domingo, 28 de outubro de 2018

my (re)view: O Primeiro Homem na Lua (First Man) . 2018


Com Whiplash (2014) Damien Chazelle dava-se a conhecer ao mundo, com La La Land (2016) tornou-se no realizador mais jovem a ganhar um oscar nessa mesma categoria, com First Man foi posto de parte todo o seu conhecido arrojo, num filme que joga imenso pelo seguro numa tentativa de transformar este acontecimento de grande controvérsia ao longo de todos estes anos, em algo demasiado metafórico, ao mesmo tempo estranhamente simples e até por vezes aborrecido. A nível técnico, Chazelle continua a manter-se fiel à belíssima forma com que nos apresenta os seus filmes, mas é no que toca ao argumento que as coisas correm para o torto. Focado a cem por cento na figura de Neil Armstrong (Ryan Gosling) é estranho quando tudo parece distante sem grande relevância emocional ou afectiva, tornando-se muito difícil a empatia com os personagens, especialmente quando Ryan Gosling que até faz por isso, pouco consegue. Curiosamente Claire Foy, interpretando a mulher de Armstrong consegue ser muito mais envolvente que este. Talvez o medo que suscitar algum tipo de polémicas tenha sido mais elevado do que a vontade de aprofundar algumas questões, e enumeras vezes em que chegamos quase a esse ponto nada de especial acontece e lá voltamos nos para mais momentos de introspecção ao lado de Armstrong, onde mais parece que deixamos de ver um filme de Chazelle e passamos imediatamente para um estilo Malick. A banda sonora é competente e quando enquadrada com a excelente cinematografia, melhor. É de destacar também aquele que para mim é o melhor aspecto do filme, e talvez o único que o torna diferente de muitos outros com histórias de exploração espacial, pois quando dentro de qualquer um dos foguetes espaciais a sensação claustrofóbica, de tensão e medo do desconhecido conseguem transparecer para o lado de cá do ecrã. Um passo pequeno para Damien Chazelle, e ainda menos grandioso para esta história na Lua.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

my (re)view: Assim Nasce Uma Estrela (A Star is Born) . 2018


Desconhecendo os anteriores remakes desta história, parti à descoberta de A Star is Born como sendo apenas um daqueles que seria os filmes da golden season deste ano. Sem querer saber muitos pormenores sobre a história é absolutamente impossível não ficar surpreendido com aquilo que nos deparamos ao longo do filme. Bradley Cooper estreia-se aqui na realização, escrevendo e protagonizando esta história ao lado do talentoso ser que é Lady Gaga. A carga emocional que o filme carrega, vai muito mais para além daquilo que é a industria musical mostrando vulnerabilidades de pessoas comuns, da sua vida pessoal e dos seus desafios enquanto figuras no mundo da música. Se por um lado Jackson Maine (Bradley Cooper) adquiriu um estatuto, Ally (Lady Gaga) procura essa oportunidade. Quando Maine descobre Ally e os dois se apaixonam a decadência da carreira de um começa enquanto a ascensão do outro inicia. Entre a paixão de um pelo outro e a paixão pela música e pelo que ela significa para os dois, os problemas com o álcool e as drogas de Maine começam a afectar não só a sua carreira, mas também a de Ally. Para além da grande interpretação de Bradley Cooper, o argumento e a realização são impecáveis, mencionando a tremenda química existente entre ele e Lady Gaga que transborda para lá do ecrã. Gaga é uma rainha, excelente cantora e compositora dá-nos uma poderosa interpretação, emocional e muito intima, conquistando tudo aquilo em que toca. Sam Elliot também ele extraordinário com papel de destaque como manager e irmão de Jackson Maine. Sendo este um drama sobre música, não se poderia pedir menos que uma banda sonora sublime com canções que nos acompanham muito depois da visualização do filme. Arrisco-me a dizer que facilmente será lembrado como um dos romances dos últimos tempos. Como na vida real, nem tudo é um mar de rosas e é bom que existam filmes assim.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

