domingo, 28 de setembro de 2014

Crítica: Os Gatos Não Têm Vertigens 2014


Data de Estreia: 25-09-2014

A primeira vez que vi o trailer de Os Gatos Não Têm Vertigens, o novo filme do realizador António-Pedro Vasconcelos, fiquei logo com uma ideia formada daquilo que eventualmente seria. Um drama com vários toques de humor que pretenderia tocar as emoções do espectador abordando alguns temas importantes da sociedade, onde mais uma vez o realizador iria seguir o caminho mais "comercial" para chegar a grandes massas, tal como fez em 2010 com A Bela e o Paparazzo ou em 2007 com Call Girl.

Rosa, uma senhora de 73 anos acaba de ficar viúva. Jó, um rapaz de 18 acaba de ser expulso de casa pelo seu pai no dia do seu aniversário. Por obra do destino Jó vai para ao terraço do prédio onde Rosa mora e apesar da diferença de idades os dois irão criar um laço muito forte de amizade. Jó encontra em Rosa o amor e carinho que nunca lhe foi dado pela sua própria familia. Rosa encontra em Jó o conforto que lhe faltava para conseguir seguir em frente com a sua vida agora que já não têm mais o seu marido para lhe fazer companhia todos os dias. E assim aos poucos, tratando Jó como um gato vai ganhando a sua confiança, lealdade e amor, coisas que Jó nunca soube o que eram na vida.

Apesar da quantidade de clichés usados e da sua predictabilidade a verdade é que o filme consegue-nos manter interessados do principio ao fim, também graças a duas grandes interpretações por parte dos personagens principais. Maria do Céu Guerra uma das maiores actrizes que temos em Portugal é a alma do filme! A sua performance magnifica é definitivamente o que mais o suporta. O jovem actor João Jesus também surpreende dando uma performance verdadeira e muito sentida. A quimica entre Maria do Céu Guerra e João Jesus é verdadeiramente deliciosa, nada forçada e vai com certeza agradar a todos.

A solidão na terceira idade é capaz de tocar qualquer um. A sensação de abandono e tristeza de perder alguém que se ama muito pode ser totalmente devastadora e essa tristeza é abordada de forma muito credivel, assim como o desespero do jovem delinquente que não sabe bem o que fazer da vida.

Embora haja boa intensão quando em várias ocasiões através de pequenos dialogos e cenas aqui e ali sobre o estado de crise em que o país se encontra senti que algumas são feitas de forma completamente forçada, como que empurradas à força, ficando completamente fora do lugar. Os personagens de Fernanda Serrano e Ricardo Carriço, acabam por não ter qualquer relavância na história, poderiam perfeitamente não fazer parte dela. Aliás, acho que teria sido mais interessante fazer com que a Rosa não tivesse qualquer familia próxima. Também Jó poderia ter sido um personagem muito mais desenvolvido, explorando melhor ainda algumas partes do seu passado.

Os Gatos Não Têm Vertigens não é nenhuma obra prima do cinema Português, é um filme com o intuito de tentar levar um maior número de público as salas de Cinema para ver aquilo que por cá se faz, seguindo sem dúvida o caminho do entretenimento mas do bom entretenimento, pois mesmo nas suas partes mais fracas o que é certo é que, o que é suposto retermos realmente fica e sabemos perfeitamente que as situações de vida dos dois personagens são algo que existe neste país cada vez mais. Um país que infelizmente não respeita os novos, nem tão pouco os nossos velhos.

Não posso também deixar de referir também o belissimo tema original chamado "Clandestinos do Amor", feito especialmente para o filme interpretado por Ana Moura. Portanto quando os créditos começarem a rolar, não vão logo embora... Fiquem um bocadinho e desfrutem de uma bonita música.






Classificação final: 3 estrelas em 5.

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