Pela quarta vez, Tom Hanks e Steven Spielberg voltam a juntar-se num projecto e cada vez que isso acontece é sucesso certeiro. Assim o é, neste thriller A Ponte dos Espiões, que conta com a Guerra Fria como pano de fundo.
Passado em 1957, o filme retrata a história real de James Donovan (Tom Hanks) um advogado a quem é pedido que defenda um prisioneiro, Rudolf Abel (Mark Rylance), acusado de ser um espião soviético a actuar em território americano. Donovan não passa de um advogado especializado em casos de companhias de seguros e ao entrar no campo do desconhecido irá descobrir que afinal se vai encontrar numa situação muito mais frágil do que aquela que pensava inicialmente. Contratado apenas para fazer "boa figura" enquanto representante dos EUA, sendo certo que iria perder o caso com toda a certeza, Donovan começa a ganhar um interesse diferente pelo caso, e toma consciência acerca de algumas das verdadeiras intenções e relações entre os EUA e a União Soviética. Tudo se complica ainda mais quando um avião americano se despenha em território soviético e o militar Francis Gary Powers (Austin Stowell) também é feito prisioneiro. Donovan terá em mãos a responsabilidade de negociar a troca dos dois homens. Um caso muito mais complicado e perigoso do que alguma vez poderia esperar.
Tal como fez no seu último filme (Lincoln, de 2012), Spielberg volta a retratar uma época da melhor maneira possível através de uma fantástica produção que nos transporta de imediato para a altura, com belíssimos cenários e guarda roupa. O argumento, co-escrito pelos Coen Brothers e Matt Charman, traz de volta a intensa e inquietante atmosfera dos clássicos thrillers sobre a Guerra Fria. Mas é quando se trata de aprofundar Rudolf, que as coisas deixam um pouco a desejar. Não digo que fossem revelados inúmeros detalhes acerca do seu papel enquanto espião nos EUA, mas o personagem carece um pouco de mais profundidade, assim como outros assuntos no filme. Tom Hanks faz aqui, mais uma vez, um trabalho belíssimo, interpretando um homem de princípios e convicções, cuja impulsividade o faz ter coragem para seguir os caminho que quer. Mark Rylance é outra das grandes performances deste filme, muito mais corporal do que falada, onde muitos dos seus momentos silenciosos dizem mais do que palavras.
Um thriller competente e interessante sobre uma época e história, ainda bem presentes na política da história recente. A Ponte dos Espiões será certamente um dos concorrentes aos prémios para este ano.
Classificação final: 4,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 26-11-2015
Passado em 1957, o filme retrata a história real de James Donovan (Tom Hanks) um advogado a quem é pedido que defenda um prisioneiro, Rudolf Abel (Mark Rylance), acusado de ser um espião soviético a actuar em território americano. Donovan não passa de um advogado especializado em casos de companhias de seguros e ao entrar no campo do desconhecido irá descobrir que afinal se vai encontrar numa situação muito mais frágil do que aquela que pensava inicialmente. Contratado apenas para fazer "boa figura" enquanto representante dos EUA, sendo certo que iria perder o caso com toda a certeza, Donovan começa a ganhar um interesse diferente pelo caso, e toma consciência acerca de algumas das verdadeiras intenções e relações entre os EUA e a União Soviética. Tudo se complica ainda mais quando um avião americano se despenha em território soviético e o militar Francis Gary Powers (Austin Stowell) também é feito prisioneiro. Donovan terá em mãos a responsabilidade de negociar a troca dos dois homens. Um caso muito mais complicado e perigoso do que alguma vez poderia esperar.