my (re)view: Venom . 2018


Sem tom bem definido, não conseguimos medir a força de algumas intenções deste esperado stand-alone da Marvel, este com demasiados gaps na história derivado à pobreza do seu argumento e ao desleixo de diálogos. Desde efeitos visuais totalmente ancestrais, má edição de imagem e fraco desenvolvimento de personagens, Venom desperdiça também o excelente elenco, até dá dó. Acho que queria algo mais dark ao invés de cómico, mas já que estaríamos na base da comédia, que fosse menos patético e mais substancial. Talvez tenho sido esta tentativa de transformar Venom em algo semelhante a Deadpool ou Guardians of the Galaxy mas sem que nem um terço do que se passa, consiga chegar aos calcanhares de como a comédia os torna diferentes dentro do universo Marvel. Tom Hardy merecia bem melhor que isto. Felizmente e em grande parte graças a ele dá para tolerar e ainda o conseguimos ver brilhar em algumas cenas em que luta contra os seus novos impulsos. É isso que escapa a Venom, pois contrariando o espírito do anti-herói que lhe dá nome, faltou a coragem de arriscar.

Classificação final: 2 estrelas em 5.

sábado, 6 de outubro de 2018

my (re)view: Pesquisa Obsessiva (Searching) . 2018


Searching saiu com grande buzz do Festival de Sundance desde ano como sendo inovador, conquistando grandes elogios por parte da audiência. O conceito não seria o mais apelativo para mim, mas assim que constatei a forma como o formato está tão bem aplicado percebi que para além de não poder ser mais actual nesta era em que vivemos, também consegue através das maravilhas mas também das artimanhas das novas tecnologias e da internet obter um resultado final quase perfeito criando um ambiente super intrigante e totalmente original, capaz de construir uma história sólida e de agarrar ao ecrã com momentos cheios de suspense que nos deixam à beira de um ataque de nervos. John Cho é um pai desesperado que tenta encontrar a filha desaparecida à cinco dias, recorrendo apenas a explorar as suas redes sociais, entrando em contacto com amigos e conhecidos, conhecendo melhor a rotina da filha através das ferramentas com que todos já não sabemos viver sem. Muito do sucesso desde filme vive da interpretação de Cho, pois é ele que vemos maioritariamente durante todo o filme ora através de ecrã de computadores ou de telemóveis, usando métodos diferentes de apresentar o decorrer da acção, nunca da mesma maneira, impedindo assim a possibilidade do filme se tornar entediante. Colocado ao lado de outras anteriores propostas semelhantes, Searching consegue surpreender com reviravoltas inesperadas e apesar do final ser o esperado as voltas para lá chegar são interessantes e ajudam a criar um grande mistério. A mensagem principal fica claramente transmitida. Todos sabemos que Instagram, Facebook, Twitter, e outros tantos que tal, fazem cada vez mais com que a relações se tornem impessoais e menos calorosas, mas podem ser também uma importante ferramenta. Mistérios da nossa sociedade.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

my (re)view: Upgrade . 2018


Quando o falatório é muito, das duas uma: ou é mesmo muito bom ou não é grande espingarda. O melhor é desconfiar. Pois é, esta é mais uma daquelas promessas que pouco ou nada nos consegue cativar. Upgrade já andava nas bocas do mundo como sendo o novo Robotcop ainda por cima com o irmão separado à nascença de Tom Hardy, senhor esse que dá pelo nome de Logan Marshall-Green cujas qualidades como actor são bastante competentes, o problema está no argumento pouco eloquente onde nos deparamos com um cenário que pouco ou nada sabemos como lá chegamos, mau desenvolvimento de personagens e muita trapalhada no desenrolar da acção. É um sci-fi como 90% daqueles com que habitualmente nos deparamos durante o ano, mal estruturado mas que lá no fundo dá pena por ter potencial para ser muito mais que aquilo que nos entrega. Marshall-Green tem um bom desempenho e as cenas de pancadaria são muito bem executadas, tirando isso pouco mais é de louvar. Andam também alguns entendidos a dizer que isto será futuro filme de culto, quanto a isso não sei. Para já, deixa muito a desejar.

