segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Crítica: Roda Gigante (Wonder Wheel) . 2017


Mais um ano que passa e o entusiasmo por mais um filme de Woody Allen a chegar continua igual. Apesar da crítica ter achado este Wonder Wheel uma autêntica desilusão, a meu ver, este é talvez das coisas mais ambiciosas que já fez, durante os últimos dez anos. Allen tem o seu estilo, e quem vê os seus filmes têm que saber com o que contar. Dizer que é mais do mesmo, é diminuto, este é o seu estilo de narrativa, a sua assinatura, e isso já mais vai mudar.

Wonder Wheel conta a história de quatro personagens cuja vida anda numa roda viva de emoções, nomeadamente a personagem central Ginny (Kate Winslet). Woody Allen regressa à sua cidade, New York, e à sua juventude em Coney Island o eterno parque de diversões, que nos anos 50 estava em pleno auge. Ginny é uma mulher amargurada e extremamente emocional, cuja vida não é aquilo que sonhou, vivendo presa ao passado que poderia ter tido como actriz. Actualmente a servir às mesas num restaurante do parque, e casada com Humpty (Jim Belushi) bastante mais velho que ela, Ginny apaixona-se por Mickey (Justin Timberlake) o nadador salvador da praia. A viver um grande romance de Verão, Ginny não contava com a presença repentina da enteada Carolina (Juno Temple) que cai de imediato nos encantos de Mickey, deixando Ginny cada vez mais insegura e doida de ciumes.

Com a ajuda da belíssima cinematografia de Vittorio Storaro, Woody Allen conseguiu transformar este filme, visualmente, numa das coisas mais belas que fez, onde jogos de luzes se entrelaçam com o poder de algumas palavras, nomeadamente alguns dos monólogos de Ginny, dos seus momentos de desespero, onde tudo é absolutamente deslumbrante de se ver e onde Kate Winslet brilha como ela merece! Fantástica é tudo aquilo que ela aqui é, um retrato perfeito da complexidade feminina que Allen tão bem consegue explorar nas suas obras. Ou não fosse ele responsável por ter escrito, dos melhores papeis que muitas actrizes já tiveram na sua carreira. A narrativa é uma combinação de muitas outras que já vimos retratadas em filmes anteriores, mas é na beleza dos espaços e na forma como Kate Winslet carrega este filme às costas que está o encantamento. Notamos que é um filme que vive de memórias, dos maiores aos mais pequenos detalhes cenográficos, que também eles ajudam a contar a história. E se me tentar lembrar de algum outro filme de Allen, em que um sentimento de claustrofobia constante existisse não consigo, e esse é outros dos bons aspectos do filme, dos que mais gostei.

Continuo a querer ver mais de Woody Allen todos os anos, continuo a achar que por mais repetitivos que os seus temas possam ser, a forma como ele apresenta a suas histórias e os seus personagens continua a cativar. É incrível a periodicidade com que apresenta os seus filmes, e por isso ficará certamente marcado por ser um dos cineastas que mais filmes fez na história do cinema. Frenético na forma como os faz, ele lá se vai mantendo fiel a si próprio.

Classificação final: 4 estrelas em 5.
Data de Estreia: 13.12.2017

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