terça-feira, 14 de abril de 2015

11 de Setembro | O efeito dos ataques em Hollywood | Take 38 NYC

World Trace Center | Oliver Stone | 2006

Artigo presente na 38ª Edição (New York City) da 

Os trágicos eventos de 11 de Setembro de 2001 afectaram de forma intensa não só o mundo, mas também a indústria cinematográfica norte-americana. Não nos podemos esquecer que o cinema também é o espelho da sociedade, e toda a insegurança e medo do desconhecido, do imprevisível, e de alguma forma medo de uma suposta força do mal que vem para aterrorizar aqueles que são inocentes é algo que passou a ser bastante retratado das mais variadas maneiras. Desde então o terrorismo está presente no cinema de Hollywood, especialmente em filmes passados na cidade de Nova Iorque, onde é raríssimo não haver nem que seja uma só referência aos ataques às Torres Gémeas.

Logo depois da tragédia alguns documentários sobre os ataques terroristas começam a ser feitos, mas só passados 5 anos é que os estúdios lançam dois filmes que relatam os eventos baseados nos factos verídicos passados naquela terrível manhã - parece ter havido um certo período de luto que foi respeitado por Hollywood - o primeiro é United 93, de Paul Greengrass, que homenageia e mostra o horrível drama dos passageiros do voo 93 da United Airlines, sequestrado durante os ataques e que teria como efeito atingir a Casa Branca. O único dos quatro aviões que não conseguiu chegar ao alvo pretendido graças à coragem dos seus passageiros. O outro é World Trace Center, de Oliver Stone, que nos dá uma perspectiva do que aconteceu dentro das Torres, seguindo o trabalho de uma de milhares de corporações de bombeiros que trabalhou na operação de resgate naquele dia.

Alguns desses filmes lidam com o aspecto da perda individual, de apenas um membro da família. Reign Over Me, Remember Me ou Extremely Loud and Incredibily Close, são bons exemplos em que conseguimos perceber o impacto emocional pretendido, especialmente em todos aqueles que perderam alguém na tragédia, mas não só, eles pretendem passar ao mundo o trauma e dor vivido pelos americanos durante o período que se seguiu.

Remember Me | Allen Coulter | 2010
Uma América em constante alerta e o enorme patriotismo fazem-se também sentir principalmente em vários filmes de guerra (retractando a Segunda Guerra do Afeganistão que teve inicio no mesmo ano dos ataques) onde militares arriscaram a sua vida em missões para capturar Osama Bin Laden e continuam a arriscar-se até aos dias de hoje, naquela que os americanos chamam de luta contra o terrorismo. Vistos como heróis por todo o povo americano, estes homens e mulheres servem de personagens (muitas das vezes baseados em pessoas reais e os seus feitos) para mostrar através do grande ecrã, toda a coragem, mas usados como um género de propaganda a favor da guerra, coisa que muitas vezes é bastante criticada pelo mundo fora. Estes filmes de guerra são por norma os mais controversos, veja-se o exemplo mais recente filme de Clint Eastwood, American Sniper, acusado de falso heroísmo e pouca veracidade de factos, alguns deles alterados para fazer do personagem principal um herói de guerra. Ou Zero Dark Thirty, o filme sobre a suposta captura de Osama Bin Laden, que ainda hoje gera desconfianças derivado ao secretismo criado à volta da história. O lado emocional e psicológico da questão também é importante, pois há que saber mexer com os sentimentos do público, e alguns bons exemplos disso são filmes como The Hurt Locker ou Lone Survivor, sem nunca deixar de frisar a bravura dos seus Homens e de uma América que honra os que são capazes de dar a vida pela pátria.

The Hurt Locker | Kathryn Bigelow | 2008
No que toca a blockbusters passados em Nova Iorque, desde 2001 que existe uma nuvem negra que paira no ar. Em filmes como Cloverfield ou The Avengers a enorme destruição sobre a cidade de forma súbita tem um efeito totalmente devastador, ficando no final o peso da tristeza, mas também um sentimento de prosperidade e força para um novo renascer.

Com o passar do tempo é interessante ver que Hollywood começa também a levantar algumas questões e teorias da conspiração acerca do sucedido e começa também a existir um contraste em alguns filmes que também querem passar a mensagem contrária, como por exemplo A Most Wanted Man de 2014, que pretende transmitir que não podemos julgar os outros apenas por questões raciais ou de religião.

Passados 12 anos o cinema tem dado inúmeras respostas e lidado com o terrorismo de inúmeras maneiras, mas existe um sentimento de vingança e terror que continuam a prevalecer em muitas das histórias.

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