quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Crítica: The Giver - O Dador de Memórias (2014)


Data de Estreia: 11-09-2014

Como seria viver num mundo sem cor? Onde tudo seria a preto e branco? Um mundo cheio de regras onde tudo esta automatizado e onde as emoções não existem? Certamente não seria estranho para aqueles que nele nascem, mas é sem dúvida frustrante para alguns que outrora viveram sabendo o que o Mundo é muito mais do que aquilo que uma comunidade inteira é obrigada a aceitar. Felizes, sempre com agrado pois aquela é e única realidade que sempre conheceram.

The Giver – O Dador de Memórias é um filme de ficção-cientifica baseado no romance de Lois Lowry, com o mesmo nome. Num mundo futurista imaginário a Humanidade resolve criar um mundo a Preto e Branco, onde todos os cidadãos são apelidados de “A Comunidade”. Um mundo sem cor e qualquer tipo de emoções, não existem sentimentos ou diferentes raças. Por consequência não existe discórdia, disputa, tristeza e todos trabalham para o bem da “Comunidade”. O que eles desconhecem é que todas as memórias passadas lhes foram apagadas da mente fazendo com que o que vivem seja uma completa farsa. Cada membro da Comunidade é encarregado de uma função especifica assim que atinge a maioridade. O jovem Jonas, corajoso e muito perspicaz é o escolhido para ser o novo Receptor de Memórias da Comunidade, uma missão nada fácil, visto que o papel do receptor é guardar todas as más memórias do passado de cada um dos habitantes da Comunidade. Todas estas memórias ser-lhe-ão passadas pelo Dador, que ao longo de algum tempo o irá treinar para a exigente missão. Jonas rapidamente acaba por descobrir que algo está muito errado e toda aquela falsa ilusão gerou opressão sobre a sociedade.

No fundo esta história transporta consigo uma forte mensagem a cerca do que é o mundo na realidade. Todos somos iguais, somos seres humanos, e mesmo assim ainda continuam a haver grandes guerras e injustiças pelo mundo fora. Dor, sofrimento, tristeza são coisas que ninguém deveria vivenciar. Mas também há coisas menos boas que tornam o ser humano mais forte. Seria ideal se o mundo fosse todo colorido, todos pudessem ter a mesma igualdade e liberdade para fazer o que quisessem, mas ao mesmo tempo isso também não seria uma farsa? Então aqui temos os dois lados da moeda. Por um lado, o mundo a Preto e Branco é mais pacifico e mesmo sem cor, consegue ser alegre, mas por outro lado toda a gente tem o direito de não viver na mentira.

O uso das cores é muito interessante. No inicio do filme vemos tudo a preto e branco tal e qual como toda a Comunidade, mas à medida que o personagem principal da história se vai apercebendo da realidade em que vive, e à medida que vai conseguindo ver todas as memórias a cores, assim que tudo começa a ficar mais “claro” na sua cabeça (e também quando os amigos e família suspeitam que algo está errado) o mundo começa a clarear, tornando-se gradualmente menos escuro. Vindo a verdade ao de cima, as cores começam aos poucos a surgir. Os efeitos visuais também são bastante eficazes e todo o mundo criado parece real.

Jeff Bridges e Meryl Streep são fantásticos tal como já era esperado. São dois grandes senhores da representação que nunca desapontam qualquer que seja o papel. Os dois conseguem ser convincentes em seus papeis, mas visto que Jeff Bridges tem mais tempo de ecrã, tem um papel muito mais marcante e importante na história. O jovem actor Brenton Thwaites (confesso que nunca tinha ouvido falar dele) conseguiu ser sólido na sua performance e manteve sempre uma boa química com Jeff Bridges. As performances de Katie Holmes e Alexander Skarsgard também são eficazes, mantendo sempre uma postura fria de quem tem que obdecer as regras impostas.

No que toca a aspectos negativos, a tensão do filme vai aumentando substancialmente desde o inicio, até que no acto final se torna um pouco menos efectivo emocionalmente. Apesar de sabermos que o filme poderá ter um fim previsível, ele faz nos acreditar que talvez consigamos obter um glorioso momento final. Em vez disso o fim fica um pouco à quem tendo em consideração a intensidade e importância da história. Acaba também por ser um pouco inconsistente no que toca as emoções que nos quer passar. Enquanto por vezes se torna bastante humano e provoca grandes emoções em nós, outras vezes esse aspecto estranhamente falha.

The Giver – O Dador de Memórias acaba por surpreender tendo em conta a má recepção que teve nas bilheteiras Americanas. Talvez o facto deste conceito de história do tipo The Hunger Games ou Divergent (em que há sempre um jovem herói salva tudo e todos) já estar a ficar um pouco gasto, e isso também não ajuda. Mas não se deixem levar pelo engano. Apesar de não ser um filme espectacular, e ter algumas falhas no enredo, é bastante agradável e é sem dúvida um filme que vai entreter do inicio ao fim.






Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

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