terça-feira, 29 de março de 2016

Crítica: O Conto dos Contos (Il Racconto dei Racconti) . 2015


Há algo de louco mas ao mesmo tempo fascinante neste O Conto dos Contos de Matteo Garrone. O realizador italiano do muito falado Gomorra, passa do mundo da máfia italiana para o mundo dos contos de fadas, onde ideias reais e fantasia se cruzam numa viagem interessantíssima até ao barroco do século XVI.

Podemos dividir este filme em três partes, visto que nele estão representados três reinos distintos, mas muito próximos, e que em certos momentos lá se vão cruzando nas suas histórias. No primeiro seguimos a história o rei e a rainha de Longtrellis (John C. Reilly e Salma Hayek) atormentados pela ausência de um herdeiro, visto que a rainha não consegue ter filhos. No segundo, o rei de Strongcliff (Vincent Cassel) viciado em sexo, que ocupa os seus dias, a tentar encantar todo o tipo de donzelas. E por último o peculiar rei de Highhills (Toby Jones) com uma pulga de estimação, que prefere ocupar os seus dias preocupando-se com a bizarra ligação com o insecto, do que com a sua própria filha Violet (Bebe Cave). Uma mistura cativante e muito creepy que prende o nosso interesse do inicio ao fim.

segunda-feira, 28 de março de 2016

8½ Festa do Cinema Italiano . 2016

Chega mais uma vez a Lisboa, a 9ª edição da 8½ Festa do Cinema Italiano. Ao Cinema São Jorge e à Cinemateca Portuguesa, junta-se pela primeira vez a parceria com os UCI Cinemas - El Corte Inglês procurando mais uma vez mostrar, ao longo de 8 dias, não só o que de melhor se fez recentemente no cinema Italiano, como partilhando também obras e retrospectivas dos mais variados mestres italianos. Para além da programação cinematográfica, também são dedicados espaços à literatura, musica e até encontros gastronómicos, tudo em torno da cultura italiana.

Contamos com as habituais secções "Panorama", "Competitiva", "Amarcord", "IlCorto", "Piccolini" e "Sessões Especiais", onde encontramos um cartaz apelativo e variado, onde o grande destaque deste ano é a exibição de um dos grandes filmes do pai do cinema Italiano, Federico Fellini, com uma versão restaurada do clássico . A sessão de abertura está por conta de O Conto dos Contos de Matteo Garrone, que para além de um elenco de luxo, esteve na corrida à Palma de Ouro no Festival de Cannes 2015. Outros dos nomes a destacar são Mergulho Profundo de Luca Guadagnino, com Tilda Swinton, Ralph Fiennes, Dakota Johson e Matthias SchoenaertsSuburra de Stefano Sollima o drama que mistura máfia e politica; ou Non Essere Cattivo de Claudio Caligari, o candidato italiano aos Oscars 2016. Alaska de Claudio Cupellini, L'Atessa de Piero Messina, Nessuno Si Salva Da Solo de Sergio Castellitto ou Quo Vado? de Gennaro Nunziante, filme de encerramento do festival, são alguns dos títulos também a reter, sem esquecer a exibição da cópia restaurada de La Vita è Bella, realizado e protagonizado por Roberto Benigni, filme que também lhe valeu o Oscar de Melhor Actor e Melhor Filme Estrangeiro em 1999. O festival também ficará marcado pelas homenagens a Ettore Scola e a Umberto Eco.


Sendo este um festival que tem demonstrado um rápido e constante crescimento, a grande noticia deste ano é a extensão do festival para Angola, Moçambique e Brasil. Uma conquista mais que óbvia, tendo em conta o constante nível de qualidade com que nos vem presenteando todos os anos.


De 30 de Março a 7 de Abril, Itália invade Lisboa! Para mais informações sobre todo o programa do festival consultem o site oficial: http://www.festadocinemaitaliano.com 

sexta-feira, 25 de março de 2016

Crítica: O Diário de uma Rapariga Adolescente (The Diary of a Teenage Girl) . 2015


Poderia ser apenas mais um simples coming-of-age que já vimos muitas outras vezes, mas o seu tom refrescante e descontraído torna-o diferente, quando não se importa com as consequências mostrando com honestidade o que é aprender a crescer.

