É impossível pensar em Woody Allen sem o associar de
imediato à cidade de Nova Iorque. Nascido em Brooklyn, em 1935, Woody Allen começou
a dar provas do seu grande talento para a escrita apenas com 17 anos de idade. Quando
percorremos toda a sua filmografia, vemos que já deu imensas provas do seu
profundo amor pela cidade em que nasceu, retractando-a frequentemente em muitos
dos seus filmes. A sua filmografia contém até à data 45 filmes (quase metade
deles são passados em Nova Iorque, sendo que alguns deles não no seu todo)
sendo assim sem sombra de dúvida o realizador mais produtivo dos nossos tempos
e um sinónimo de qualidade.
Uma Nova Iorque absolutamente charmosa, romântica e ao mesmo
tempo encantadoramente neurótica serve de pano de fundo para que Woody
demonstre os assuntos que mais o fascinam nas vidas dos personagens que cria,
personagens esses, que lidam constantemente com problemas existenciais. Entre
muitas comédias românticas e dramas, o seu foco principal sempre foram as relações
entre homens e mulheres, o sentido da vida e também a morte.
O inicio da sua carreira está fortemente ligada apenas às comédias, tendo sido bem sucedido e elogiado com filmes como Bananas ou Love and Death, mas é em 1977 com Annie Hall que Woody começa a demonstrar os seus dotes na escrita de algo um pouco mais escuro e dramático sem nunca deixar a comédia de lado. Uma história de amor que termina de forma triste, mas onde todos os toques de humor são essenciais, e Annie Hall ficou então marcado como uma das melhores comédias românticas de sempre e a sua modernidade e escrita inteligente serviu de mote para muitas outras que se seguiram. Dois anos mais tarde em 1979, Woody viria então a dar ao mundo uma das suas melhores obras, o absolutamente sublime Manhattan, que diz ser uma fusão de dois dos seus filmes anteriores, Annie Hall e Interiors, por ter o lado dramático mais acentuado de Interiors, mas também a descontracção e humor de Annie Hall. Com uma cinematografia a preto e branco a cidade nunca pareceu tão bela e romântica dando-lhe um olhar divino. E assim, depois da fantástica montagem da cena de abertura, com banda sonora de Gershwin, e monólogo do personagem principal Isaac, Nova Iorque transmite todo o seu encanto. É amor à primeira vista! Manhattan é sem dúvida uma bonita carta de amor, que Woody oferece é a sua cidade.
“Chapter
one. He adored New York City. He idolized it all out of proportion. Eh uh, no,
make that he, he romanticized it all out of proportion. Better. To him, no
matter what season was, this was still a town that existed in black and white
and pulsated to the great tunes of George Gershwin. Uh, no, let me start this
over.” – Issac Davis em Manhattan.
Podemos também olhar para os seus filmes como um mapa sobre
Manhattan. É interessante como os seus filmes servem de guia turístico,
levando-nos a visitar os sítios mais interessantes e emblemáticos da cidade. Desde
as salas de espectáculos, museus, restaurantes ou bairros mais conhecidos, a
atmosfera de glamour que Woody faz pairar sobre a cidade é fascinante, e aquele
curioso “feeling” de que tudo é possível na “cidade dos sonhos” faz com que
fiquemos absolutamente rendidos.
Ao longo da sua carreira percebemos também a curiosidade que
Woody tem em explorar outras cidades, tendo escolhido nos últimos anos, as mais
belas cidades e localidades da Europa como pano de fundo para as suas
histórias. O que é certo, é que por mais que Woody Allen tente explorar outros
horizontes, é certo que volta sempre à sua adorada Nova Iorque, fazendo transparecer
para o lado de cá do ecrã toda a sua afectividade pela cidade.
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