Filme que vai estar em exibição na Festa do Cinema Francês.
Au bonheur de Ogres (O Bode Expiatório) é um filme baseado
num famoso romance francês, com o mesmo nome, escrito em 1985 por Daniel Pennac
e realizador por Nicolas Bary. Uma agradável comédia para toda a famila, mas
que também foca alguns importantes pontos dramáticos. Esta conta-nos a história
de uma família totalmente disfuncional, mas centrada num dos seus membros, o
irmão mais velho Benjamin Malaussène.
Malaussène é um rapaz bastante peculiar, tem uma
personalidade particularmente engraçada, distraído e trapalhão por natureza.
Ele está encarregue de cuidar da sua família, visto que a mãe está sempre
ausente e vai aparecendo em casa para “despejar” os vários filhos dos muitos
namorados que vai tento ao longo da vida. Malaussène trabalha num grande armazém
da cidade de Paris onde desempenha a função de controlador técnico, mas tudo
não passa de esquema, na verdade ele não faz absolutamente nada. O que
Malaussène é na verdade é um bode expiatório, levando a culpa por todas as
reclamações dos clientes da loja. Cada vez que há uma reclamação é armada uma
representação em que Malaussène é despedido em frente do cliente, fazendo com
que os clientes tenham pena dele e retirem a reclamação, assim a loja nunca
fica prejudicada. Uma serie de bombas começam a explodir pelo armazém e
estranhamente explodem todas quando Malaussène esta por perto, começando a
haver desconfiança pela parte da policia e de alguns dos seus colegas de
trabalho. Mais tarde acabam por ser descobertas coisas graves que aconteceram no armazém no
passado.
O filme brinda-nos com uma boa quantidade de efeitos visuais
muito bem executados, que combinam bem com a magia que o personagem principal
transporta consigo. Não posso também deixar de mencionar os fantásticos
créditos finais, super vibrantes e cheios de cor. A sua atitude simplista, optimista
e sonhadora constante faz com que a audiência se interesse minimamente pelo que
esta a ver, mesmo que à partida se saiba que não estamos a assistir a nenhuma
obra prima. Bastante ambicioso no que toca a realização, com planos muito bem
concretizados e boas ideias mas que acabam por falhar quanto toca à parte mais seria da
história que se torna ridicularizada quando é dada mais importância ao tom cómico
da história esquecendo a parte mais sombria.
O elenco faz um bom trabalho, pois talvez sem a grande dinâmica
existente entre o elenco uma história como esta não teriam resultado tão bem. Raphaël
Personnaz é perfeito como Malaussène, todo o seu comportamento meio estranho,
postura física e forma de ser consegue-nos convencer de imediato. Berenice Bejo
apesar de ter um papel importante no meio da história acaba por ser um
personagem meio que irrelevante, mas interpretando sempre bem o seu papel. Emir
Kusturica num papel misterioso consegue sair-se bastante bem mas a meu ver foi muito mal aproveitado, merecia mais destaque.
Apesar das falhas Au Bonheur des Ogres consegue ser um filme bastante vivo e alegre, o tipo de filme que nos faz sair da sala de cinema com um sorriso no rosto, bem dispostos e só por isso vale a pena perder um pouquinho do vosso tempo a ir vê-lo.
Classificação final: 3 estrelas em 5.
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