sábado, 8 de junho de 2019

my (re)view: Chernobyl (minissérie) . 2019



É o assunto do momento e não é a toa que só se fala sobre a nova minissérie da HBO, Chernobyl. Para quem ainda não viu ou sabe pouco sobre o desastre nuclear ocorrido em Abril de 1986 na cidade de Prypiat na Ucrânia, esta série é não só, um excelente pedaço da História mundial sendo um retrato bastante preciso do que lá aconteceu, como é pormenorizada nas suas explicações sem ser exageradamente complexa a nível de linguagem. A estrutura da narrativa traça-nos imediatamente o futuro de um dos seus personagens principais ao qual não podíamos fugir, daí passamos ao momento da explosão na central nuclear de Chernobil e a partir daí fazemos automaticamente parte da fascinante explicação dos factos e da investigação que procura a todo o custo encontrar os porquês do desastre radioactivo em pleno estado da união soviética, opressor e injectando mentiras para encobrir os seus erros com o medo de fuga de informação para o resto do mundo. As peças do puzzle vão sendo cuidadosamente reveladas recorrendo a uma escrita inteligente e a momentos incríveis ao longo dos seus cinco episódios, não esquecendo o trabalho do excelente elenco de actores composto por Jared Harris, Stellan Skarsgard e Emily Watson, os dois primeiros interpretando Valery Legasov e Boris Shcherina, figuras verídicas decisivas na investigação do caso, assim como Ulyana Khomyuk personagem que simboliza o vasto número de cientistas que trabalharam em conjunto com os dois primeiros para chegar à verdade. O sentimento de terror e opressão característico da era soviética coloca-nos no lugar de cada um dos personagens e cada episódio transforma-se numa experiência e sentimos que estamos lá. Eu sabia o básico sobre o incidente e descobrir mais tarde cada detalhe e constatar que muito pouco do que vimos é ficcional e que coisas que podem parecer dramatizadas são totalmente reais é fascinante. E como é possível uma teia de mentiras sobre algo tão grave ser tão fascinante? Graças a anos de dedicação na pesquisa exaustiva, à estrutura da narrativa que foge a muito daquilo que costumamos ver neste tipo de série documental e à belíssima escrita de Craig Mazin, escritor, criador e produtor da série. Bastante sombrio por vezes até pesado de digerir, é quase como assistir a um filme de terror psicológico e digo isto no bom sentido. Há momentos memoráveis, quotes incríveis e sequências impecavelmente filmadas, crédito de Johan Renck realizador da série. Chernobyl é uma experiência que mexe connosco e nos intriga ainda mais depois de a termos terminado. Muito mais que um relato sobre o que de verdade se passou naquele dia trágico é uma incrível recriação do modo como o estado mantinha os seus interesses a cima da segurança do seu povo, promovendo um enorme circulo de mentiras sustentado também ele através do pensamento manipulador sobre os trabalhadores que verdadeiramente faziam crescer uma nação, mentiras que custaram uma enorme quantidade de vidas. Tudo isto faz com que Chernobyl seja brilhante e uma das melhores mini-séries (se não mesmo a melhor) de sempre.

Classificação final: 5 estrelas em 5.

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