Em São Francisco dos anos 70, com o movimento hippy no seu auge, conhecemos Minnie Goetze (Bel Powley) uma adolescente de 15 anos que sonha vir a ser uma cartonista famosa. Quando sente um forte despertar para a sexualidade, Minnie tem apenas uma ideia em mente: perder a virgindade. O impulso de começar a vida sexual toma conta do seu dia-a-dia, mas existe ao mesmo tempo uma certa falta de auto-confiança. Encorajada pela mãe Charlotte (Kristen Wiig) a soltar-se mais e tentar relacionar-se com rapazes, Minnie começa a sentir-se fortemente atraída por Monroe (Alexander Skarsgard) o namorado da sua mãe. Completamente desesperada por afectos, Minnie está disposta a perder a virgindade a qualquer custo e começa a ter um caso com Monroe, o que poderá desencadear inúmeras consequências e até vir a causar-lhe problemas emocionais.

terça-feira, 22 de março de 2016

Crítica: Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça (Batman v Superman: Dawn of Justice) . 2016


Chega finalmente um dos duelos mais esperados do cinema. Zack Snyder volta a por as mãos no universo DC Comics, onde Batman e Super-Homem se defrontam pela salvação da humanidade. Com um ritmo veloz e bons visuais, o entretenimento é garantido. Mas os problemas do passado persistem em existir.

Depois dos trágicos eventos passados em Man Of Steel, Batman (Ben Affleck) o herói de Gotham desloca-se à cidade de Metropolis para investigar o porquê de Super-Homem (Henry Cavill) se estar a transformar numa ameaça para a Humanidade, quando outrora todos o consideravam um Deus no planeta Terra. O jovem e ambicioso cientista Lex Luthor (Jesse Eisenberg) determinado a vingar-se de Super-Homem tem em suas mãos um plano maquiavélico, que irá por em perigo não só os habitantes da cidade, como todo o mundo. Alguns sonhos e premonições atormentaram a mente dos dois heróis, mas cabe-lhes agora - com a ajuda de Wonder Woman (Gal Gadot) unirem-se para o dia do juízo final. E quanto a mais detalhes do plot, ficamos por aqui.

domingo, 20 de março de 2016

It Takes 2 . #4 Tarantino & Jackson


Quentin Tarantino & Samuel L. Jackson

E já lá vão 6: Pulp Fiction (1994) . Jackie Brown (1997) . Kill Bill: Vol 2 (2004) . Inglorious Bastards (2009) . Django Unchained (2012) . The Hateful Eight (2015)

Sucesso da parceria: 

A amizade entre os dois é algo notório e a relação realizador/actor transparece muita cumplicidade para lá do grande ecrã. Quentin Tarantino e Samuel L. Jackson são exemplo de uma parceria muito bem sucedida, pois enquanto um marca pela sua irreverência e características próprias de escrita e realização, o outro tem uma maneira incrível de as saber levar a bom porto.

High-lights: 

Samuel L. Jackson obtém um dos maiores papeis da sua carreira no fantástico Pulp Fiction em 1994, considerado por muitos um dos melhores filmes de culto de sempre. Com ele ganhou a sua notoriedade, recebendo a sua primeira (e até a data a única) nomeação para um Oscar de Melhor Actor Secundário e vencendo o Bafta na mesma categoria. Quentin Tarantino descobria aqui um actor à sua medida e também graças a esta parceria as nomeações a prémios têm sido algo recorrente, assim como o constante reconhecimento dado a ambos ao longo dos anos.

Spot on: 

Os dois já admitiram o enorme gosto que têm em trabalhar juntos, assim como demonstram uma continua vontade de criar sempre mais um com o outro. Tarantino inclusive afirma que já escreve sempre com um papel para Jackson em mente, e isso diz tudo.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Crítica: Deus Existe e Vive em Bruxelas (Le Tout Nouveau Testament) . 2015


E se Deus fosse igual ao mais comum dos mortais? E se para além de ser "normal", fosse ainda o mais asqueroso e desumano ser à face da Terra? É essa a fantasiada premissa da comédia Deus Existe e Vive em Bruxelas, escrita e realizada por Jaco Van Dormael.

