sexta-feira, 4 de julho de 2014

Crítica: Locke (2014)


Um homem e o seu carro. O nome desse homem é Ivan Locke, um chefe de construção de obras. A sua vida vai mudar completamente durante uma hora e meia de viagem no seu carro enquanto fala com várias pessoas ao telefone via bluetooth. Logo no inicio descobrimos o destino dessa viagem e ao longo do filme seguimos e percebemos os problemas deste homem. 

Tom Hardy é um actor de excelência por isso, mesmo antes de ver o filme já sabia que daria tudo dele, como ele sempre faz. Este filme não é exactamente um monólogo, mas está próximo disso já que o único personagem que vemos é o de Hardy. Ele transmite sempre as suas emoções da forma certa, não importa a dificuldade do papel, e este papel foi trabalho árduo. Ele tem a capacidade de nos manter interessados ​​e usando a tensão e o desespero certos. Realmente sentimo-nos conectados com Ivan Locke. Tom Hardy precisa de mais elogios do que normalmente recebe, tão subestimado e tão bom! 

O filme é definitivamente bom, mas não vemos o que ele nos vende no trailer. Para mim foi um drama sólido e não um thriller emocionante. Assistimos a um homem que tenta fazer a coisa certa. Contra o que o seu coração quer, na sua cabeça ele acredita que precisa assumir um erro para não ser assombrado por fantasmas do passado que o levam às recordações menos felizes de sua infância e adolescência. Outra coisa que me incomodou na história foi o facto do escritor (que também é o realizador deste filme, Steve Knight) ter insistido muito sobre o que eu vou chamar de "conversa de betão". Eu percebo que o realizador queira provar que Ivan Locke é um apaixonado pelo seu trabalho e não só, uma vez que o betão é usado em fundações de edifícios e vamos entender a um certo ponto da história, porque é que a "base de uma estrutura" é uma chave muito importante e a metáfora do filme e também porque é que Locke é tão obcecado com isso. Apesar do significado que possa ter, senti que não era necessário tanta insistência nesse aspecto.

A melhor coisa sobre o filme (para além da performance de Tom Hardy) é o fato de que, além de se preocupar com o personagem principal e o único que vemos o filme fez-me preocupar com todos os outros personagens e nunca os vemos! Sentimos as suas emoções só através das suas vozes e isso foi muito bom. 

Locke é sem dúvida um filme diferente, com uma cinematografia e edição interessantes. Fazer um filme apenas dentro de um carro, numa auto-estrada não é uma coisa fácil de fazer e nem mesmo por causa disso sentimos menos energia, mas a trama enganosa pode ser a nossa maior decepção.

Locke estreou no passado dia 26 de Junho e está em exibição nas nossas salas de Cinema, mas infelizmente em muito poucas... O grande problema da maioria dos filmes independentes, que lá por o serem não quer dizer que sejam menos bons!




Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

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