quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Crítica: A Modista (The Dressmaker) . 2015


Algures nas profundezas do deserto Australiano, encontramos uma pequeníssima aldeia, bem peculiar, recheada interessantes habitantes. São esses mesmos habitantes e os eventos pessoais do passado, que nos dão o mote para este drama/comédia muito teatral sobre vingança. Nem sempre consistente, mas minimamente agradável.

Em 1951, Myrtle "Tilly" Dunnage (Kate Winslet) regressa a Dungatar, a sua terra Natal, para tomar conta da sua mãe (Judy Davis) que se encontra doente. Mas Tilly não traz consigo apenas saudade, traz também a enorme vontade de descobrir o que realmente aconteceu quando aos 10 anos foi levada para fora da cidade, para um colégio interno, acusada de ter assassinado um colega de escola. Tendo estudado costura em Paris, agora modista, Tilly transforma todos com as suas peças de alta costura, vendo na sua arte, uma forma de se conectar com todos aqueles que a acusam pelo assassinato do passado. Tilly é confiante e irreverente e está de volta para mudar não só a sua vida, mas também a vida de todos aqueles a julgam e olham com indiferente, mas ao mesmo tempo fascínio.

Kate Winslet, absolutamente glamorosa e maravilhosa, de agulha e fita métrica na mão, apresenta-se aqui uma interpretação pouco habitual para aquilo que é comum a vermos fazer. Kate já tinha provado anteriormente que o quirky resulta consigo, e como grande actriz que é, não desaponta. Ela e Judy Davis têm uma química incrível e proporcionam-nos momentos tanto divertidos como muito emocionais. A capacidade que Tilly em provocar agitação na cidade, têm o seu quê de crítica social, também abordando a perspectiva do papel da mulher e do seu poder. Um olhar divertido e astuto sobre cada uma das personagens.

Um dos aspectos negativos impossíveis de ignorar, é a diferença de idade entre Kate Winslet e os actores que supostamente fizeram parte da sua infância, para não falar da diferença de 15 anos de idade entre ela e Liam Hemsworth o seu par romântico na história. Não se trata de preconceito em relação à idade, até porque a química entre os dois resulta, mas sim no que toca à coerência no relato dos eventos. A sua duração é um pouco longa demais, e algumas situações repetitivas e desnecessárias, mas o leque interessante de personagens acaba por dar a volta a isso. O facto de se revelar inesperado, e nos proporcionar alguns twists que não estamos à espera, fazem com que todo o humor em torno da tragédia individual dos personagens nos seja mais próximo. Uma deliciosa banda sonora, figurinos e cenários contribuem também para toda a magia e mensagem deste conto, que está longe de ser perfeito mas que merece definitivamente atenção.

Classificação final: 3 estrelas em 5.
Data de Estreia: 03-12-2015

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