sábado, 11 de fevereiro de 2017

Crítica: Jackie . 2016


Jacqueline Kennedy é quase uma figura mitológica do século XX. Muito se tem especulado acerca da sua figura, mas a verdade é que nunca tinha sido profundamente explorada no cinema anteriormente, comparando com as vezes que John F. Kennedy o foi. Infelizmente ainda não é desta que podemos ficar plenamente satisfeitos, pois estamos perante um filme bastante inconstante, mas curiosamente recheado de alguns momentos brilhantes. Um filme do qual queremos mesmo gostar, mas cujos erros se tornam difíceis de ignorar.

Aqui percorremos os três dias mais trágicos da vida da eterna viúva dos Estados Unidos. O dia em que o Presidente John F. Kennedy é assassinado em Dallas, no Texas, e os dias que se seguiram. Pelo meio estão representados através de flashbacks estes e outros momentos da sua vida, enquanto Jackie (Natalie Portman) é entrevistada no presente por Theodore H. White (Billy Crudup), um jornalista que pretende fazer um artigo sobre a sua dramática experiência para a revista Life. Existirá sempre um enorme fascínio por uma das figuras mais emblemáticas da história dos EUA, não só pelos escândalos associados à sua vida matrimonial, mas também pela curiosidade constante que continua a existir sobre a verdadeira Jackie por detrás do mito e da ideia da perfeita dona de casa americana, respeitadora e braço direito do marido em qualquer circunstancia. 

Sejamos honestos, comparando o famoso video da tour pela White House, a performance de Natalie Portman assemelha-se muito ao que ali vemos e ao jeito como Jackie ali se apresentou, mas o mais frustrante de tudo, é a forma como uma boa actriz como Natalie se deixa arrastar até uma interpretação forçada que por vezes deixa de ser natural e chega a ser irritante de tanto maneirismo exagerado que tem. A recriação de cenários é impecável, mas o contexto histórico em que se inserem é um pouco vago e apenas aqueles que realmente estão familiarizados com estes momentos na história em particular, não se vão sentir perdidos. Existem cenas absolutamente incríveis no filme, momentos que se destacam pela excelente forma como Pablo Larraín as filma, mas estas são apenas pequenas gotas no meio do vasto oceano que é Jackie. A imagem de uma primeira dama frágil e infeliz nem sempre é bem ilustrada, e a empatia que criamos não é a mais forte, pois a profundidade e a angustia de Jackie parecem andar apenas perdidas na imensidão das gigantes divisões da Casa Branca. Todas as performances secundárias quase nem faziam sentido existir e infelizmente vemos alguém como Peter Skarsgard a ser totalmente desperdiçado.

Pensava que esta seria a grande oportunidade de mergulharmos na tristeza imensa da história de Jacqueline Kennedy sob o seu ponto de vista, mas a verdade é que sabe a pouco e Jackie continua a ser apenas a sombra de John F. Kennedy. Era suposto ser um filme sobre uma mulher num enorme estado de vulnerabilidade, mas acaba por ser ele mesmo vulnerável no seu todo.

Classificação final: 2,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 09.02.2017

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