Deus (Benoît Poelvoorde) passa a maior parte dos seus dias atrás de um computador, onde comanda não só a vida de todos os seres, mas também tudo o que rodeia o seu dia-a-dia, desde as rotinas mais básicas aos acontecimentos mais desastrosos, por vezes com consequências assustadoras. Tem mulher (Yolande Moreau), um filho - mais conhecido por Jesus Cristo (David Murgia) - e para espanto de todos, também tem uma filha, Ea (Pili Groyne). Quando esta decide fugir de casa, depois de 10 anos de abusos físicos e psicológicos, quer seguir as pisadas do irmão e escrever o "Novíssimo Testamento". Para isso, precisa de seis apóstolos adicionais. Convicta de que será capaz de mudar hábitos e mentalidades, Ea faz a pior das coisas, envia através do computador do Pai uma mensagem a todas a pessoas do mundo contendo a data exacta da sua morte, deixando todos mais vulneráveis e conscientes das suas atitudes e modos de vida. Desse modo, irá encontrar os apóstolos certos para a acompanhar na sua jornada.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Crítica: Orgulho, Preconceito e Guerra (Pride + Prejudice + Zombies) . 2016


Ora, estamos perante uma mistura improvável. De um lado temos Pride and Prejudice de Jane Austen, um dos mais conhecidos e aclamados romances de todos os tempos. Do outro, temos zombies. Orgulho, Preconceito e Guerra é o mashup baseado no livro de Seth Grahame-Smith, que mistura elementos do clássico de Austen, com a comédia e o terror de algumas histórias mais conhecidas de zombies. Adaptado ao cinema pelas mãos de Burr Steers, o resultado final fica muito aquém das expectativas.

Algures num universo paralelo, o período da Regência em Inglaterra é invadido por uma praga de zombies que aterrorizam o dia-a-dia de todos. A irreverente Elizabeth Bennett (Lilly James) e as suas quatro irmãs, vivem no campo com os seus pais e são altamente treinadas em artes marciais, preparadas para enfrentar a eminente praga do exército zombie. Quando o jovem abastado Charles Bingley (Douglas Booth) se apaixona por uma das irmãs Jane (Bella Heathcote), Elizabeth cai nos encantos de Mr. Darcy (Sam Riley) um dos maiores caçadores de zombies na região, mas também um dos homens mais presunçosos, arrogantes e vaidosos da região. Enquanto negam a atracção um pelo outro, os ataques surpresa vão sendo cada vez mais recorrentes, e pelo meio do clássico que todos conhecemos (ou pelo menos já ouviram falar), lá vêm os mortos vivos à baila.


segunda-feira, 14 de março de 2016

Nicolau Breyner (1940-2016)

"Nico D'Obra" (1993-1996)
Foi assim que o conheci, e assim acaba por fazer parte das minhas memórias de infância. Hoje partiu aos 75 anos, mas será sempre um dos grandes impulsionadores da tv, cinema, teatro, representação, realização, produção e encenação em Portugal.

Aqui fica a homenagem. Obrigada Nico.

Crítica: A Senhora da Furgoneta (The Lady In The Van) . 2015


Maggie Smith, a encantadora Maggie Smith. Aos 81 anos, consegue ainda ser uma das mais fascinantes actrizes da indústria. Com o seu charme natural dá todo um brilho especial a esta comédia dramática inspirada na história verídica do dramaturgo inglês Alan Bennett e da mulher que viveu durante 15 anos na porta de entrada de sua casa.

