsíveis, esta história sobre um reformado ex-combatente de guerra de 80 anos que mais ou menos por acaso acaba por se tornar correio de droga, tem bastante humor e acaba por nos oferecer o melhor que Eastwood nos poderia dar: a representação. A sua performance é a alma do filme, interpretando um homem cheio de amargura e arrependimento que tenta desculpar as más acções recorrentes sempre com uma atitude narcisista. Ao longo do filme ficamos cada vez mais rendidos por ele, algo que pensaríamos ser impossível tendo em conta o perfil do personagem e contrariando algumas criticas onde mais uma vez Eastwood é acusado de ser xenófobo e patriota, acho que pela primeira não senti isso dessa forma, pois essa mesma atitude é um reflexo das características evidentes do personagem. Apesar de ser baseado numa história verídica, devemos talvez olhar para o filme como uma sátira às habituais histórias do género pois não deixa de ser insólita. Bastante light e surpreendentemente divertido.

Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

my (re)view: À Porta da Eternidade (At Eternity's Gate)


At Eternity's Gate, de Julian Schnabel

"Sometimes I think maybe He chose the wrong time. Maybe God made me a painter for people who aren't born yet"

Focado apenas na fase final da vida de Vicent Van Gogh, At Eternity's Gate representa a época de maior produtividade criativa, mas também a mais negra da sua vida, tendo o filme como objectivo explorar a luta em torno da doença mental e como isso afectou os seus comportamentos e compulsividade a vários níveis. São muitos os momentos em que vemos as coisas sobre o ponto de vista do artista, os quais demonstram não só alguns dos seus demónios mas também as cores vibrantes e os seus futuros objectos de estudo existindo uma ligação muito forte aos seus rasgos de talento assim como às dúvidas constantes sobre o seu valor como criador de arte. Umas das cenas mais belas deste filme é protagonizada pelo próprio Van Gogh brilhantemente interpretado por Willem Dafoe e por Mads Mikkelsen interpretando um padre, onde ambos tentam compreender as motivações de um artista que não conseguiu triunfar durante o seu tempo. Dizem que os grandes génios da humanidade não obtém o reconhecimento em vida, Van Gogh é mais um desses casos. Já Julien Schnabel merece ser elogiado por ter realizado um trabalho que tanto absorve a alma do artista em conjunto com Willem Dafoe cujo o percurso de actor deveria ser mais vezes reconhecido e há mais tempo. Nunca é demais saber apreciar obras destas, biopics que ainda são capazes de arriscar sem seguir a linha comum de narrativa que os caracteriza.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.