domingo, 3 de abril de 2016

Crítica: Mergulho Profundo (A Bigger Splash) . 2015


Calor, mistério, desejo e uma dose de muito estilo, assim é Mergulho Profundo, um thriller recheado de erotismo, inspirado no filme La Piscine de 1969, e realizado por Luca Guadagnino. Aqui damos um mergulho profundo não só na belíssima Itália da costa Siciliana, mas também na teia de interesses e sentimentos dos quatro peculiares protagonistas.

Marianne Lane (Tilda Swinton) é uma estrela de rock famosa que se encontra refugiada com o seu namorado Paul (Matthias Schoenaerts) num recanto italiano paradisíaco que dá pelo nome Pantelleria. A fazer uma pausa do mundo frenético de artista de palcos e a recuperar de uma cirurgia às cordas vocais, Marianne contenta-se apenas a passar os dias literalmente a desfrutar dos prazeres da vida. Eis quando o seu ex-namorado Harry (Ralph Fiennes), um produtor musical, longe de ser modesto e muito exibicionista, aparece de surpresa e trás consigo a provocadora filha Penelope (Dakota Johnson) para passar uns dias com os amigos. Aquilo que parecia ser apenas uma visita inesperada mas agradável, transforma-se numa série de acontecimentos inconvenientes, que acabariam por tomar proporções catastróficas.


É com glamour e algum humor que vamos entrando nesta história, onde a tensão sexual é uma constante durante todo o filme, e todo o charme nele contido é o suficiente para se tornar absolutamente misterioso e envolvente. Sabemos o essencial sobre os personagens e um pouco sobre o seu passado, mas para o que é pretendido focar, o que vamos vendo em flashbacks no decorrer dos acontecimentos é o suficiente para percebermos o porquê de se estarem a passar. Sem querer desvendar de uma vez só as frustrações, medos e até virtudes de cada um dos personagens, vamos descobrindo a cada cena mais sobre cada um deles e o interesse é continuo. Para além da sua elegante cinematografia, existem algumas cenas de brilhante execução, que transmitem muito mais do que aquilo que aparentemente estamos a ver. Guadagnino obriga-nos a observar para lá daquilo que aparentemente nos está a dar, o que torna tudo isto muito mais interessante e detalhado. As performances são certamente marcantes, mas é a atitude tresloucada e quase que hiperactiva de Ralph Fiennes em conjunto com a esplêndida e harmoniosa Tilda Swinton numa interpretação muito mais física que falada, que colocam aqui um brilho ainda mais especial.

É em torno de uma piscina que os assuntos mais pertinentes parecem ser abordados, e diante dela se encontram verdades escondidas. Mergulho Profundo é um encanto, não só visual, mas também em substância, que nos diz muito sobre comportamentos humanos e sociais.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

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