quarta-feira, 16 de agosto de 2017

flash review : Chuck . 2017


Chuck, de Philippe Falardeau (2017)

Gosto de um bom filme sobre pugilismo. Este estava na minha mira desde o final do ano passado, mas a falta de divulgação fez com que passasse despercebido. Na verdade, não é só esse o seu problema, porque afinal não passa de uma desilusão. Este é o filme sobre o homem por detrás dos filmes Rocky, a verdadeira inspiração de Sylvester Stallone, mas o pobre argumento e a falta de conteúdo - acontece tudo muito rápido, tão rápido que quase que falta lógica à maior parte dos acontecimentos cujo desenvolvimento é nulo - fazem com que Liev Shreiber não tivesse bom material com que trabalhar, num dos que poderiam ter sido dos grandes filmes da sua carreira. Descuidado e sem se preocupar realmente com os factos, todo o filme segue o mesmo caminho e história do seu protagonista, vive à custa do fenómeno Rocky, quando na realidade seria ele o verdadeiro motivo para tal fenómeno. Fica muito aquém de fazer jus a isso mesmo, não conseguindo demonstrar aquele espírito triunfante que se espera em algo do género. Uma tentativa de cópia de outros grandes filmes que abordam temas semelhantes, nomeadamente do cinema de Scorsese.

Classificação final: ★★½

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

flash review : Una . 2017


Una, de Benedict Andrews (2017)

Um intrigante e intenso thriller sobre os horrores da pedofilia. As performances de Rooney Mara e Ben Mendelsohn são bastante intrigantes e em conjunto com um constante ambiente sombrio, fazem com que a história de uma menina de treze anos, abusada sexualmente pelo vizinho ganhem outra credibilidade. O filme é todo ele sustentado por diálogos fluídos acompanhados de alguns flashbacks que nunca revelam demasiado, entre-calados com o confronto constante entre os dois personagens. Chegamos ao fim sem grandes conclusões sobre como realmente tudo aconteceu, mas ficamos com a certeza de que Una vive presa a um passado ainda bem presente, assim como o seu agressor. Um conto sobre os fantasmas de uma infância destruída e de uma mulher que nunca deixou de ser menina.

Classificação final: ★★★½
Trailer: https://youtu.be/UgiN35SC-hM 

domingo, 6 de agosto de 2017

Crítica: Baby Driver: Alta Velociodade (Baby Driver) . 2017


Hollywood precisa de Edgar Wright. Depois de cultivar durante vinte anos a ideia de fazer um filme sobre perseguições de carros sincronizadas musicalmente, nasceu este inspirado e energético baby. Independentemente do género, dá gosto ver um filme onde todos os elementos vivem em perfeita harmonia. Aqui as palavras e as acções ganham muito mais estilo ao som-de-um-bom-som, capaz de transformar as imagens em música para os nossos ouvidos. Divertido, repleto de acção e acima de tudo diferente, Baby Driver entra nos pelos olhos e pelos ouvidos adentro.

Baby (Ansel Elgort) é um jovem muito especial. Recatado e de poucas palavras, tem altas competências a nível da condução, que trabalha para Doc (Kevin Spacey) um grande criminoso da cidade de Atlanta, que requisita os seus serviços para o ajudar na fuga de múltiplos assaltos dos vários grupos de gangs com os quais faz parcerias. Mas logo percebemos que Baby destoa completamente dos requisitos do frio mundo do crime e não vê a hora de poder deixar este trabalho, ao qual se vê obrigado a comparecer até saldar a divida que tem para com Doc. A grande particularidade do seu trabalho, é o facto de não ser capaz de conduzir sem música. Prestes a participar no último assalto, Baby apaixona-se por Debbie (Lily James) e percebe que têm mesmo que tomar outro rumo na vida.

domingo, 30 de julho de 2017

CINEPHILIA | Mary Poppins (1964)


“Supercalifragilisticexpialidocious!” – Muitos poderão nunca ter visto Mary Poppins, mas todos vão saber de onde surgiu a palavra, que em jeito de canção, serve para expressar algo que não conseguimos descrever!

Em 1964, Robert Stevenson transportava para o grande ecrã a magia dos livros de P. L. Travers, transformando a simples mas adorável figura de Mary Poppins numa das mais importantes e emblemáticas personagens de filmes da Disney e num dos musicais mais conhecidos de todos os tempos. Aqui a inocência e alegria de ser criança tem um encanto muito especial e a fantasia se mistura com a realidade, deixando cada um de nos com um sorriso no rosto. Através de canções que ficam no ouvido, a magia de ser criança é encantadora, muito divertida e o positivismo é sempre uma constante.

Mr. Banks (David Tomlinson) é banqueiro em Londres e pai de Jane e Michael, dois miúdos irrequietos que não conseguem manter uma ama por muito tempo. Mary Poppins (Julie Andrews), uma ama com poderes mágicos está disposta a mudar isso, e em conjunto com o seu velho amigo Bert (Dick Van Dyke) vai mudar a vida daquela família, com muita diversão, muita musica e imaginação.

