sábado, 16 de maio de 2015

Mad Max | A trilogia

   

Nascido na cidade de Chincilla, Austrália em 1945, George Miller o rapaz que estudou medicina e se apaixonou pelo mundo do cinema durante o último ano do curso, estaria longe de imaginar que as terras desoladas onde seguimos Max Rockatansky se tornariam algo de culto e seriam admiradas ao longo dos tempos, não só pelo público mas também por artistas e realizadores de grande nome, que ainda hoje se inspiram na sua obra.

Baseado no roteiro que George Miller escreveu em parceria com James McCausland em 1975, Miller teria a sua estreia como realizador em 1979 (agora também com Byron Kennedy abordo) com Mad Max que viria a tornar-se um sucesso internacional, dando origem às duas sequelas Mad Max 2: The Road Warrior e Mad Max: Beyond Thunderdome. Toda a criatividade e ênfase dado a este mundo apocalíptico, pós-apocalíptico e distopico abordando temas de grande importância social, marcou de imediato a sua carreira, gerando admiradores por toda a parte até aos dias de hoje. 

George Miller e Mel Gibson on set | Mad Max: The Road Warrior

Mad Max (1979) ★★★½

Num futuro não muito distante, uma sociedade à beira da rotura, cheia de ódio, vingança e sede de poder, gangs de motociclistas atormentam a pacata vida daqueles que tentam sobreviver da melhor forma e a força policial tenta fazer de tudo para manter a ordem. Um jovem policia que dá pelo nome de Max Rockatansky (Mel Gibson) vê-se envolvido numa perseguição de alta velocidade na busca de Nightrider, um membro de um desses gangs. Após a morte do mesmo, Toecutter (Hugh Keays-Byrne) um dos lideres do gang inicia uma onda de violência aterrorizando toda a população, roubando combustível por onde passa. 

Com uma atmosfera intimidante, banda sonora intrigante e performances tão boas de tão loucas, estranhas e assustadoras que são, Mad Max viria a marcar a diferença em todos os aspectos. O primeiro filme é o mais sombrio de todos, com um ritmo mais lento, mas importantíssimo para o desenvolvimento e profundidade do personagem Max. Este seria o inicio de uma obra que nos dava um olhar sobre o mundo duro e cruel onde o ser humano é capaz de cometer coisas horríveis para atingir os seus fins. O aspecto de sobrevivência e busca pela igualdade tem também uma enorme importância, e subtilmente a sociedade que bem conhecemos é demonstrada através de cenas meio loucas mas bastante efectivas. 

Os veículos são um dos aspectos mais importantes do filme, não só neste mas em toda a franquia, responsáveis por cenas memoráveis, contribuindo em grande parte para o factor entretenimento e sendo a essência da designação recorrente aos filmes como "doses de pura adrenalina".

Este foi definitivamente o grande lançamento da carreira de Mel Gibson até então desconhecido do grande público e até 1998 Mad Max constava no livro do Guiness World Records como o filme com o maior retorno na história do cinema, arrecadando mais de 100 milhões nas bilheteiras por todo o mundo, tendo tido apenas um custo de 400 mil. 


Mad Max 2: The Road Warrior (1981) ★★★★

Seguindo um caminho solitário, Max resiste num mundo em constante decadência. No inicio do filme vemos algumas imagens que demonstram o agonizante e perverso sitio em que o mundo se foi tornando. O petróleo é agora o bem mais precioso de todos e é o causador de grande violência, lutas e mortes entre grupos e tribos que o usam como objecto de troca. Desta vez, Max enfrenta um novo gang liderado pelo alucinado Wez (Vernon Wells), ao comando do imponente vilão Lord Humungos (Kjell Nilsson). Mais perseguições, mais acção, mais violência. Max é visto aqui como um herói e toda a sua postura demonstra isso. Homem de poucas palavras, mas de acção, não tendo nada a perder.

