quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Crítica: Caminhos da Floresta (Into the Woods) 2014


Data de Estreia: 01-01-2015

Rob Marshall o conhecido coreografo e realizador vencedor de um Oscar em 2002 com Chicago, traz agora ao grande ecrã mais um musical. Caminhos da Floresta, baseado no musical da Broadway de Stephen Sondheim com o mesmo nome, é passado num mundo de Contos de Fadas dos Irmãos Grimm, onde alguns dos seus contos se cruzam com a trama principal da história que envolve um casal sem filhos, amaldiçoado por uma bruxa vingativa.

Com uma boa e energética introdução, consegue apresentar uma certa lógica quando liga numa só história um leque de personagens de contos de fadas, como Capuchinho Vermelho, Cinderela ou Rapunzel, e durante a primeira hora de filme tem a capacidade de nos entreter e prender através de uma boa dinâmica, canções divertidas e algum humor negro à mistura. O problema é que tudo o que até à altura era capaz de ser interessante se perde no meio de um enredo trapalhão, onde aos poucos nos cansamos dos personagens que vão deixando de ter o mesmo interesse a partir do momento em que as suas histórias individuais mudam consoante elementos adicionais, que não fazem parte daquilo que sabemos sobre cada uma das histórias.

Emily Blunt e James Corden conseguem demonstrar uma boa química enquanto casal, mas o seu desespero de não poder ter filhos não é profundamente analisado. Chris Pine, como Principe Encantado, consegue roubar o protagonismo em todas as suas cenas, numa performance bastante divertida, talvez a melhor do filme. Johnny Depp, tem pouquissimo tempo de ecrã e não mostra nada de especial. Meryl Streep, não desaponta numa performance honesta. Os dotes vocais de todo o elenco são notórios e há alguns bons momentos de cantoria, divertidos e também emocionalmente poderosos. 

No que toca a aspectos técnicos, nada há a apontar. Cenários, guarda roupa, caracterização e cinematografia bastante bem conseguidos. Visualmente, muito luminoso e ao mesmo tempo sombrio, transparece aquilo que a "Floresta" faz a todos que por ela passam. O que tem de bonito, também tem de mau e sinistro. Mas enquanto o realizador se perdia com efeitos especiais os personagens não exploram a cem por cento todas as suas emoções.

Parece que está na moda fazer adaptações, reinventando histórias bem conhecidas do público, com finais alternativos, diferentes daquilo que estariamos à espera. O final não usual neste tipo de história poderá não ser uma mais valia, mas acredito que mesmo assim será capaz de agradar a muitos.

Caminhos da Floresta acaba por ser inconsistente, perante uma história demasiado longa onde o interesse pelos personagens se perde. Entre muitos altos e baixos, a magia vai-se perdendo gradualmente.









Classificação final: 2,5 estrelas em 5.

7 comentários:

  1. Vi e não gostei... há tempos que não via um filme tão mau. Como musical ainda podia escapar, mas a história, se é que se pode chamar assim, é uma salada... A Disney parece querer continuar a difundir os antivalores, como em Maléfica no ano anterior.

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    1. Concordo plenamente com tudo o que disseste. Também não gostei do Maléfica e acho que a Disney não está a optar pelos melhores caminhos. Esta coisa dos live-actions não está a resultar muito bem. Daqui a uns meses temos já aí outro, o Cinderela, resta saber se também será mais um desastre... Esperemos para ver.

      Obrigada pelo comentário ;)

      (Peço desculpa pela resposta tardia)

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  2. Filme muito ruim. Pior filme da Disney que eu assisti. História ridícula, fim sem nexo, enredo idiota. Não recomendo.

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    1. Mas parece que a Disney está mesmo decidida em continuar com estes live-action. E a verdade é que mesmo sendo maus, as receitas de bilheteira são sempre enormes.

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  4. É impressionante como uma mesma obra de arte pode causar efeitos tão antagônicos nas pessoas. Particularmente, gostei muito do filme, como já gostava demais da peça. A direção de arte é magnífica e os arranjos musicais (Jonathan Tunic e Paul Geminiani, colaboradores de Sondheim desde os anos 60) dão ainda mais grandiosidade à partitura original. Bomba pra mim foi a catástrofe que Tim Burton fez de Sweeney Todd, outra masterpiece teatral de Sondheim. Escrita nos anos 80, portanto muito antes desta onda de reinterpretação dos contos de fadas, Into the Woods fala, na verdade, sobre os ritos de passagem da alma humana. Do que se deseja ao que se alcança, da infância à vida adulta, da ilusão da fantasia ao choque da realidade. De como criar seus filhos, do que dizer a eles, de tentar protege-los do mundo. Que aliás é o que tenta fazer A Bruxa com sua filha adotiva Rapunzel. À principio uma vingança que se transformou num laço de afeto. A superproteção de uma mãe insegura. O final desta mesma Bruxa se dá quando ela resolve assumir todas as culpas das personagens ditas "inocentes" na história e assim, num misto de cólera e auto sacrifício, implode-se diante de todos. Embrenhar-se nos caminhos da floresta, significa mergulhar no desconhecido, de onde se pode retirar uma série de novas experiências. Aprendizado, crescimento, amor, mas também tristeza, penar e morte. Não é um musical fácil onde as músicas são apenas acessórios da história, mas sim, parte integrante dela. É o estilo do autor. O que se canta são os diálogos do filme. Se não gosta desta linguagem, melhor não ir ao cinema. Aliás, recomenda-se a qualquer pessoa informar-se sempre do estilo que vai assistir antes de entrar no cinema. Pensei que isto fosse bastante óbvio, mas pelos comentários, percebo não ser. Com algumas poucas diferenças do texto da peça, Into The Woods para mim ainda é uma obra inquietante. Daquelas coisas que só serão reconhecidas talvez daqui a alguns anos ou décadas. Não seria a primeira vez, nem a ultima no mundo das artes.
    Maysa Guillen (Brasil)

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