World Trace Center | Oliver Stone | 2006 |
Artigo presente na 38ª Edição (New York City) da
Os trágicos eventos de 11 de Setembro de 2001 afectaram de
forma intensa não só o mundo, mas também a indústria cinematográfica norte-americana.
Não nos podemos esquecer que o cinema também é o espelho da sociedade, e toda a
insegurança e medo do desconhecido, do imprevisível, e de alguma forma medo de
uma suposta força do mal que vem para aterrorizar aqueles que são inocentes é
algo que passou a ser bastante retratado das mais variadas maneiras. Desde
então o terrorismo está presente no cinema de Hollywood, especialmente em
filmes passados na cidade de Nova Iorque, onde é raríssimo não haver nem que
seja uma só referência aos ataques às Torres Gémeas.
Logo depois da tragédia alguns documentários sobre os ataques
terroristas começam a ser feitos, mas só passados 5 anos é que os estúdios
lançam dois filmes que relatam os eventos baseados nos factos verídicos passados
naquela terrível manhã - parece ter havido um certo período de luto que foi
respeitado por Hollywood - o primeiro é United
93, de Paul Greengrass, que homenageia e mostra o horrível drama dos
passageiros do voo 93 da United Airlines, sequestrado durante os ataques e que
teria como efeito atingir a Casa Branca. O único dos quatro aviões que não
conseguiu chegar ao alvo pretendido graças à coragem dos seus passageiros. O
outro é World Trace Center, de
Oliver Stone, que nos dá uma perspectiva do que aconteceu dentro das Torres,
seguindo o trabalho de uma de milhares de corporações de bombeiros que
trabalhou na operação de resgate naquele dia.
Alguns desses filmes lidam com o aspecto da perda individual,
de apenas um membro da família. Reign
Over Me, Remember Me ou Extremely Loud and Incredibily Close,
são bons exemplos em que conseguimos perceber o impacto emocional pretendido,
especialmente em todos aqueles que perderam alguém na tragédia, mas não só,
eles pretendem passar ao mundo o trauma e dor vivido pelos americanos durante o
período que se seguiu.
Remember Me | Allen Coulter | 2010 |
Uma
América em constante alerta e o enorme patriotismo fazem-se também sentir principalmente
em vários filmes de guerra (retractando a Segunda Guerra do Afeganistão que
teve inicio no mesmo ano dos ataques) onde militares arriscaram a sua vida em
missões para capturar Osama Bin Laden e continuam a arriscar-se até aos dias de
hoje, naquela que os americanos chamam de luta contra o terrorismo. Vistos como
heróis por todo o povo americano, estes homens e mulheres servem de personagens
(muitas das vezes baseados em pessoas reais e os seus feitos) para mostrar
através do grande ecrã, toda a coragem, mas usados como um género de propaganda
a favor da guerra, coisa que muitas vezes é bastante criticada pelo mundo fora.
Estes filmes de guerra são por norma os mais controversos, veja-se o exemplo
mais recente filme de Clint Eastwood, American
Sniper, acusado de falso heroísmo e pouca veracidade de factos, alguns
deles alterados para fazer do personagem principal um herói de guerra. Ou Zero Dark Thirty, o filme sobre a
suposta captura de Osama Bin Laden, que ainda hoje gera desconfianças derivado
ao secretismo criado à volta da história. O lado emocional e psicológico da
questão também é importante, pois há que saber mexer com os sentimentos do
público, e alguns bons exemplos disso são filmes como The Hurt Locker ou Lone
Survivor, sem nunca deixar de frisar a bravura dos seus Homens e de uma
América que honra os que são capazes de dar a vida pela pátria.
The Hurt Locker | Kathryn Bigelow | 2008 |
No que toca a blockbusters passados em Nova Iorque, desde
2001 que existe uma nuvem negra que paira no ar. Em filmes como Cloverfield ou The Avengers a enorme destruição sobre a cidade de forma súbita tem
um efeito totalmente devastador, ficando no final o peso da tristeza, mas também
um sentimento de prosperidade e força para um novo renascer.
Com o passar do tempo é interessante ver que Hollywood começa
também a levantar algumas questões e teorias da conspiração acerca do sucedido
e começa também a existir um contraste em alguns filmes que também querem
passar a mensagem contrária, como por exemplo A Most Wanted Man de 2014, que pretende transmitir que não podemos
julgar os outros apenas por questões raciais ou de religião.
Passados 12 anos o cinema tem dado inúmeras respostas e
lidado com o terrorismo de inúmeras maneiras, mas existe um sentimento de
vingança e terror que continuam a prevalecer em muitas das histórias.
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