quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Crítica: Vedações (Fences) . 2016


Directamente dos palcos da Broadway para o cinema, Denzel Washington toma pela terceira vez o lugar de realizador, revivendo também o mesmo papel de protagonista que interpretou em 2010 na peça que dá agora origem a esta versão cinematográfica, Vedações, adaptada da peça do premiado dramaturgo August Wilson.

Algures durante os anos 50, Troy (Denzel Washington) é um homem de meia idade que luta diariamente para tentar proporcionar à sua mulher Rose (Viola Davis) e ao seu filho Cory (Jovan Adepo) o melhor que a vida lhe permite. Troy vive preso ao passado, tendo dificuldade em assumir as suas frustrações, quando revoltado se recorda dos tempos que era um bom jogador de baseball, mas a cor da sua pele o impediu de avançar na carreira e ter uma vida estável. Agora que o filho tem a oportunidade de seguir as suas pisadas, podendo aceitar uma bolsa como jogador de futebol na liga escolar, Troy impede-o de o fazer, não só com medo que a discriminação racial lhe trave um caminho de sucesso que também podia ter conseguido, mas também pelo sentimento de inveja que lhe é impossível esconder. A pedido de Rose, Troy está encarregue de construir uma vedação em torno da casa da família, que tem como principal objectivo de manter afastadas as coisas que não pertencem ao lar, do lado de fora. Mas esta vedação tem um significado emocional muito maior do que aquilo que aparentemente podemos pensar.


Este é claramente um texto dramaturgo, adaptado ao cinema da forma mais fiel possível, prestando atenção ao timing de cada palavra dos personagens assim como a cada movimento e interacção com os objectos e espaços. A principio estranha-se, mas depois entranha-se, mas mesmo assim existem momentos em que o formato se torna mais complicado de consentir. As performances de todos os actores são de salientar, destacando-se a emotiva presença de Viola Davis e Denzel Washington, que regressa aos bons textos colocando todo o seu potencial de grande actor. Com um enorme conteúdo sobre as diferenças raciais e sobre o humilde estilo de vida das comunidades minoritárias e seus comportamentos perante a vida, Vedações está repleto de diálogos fortes, ricos em questões particulares de uma América de outrora. Se por um lado o conteúdo emocional é grande e o que conta é o peso que os diálogos têm, por outro o fraco desenvolvimento de personagens é algo que o enfraquece, nunca chegando a existir muito tempo para dedicar a cada um deles.

Denzel Washington apresenta um bom trabalho, mas não tão grandioso como aparentava ser. Acredito que esta será uma narrativa que resulta extraordinariamente em palco, e isso percebe-se ao vermos este filme, pois quase que se assume como isso mesmo, uma exibição teatral filmada.

Classificação final: 3,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 23.02.2017

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