Aqui as motivações de Max já estão bem definidas, e apesar de toda a substância e essência do filme se manter presente em vários momentos o seu estilo é mais marcante, mais cool com um ritmo mais frenético. Os originais veículos tornam-se bastante marcantes e as coreografias são realmente fantásticas. Mais detalhes e elementos entram em cena, contribuindo ainda mais para a originalidade deste vibrante e curioso universo.

Passado 2 anos desde a sua estreia no cinema, há um progresso notório no trabalho de Miller, num filme de maior orçamento, graças a múltiplas ofertas de Hollywood após o sucesso de Mad Max, o que veio contribuir imenso para a melhoria de efeitos especiais, veículos utilizados, figurinos e cenários, algo estritamente necessário para criar o universo que Miller tão bem conseguiu reproduzir. Mad Max 2: The Road Warrior é a prova de que as sequelas podem ser tão boas, ou até melhores, do que o primeiro filme.


Mad Max: Beyond Thunderdome (1985) ★★★

Bem, nem tudo pode ser perfeito... Não é que Beyond Thunderdome seja um filme terrível, mas fica um pouco aquém do nível dos dois anteriores, talvez devido à drástica mudança de atmosfera que o fazem parecer mais com uma aventura da Disney do que com um filme que suporta consigo o legado dos anteriores. Apesar disso, não deixa de ter a sua importância e podemos olhar para ele como um conceito diferente dentro deste universo. 

Passado 15 anos de ter defrontado Lord Humungos, Max atravessa agora os grandes desertos Australianos. É atacado, roubado, vê-se obrigado a continuar o caminho a pé, chegando até à cidade de Bartertown, liderada pela tirana Aunty Entity (Tina Turner). Depois de uma curta estadia Max é encontrado à beira da morte por um grupo de meninos perdidos vitimas de um acidente de avião, deixadas pelos seus pais que partiram para encontrar a civilização. Eles resgatam Max, pensando que este se trata do capitão do avião que os irá guiar de volta à civilização.

Algumas das coisas que mais me incomodam são o facto de Tina Turner não ser uma vilã tão carismática como os dos filmes anteriores. Ela não consegue transparecer o factor creepy e alucinado dos outros vilões da franquia. A segunda metade do filme entra numa certa monotonia, assim que Max entra na vila dos meninos perdidos - onde a tribo de miúdos mais parece ter saído directamente de um filme de Peter Pan - o ritmo mais lento faz com que haja uma quebra entre esta e a primeira parte da história, como se tivessemos começado a ver um filme totalmente diferente. 

Os melhores momentos do filme acontecem apenas nos últimos 20/30 minutos onde são trazidas à memória as sequências de estrada de The Road Warrior. Finalmente assistimos a uma perseguição digna de "Mad Max" com as habituais acrobacias entre veículos loucos... Mas sabe a pouco. Não deixa de ser também um filme criativo, onde Miller mostra outro tipo de coisas dentro deste imaginário, coisas até então nunca exploradas, mas a falta de energia, personagens mais carismáticos e o contraste entre Bartertown e a vila das crianças perdidas parece ser um pouco inconsistente. Apesar disso, quando chegamos ao final Miller é absolutamente capaz de nos passar a mensagem e o caminho que seguimos até ali acaba por fazer sentido.


Passados 30 anos desde o último filme Mad Max, aos 70 anos de idade, George Miller regressa a este mundo distópico da melhor maneira possível. Mad Max: Fury Road faz renascer toda a atmosfera e estilo característicos do franchise com a modernidade tecnológica a que os tempos obrigam, mas com uma enorme lealdade e criatividade única, fiel ao universo que Miller criou há mais ou menos 40 anos atrás quando resolveu escrever o primeiro filme em 1975. Depois da sua estreia - e para nossa alegria - já se fala num suposto quinto filme. O mundo do cinema agradece!


Podem ler a minha opinião sobre o fantástico novo filme de Miller aqui: Mad Max: Fury Road 

2 comentários:

  1. Achei o clássico de 1979 o melhor.

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    1. É sem dúvida muito envolvente com um ambiente sinistro, mas bom! Mas o meu preferido acaba mesmo por ser o segundo :)

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