sexta-feira, 6 de março de 2015

Crítica: Corre, Rapaz, Corre (Lauf Junge Lauf) 2013


Data de Estreia: 12-03-2015

Filme:

Corre, Rapaz, Corre é uma história de guerra, com uma perspectiva diferente das mais habituais sobre o tema, pois contamos desta vez com uma narrativa através dos olhos de uma criança.

O filme é baseado na obra do escritor Uri Orlev, e relata os acontecimentos verídicos da vida de Yoram Friedman. Em plena Segunda Guerra Mundial, esta é extraordinária jornada de um corajoso menino judeu da Polónia,
que foge de um gueto de Varsóvia e durante três anos vê-se obrigado a cuidar de si próprio e a passar por coisas muito dolorosas, coisas que nenhuma criança deveria passar, tudo isto, pois vive em constante sobressalto, com um medo crescente de que os nazis o apanhem e descubram que é judeu. Srulik (Andrzej Tkacz / Kamil Tkacz) é obrigado a mudar de nome para Jurek para que possa passar por órfão da Polónia, vive em florestas com outras crianças judias, até que finalmente começa a trabalhar de aldeia em aldeia em troca de alimento, elaborando várias histórias para que ninguém desconfie da sua verdadeira identidade, fazendo-se passar inclusive por católico.

Com uma belíssima cinematografia, banda sonora e cenários bem elaborados, conseguimos perfeitamente entrar na atmosfera hostil, retraída e desfavorecida da época, tudo pontos que ajudam a credibilidade do relato dos eventos desta trágica história de infância que consegue tocar o coração de todos. Porém, este é um filme que poderia ter sido muito mais sólido na medida de que não explora devidamente alguns aspectos sobre o menino e a sua relação com alguns dos personagens secundários e onde a repetição de algumas cenas acaba por torna-lo mais fraco.

A performance dos gémeos Andrzej e Kamil Tkacz, que interpretam Srulik/Jured, são dignas de grande reconhecimento. Conseguindo captar naturalmente a inocência de uma criança perante acontecimentos tão terríveis é impossível não nos conectarmos com este menino e sofrermos com ele. Também não poderia deixar de mencionar o pequeno, mas tocante papel de Elisabeth Duda, interpretando uma das personagens que acolhe o menino numa das suas paragens, pois através das suas cenas o filme passa também o ponto de vista menos inocente da guerra, sugerindo também a dor e angústia de um adulto.

Apesar do filme nos deixar devastados com algumas das coisas que assistimos é engraçado como ficamos com um sorriso no rosto quando acaba. Uma comovente história de coragem e sobrevivência, que vai muito para além do que era ser judeu. Até onde consegue ir a moral e clemência do ser Humano perante uma criança indefesa? É doloroso constatar que existem histórias reais como a de Corre, Rapaz, Corre.  


Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

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