Apesar de sempre ter tido um grande peso na historia dos clássicos musicais de Hollywood, Mary Poppins ganha todo um novo significado, quando descobrimos mais sobre o filme e sobre a dificuldade que Walt Disney teve para poder transporta-lo para o cinema. Misturando animação com imagem real, através de uma história simples cheia de coração, esta simpática obra faz algo marcante para a época em termos visuais, destacando-se ainda nos dias de hoje não só por isso, mas também pela doçura e valor como filme de entretenimento familiar.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Crítica: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas (Valerian and the City of a Thousand Planets) . 2017


What a fun ride! Para quem achava que lhe ia sair totalmente o tiro pela culatra, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é uma agradável surpresa que nos transporta para dentro de um universo extravagante, cujo o objectivo principal é entreter. Não se enganem, pois não será nada mais. Desprovido de grande intelectualidade e até brincando demasiado com a parte sentimental da coisa, Luc Besson continua a teimar enveredar por caminhos apertados, caminhos esses que o impedem de obter os resultados necessários. No entanto Valerian destaca-se pela capacidade de entreter o espectador utilizando uma dinâmica aceitável durante um pouco mais de duas horas de filme.

Em pleno século XXVIII, Valerian (Dane DeHaan) e Laureline (Cara Delevingne) são agentes da unidade de humanos da policia espacial, que em tempos pacíficos e de harmonia vivem numa galáxia que aprendeu a viver consoante as diferentes culturas e conhecimentos dos habitantes de múltiplos planetas. Valerian tem um sonho estranho sobre um planeta desconhecido, onde habitantes de uma raça desconhecida extraem pérolas que contém energia e usam uma espécie animal para as multiplicar. Nesse sonho o planeta é completamente dizimado. Valerian e Laureline recebem então uma missão, cujo objectivo é recolher em segurança um desses mesmos animais que Valerian vislumbrou no seu sonho e para o fazer terão de o resgatar de um dealer do mercado negro.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Crítica: Dunkirk . 2017


Perante a inércia daqueles que se viram encurralados pelos horrores da Segunda Grande Guerra, Christopher Nolan representa o lado bárbaro da mais dolorosa fase da história da humanidade. Dunkirk é para uns pouco fiel, para outros uma obra prima do cinema, para mim um filme com a sua importância que tanto conta com momentos absolutamente gloriosos, como com falhas difíceis de ultrapassar para quem o visiona.

Escrito e realizado por Christopher Nolan, Dunkirk relata acontecimentos passados naquela que foi intitulada como a Batalha de Dunquerque onde soldados britânicos e franceses ficaram encurralados no nordeste da França, pelas forças Alemãs durante a Segunda Guerra Mundial. Cercados por todos os lados, na costa francesa e sem grande escapatória, aqueles que lá se encontravam temiam o pior e já davam a batalha como vencida, quando para espanto de todos um número considerável de pequenos barcos e navios privados ajudaram no resgate a mais de 300.000 homens das praias de Dunquerque ao longo de todo o canal, acabando por ser tão importante no sucesso do resgate desses homens como os grandes navios da marinha. Uma demonstração de solidariedade por parte do povo britânico que viria a marcar de forma significativa o papel do cidadão comum durante a guerra.

Como fã de filmes de guerra, acho que a parte técnica é fulcral num filme do género, mas aqui essa parte sobrepõe-se ao resto. A dificuldade é tentar perceber se essa era realmente a intenção. O facto de ser tão bom a nível técnico acaba por nos fazer sentir um pouco dentro do filme, titular de uma sonoplastia fantástica e de uma ensurdecedora banda sonora de Hans Zimmer, que trabalha lado a lado com Nolan, na construção dos acontecimentos que são apresentados de forma visual sublime, com planos incríveis quer seja em terra, no mar ou no ar. Uma das coisas que considero mais interessantes é o facto de nunca vermos o inimigo. Algo que raramente (ou nunca) é feito em filmes do género e só por aí lhe atribuo uns pontos extra, pois a tensão também se constrói muito em parte por causa disso, retratando a constante insegurança e impotência do que é estar na pele de alguém que se encontra completamente desorientado perante aquele cenário. Enquanto Nolan preferiu apostar mais nesse lado, desprovendo os personagens de laços de emotividade, (quem sabe propositadamente, generalizando, para demonstrar que todos somos iguais perante situações de sobrevivência) seria bom tê-los vistos um pouco mais desenvolvidos, nem que fosse na partilha de experiências de guerra ali passadas. A verdade é que os personagens principais não conseguem ser capazes de criar grande empatia com a audiência (mau casting talvez!?), mas a força das imagens, combinadas com o som, e o medo do desconhecido, provocou em mim um nervoso miudinho, nem que fosse pelo lado humano do retrato de angustia das circunstâncias retratadas.