O filme conta a história da relação entre Alan Bennett (Alex Jennings) e Miss Shepherd (Maggie Smith), uma idosa que ninguém sabe muito bem de onde vem, mas que habita dentro de uma furgoneta, estacionando a viatura por vários bairros em Londres. Saltitando com a viatura de casa em casa, Miss Sheperd vai criando uma ligação de amor/ódio com os vizinhos, incapazes de ficar indiferente à sua situação. Ninguém sabe o porquê de viver dentro de uma furgoneta, e da sua boca só saem repreensões e palavras de pouco apresso, mas é com Bennett que irá criar uma forte relação de amizade. Deixando-a estacionar a sua "humilde casa" temporariamente na entrada da sua casa, este estaria longe de imaginar o passado sofrido da idosa sem-abrigo que praticamente habitou consigo durante 15 anos.

quarta-feira, 9 de março de 2016

Crítica: Cavaleiro de Copas (Knight of Cups) . 2015


É certo que Terrence Malick não é um realizador fácil. É certo que os seus filmes não são nada fáceis de digerir, mas existe sempre algo que me empurra para as suas obras, por mais complexas e diferentes que sejam.

Em Los Angeles, Rick (Christian Bale) é extremamente bem sucedido na vida profissional, no entanto a sua vida pessoal parece ter cada vez menos sentido, dando por si a pensar no que realmente o move e motiva. Preso a alguns trágicos eventos passados, Rick tenta definir a sua existência passando por várias experiências tentando buscar o significado e verdadeiro propósito na sua vida. O casamento falhado com Nancy (Cate Blanchett), assim como relacionamentos que teve com outras mulheres, parecem reflectir as fases pelas quais Rick está a passar e é então que percorremos uma jornada através das suas vivências, como se de um baralho de tarot se trata-se. Cada momento, uma carta, um significado. Esses momentos, quase todos eles marcados pela presença de uma mulher diferente. A cidade de L.A. é retratada quase como cidade do desejo, onde tudo parece ao alcance do mais comum dos mortais, mas que mesmo com todo o sucesso do mundo, fica longe de alcançar a plenitude. E é isto que faz confusão em Cavaleiro de Copas.

sábado, 5 de março de 2016

PORQUÊ? #2 Tom Hardy, This Means War (2012)




[A carreira de um actor, não é feita só de sucessos. Por isso mesmo, vamos celebrar as escolhas menos felizes de grandes actores que em algum momento da sua carreira fizeram escolhas erradas.]

sexta-feira, 4 de março de 2016

Crítica: A Força da Verdade (Concussion) . 2015


A história sobre uma verdade que se tornou inconveniente demais. Escrito e realizado por Peter Landesman, este drama baseado em factos verídicos, peca pela falta de interesse na própria investigação em si, focando-se mais na parte sentimental e de romance do que propriamente em algo mais.

Quando em 2002 o ex-jogador de futebol americano Mike Webster (David Morse) é encontrado morto dentro da sua carrinha, o seu recente e estranho comportamento leva a suspeitas de que algo o poderia estar a afectar psicologicamente. A sua autopsia vai parar às mãos do nigeriano patologista forense Dr. Bennet Omalu (Will Smith) que rapidamente percebe que não existem razões aparentes para a sua morte. Após uma investigação cuidada, Omalu constata que Webster morreu devido a consecutivos traumatismos cerebrais, causados pelas fortes pancadas dadas ao longo de vários anos, provenientes da violência presente nas regras requerentes à pratica do futebol americano. Atribuindo um nome à doença degenerativa - CTE (Chronic Traumatic Encephalopathy) - Omalu procura ajuda para lançar o alerta na NFL - Federação Nacional de Futebol - mas vê-se enrolado no meio de um assunto a que todos parecem querer fugir. Decidido a prevenir que outros jogadores viessem a sofrer do mesmo, Omalu, mesmo sem saber, declara guerra à NFL, que irá tentar destruir a sua reputação.

terça-feira, 1 de março de 2016

Oscars 2016 | As surpresas. As Derrotas. Os Vencedores.


Concordando ou não com nomeados, com vencedores ou com aquilo que a maior cerimonia de cinema do mundo se tem vindo a tornar ao longo dos anos, a madrugada dos The Academy Awards é passada em claro. A 88ª Edição foi marcada por muita controvérsia (#OscarsSoWhite que rapidamente se transformaram numa dose exagerada de #OscarsSoBlack), algumas surpresas e o constatar de um momento esperado mais ou menos há uns 12 anos! #TeamLeo