Tal como fez no seu último filme (Lincoln, de 2012), Spielberg volta a retratar uma época da melhor maneira possível através de uma fantástica produção que nos transporta de imediato para a altura, com belíssimos cenários e guarda roupa. O argumento, co-escrito pelos Coen Brothers e Matt Charman, traz de volta a intensa e inquietante atmosfera dos clássicos thrillers sobre a Guerra Fria. Mas é quando se trata de aprofundar Rudolf, que as coisas deixam um pouco a desejar. Não digo que fossem revelados inúmeros detalhes acerca do seu papel enquanto espião nos EUA, mas o personagem carece um pouco de mais profundidade, assim como outros assuntos no filme. Tom Hanks faz aqui, mais uma vez, um trabalho belíssimo, interpretando um homem de princípios e convicções, cuja impulsividade o faz ter coragem para seguir os caminho que quer. Mark Rylance é outra das grandes performances deste filme, muito mais corporal do que falada, onde muitos dos seus momentos silenciosos dizem mais do que palavras.
Um thriller competente e interessante sobre uma época e história, ainda bem presentes na política da história recente. A Ponte dos Espiões será certamente um dos concorrentes aos prémios para este ano.
Classificação final: 4,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 26-11-2015
Sempre que vejo um trailer que me cativa...e se reparo que escreveste uma crítica sobre o filme, venho sempre aqui "cuscar" para me tranquilizar. E realmente, o pouco que o trailer me transpareceu foi o suficiente para me deixar interessada. Os últimos filmes que vi com o Tom Hanks foram aquele com a Júlia Roberts (que n me recordo o nome) e o "Saving Mr. Banks". Vi o típico Tom Hanks "kiducho" que tanto me agrada, mas sinto falta daquelas personagens intensas... e parece-me que este novo filme é capaz de trazer isso à tona.
ResponderEliminarEsta é uma dessas personagens mais intensas de que falas ;) O filme transporta consigo muito daquela tensão dos clássicos thrillers sobre a Guerra Fria. Há um ou outro aspecto que gostaria de ter visto mais desenvolvido, mas não acaba por o prejudicar. É um bom filme. Obrigada pela confiança e espero que gostes!
EliminarO Tom e o Steven foram fantásticos como sempre, mas o melhor de tudo foi mesmo o Mark Rylance, mesmo sem ter visto as performances dos outros nomeados para o Oscar de melhor actor secundário, penso que ele será um justo vencedor (o ano passado lancei um palpite idêntico e acertei). Talvez também arrecade o Oscar de Production Design.
ResponderEliminarO filme revelou-se bastante diferente daquilo que eu estava à espera de encontrar, isto de não ver trailers e ler sobre os filmes antes de os ver compensa :)
Ultimamente tenho feito mais isso. Há certos filmes que não vejo trailer e acabo por sair ainda bem surpreendida. Outros não consigo :p
EliminarQuanto ao Mark Rylance está de facto muito bem, e o Tom Hanks é o Tom Hanks! O filme é bastante competente e adorei aquela atmosfera inquietante dos velhos thrillers de Guerra Fria. Mas penso que sairá derrotado e não conseguirá levar nenhum dos seis Oscars para que está nomeado.
O filme é muito bom! Ponte dos Espiões marca o retorno de Steven Spielberg à boa forma e ao modo mais gostoso de se fazer cinema: com criatividade e amor pela arte. Como sempre, Hanks traz sutilezas em sua atuação. O personagem nos cativa, provoca empatia imediata graças a naturalidade do talento do ator para trazer Donovan à vida. Mark Rylance (do óptimo Novo Filme Dunkirk ) faz um Rudolf Abel que não se permite em momento algum sair da personagem ambígua que lhe é proposta, ocasionando uma performance magistral, à prova de qualquer aforismo sentimental que pudesse atrapalhá- lo em seu trabalho, sem deixar de lado um comportamento espirituoso e muito carismático. O trabalho de cores, em que predominam o cinza e o grafite, salienta a dubiedade do caráter geral do mundo. Ponte dos Espiões levanta uma questão muito importante: a necessidade de se fazer a coisa certa, mesmo sabendo que isso vai contra interesses políticos ou de algum grupo dominante. A história aqui contada é baseada em fatos reais, mas remete também ao caso recente do ex-administrador de sistemas da CIA que denunciou o esquema de espionagem do governo americano em 2013 e foi tratado como um traidor, mesmo que tenha tido a atitude correta. É uma crítica clara à hipocrisia norte-americana, que trabalha sempre com dois pesos e duas medidas em se tratando de assuntos como esse.
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