Classificação final: 2 estrelas em 5.

sábado, 25 de agosto de 2018

my (re)view: Mission: Impossible - Fallout . 2018


Quando sai o primeiro Mission: Impossible em 1996 com Brian de Palma no comando e Tom Cruise a fazer as honras, penso que se estaria longe de imaginar que 22 anos depois a saga continuasse de pé e ainda com pernas para andar por mais uns bons anos. Cruise entrava assim na fase a que eu gosto de chamar "filmes à Tom Cruise" ficando cada vez mais conhecido o facto de não precisar de duplos para fazer todas as cenas de acção nos seus filmes, aspecto que dá todo um outro entusiasmo quando estamos a assistir a essas cenas. As missões de Ethan Hunt (Tom Cruise) e da sua equipa ao serviço do IMF (com Ving Rhames e Simon Pegg como secundários até agora mais recorrentes) tornaram-se um sucesso sendo um dos franchises que mais dinheiro já gerou nas bilheteiras a nível mundial. Com altos e baixos no que toca a qualidade, ao longo destas duas décadas, ninguém pode negar que a acção está sempre garantia, assim como a energia do cast e entrega de Tom Cruise parecem tomar contra de tudo o resto que poderia correr mal. Com a chegada de Mission: Impossible - Fallout realizado por Christopher McQuarrie, a fasquia rebenta e sendo este um dos melhores filmes de acção dos últimos anos, juntado-se a Mad Max: Fury Road, como mais uma das provas que os blockbusters podem ser de extrema qualidade contendo um bom equilíbrio no que toca a escrita vs parte técnica. As sequências de acção vão aumentando de intensidade à medida que o plot se vai desenvolvendo, enquanto ficamos com os nervos em franja! A sequência da perseguição de motociclo em Paris é algo espectacular assim como a de Kashmir na Índia envolvendo literalmente uma luta entre helicópteros. Humor e suspense são aqui bons aliados, juntando uma banda sonora perfeita que ajuda a entranhar o espírito frenético e intenso, saindo da sala a pensar como é que é possível um simples filme de acção mexer tanto connosco, permanecendo na memória tal é a perfeição na execução de muitas das cenas. Seis filmes depois, cinco realizadores depois, mas o mesmo Tom Cruise de sempre. Quero mais, espero que igual ou melhor.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

domingo, 19 de agosto de 2018

my (re)view: Tully . 2018


Tully revela o lado sombrio da maternidade, que certamente se conecta com muitas mulheres que já passaram ou estão a passar pelas dificuldades, mas também pelas alegrias que isso acarreta. O melhor de tudo é que mesmo para quem ainda não saiba o que isso é (o meu caso) a experiência se torna emocional, com a magnifica Charlize Theron a dar tudo, para que a sua ligação connosco enquanto expectadores seja a mais real e sentimental possível. Charlize Theron, que continua a optar por escolhas muito interessantes na carreira, estando a crescer cada vez mais e seriamente a tornar-se das mais completas actrizes da sua geração. Aqui temos o factor comédia sempre ligado de forma satírica à vida familiar e ao papel da mulher enquanto dona de casa e progenitora, enquanto vemos situações que poderiam perfeitamente ser reais e inseridas no dia-a-dia de alguém comum, coisa que Jason Reitman consegue atingir em todos os seus filmes, que têm sempre um sabor agri-doce ou não gostasse ele de contar as histórias reais de pessoas que bem poderiam ser reias. Momentos fantasiosos vão-se cruzando connosco, como se estivemos dentro da cabeça da personagem principal, mas nunca desvendando o final que nos espera. Este seria provavelmente o tipo de filme onde não estaríamos à espera da um twist final e isso é o mais surpreendente de tudo e o que o torna ainda mais especial tendo em conta o tema central da história que por sinal é muito sério. Cheguei ao fim do filme com a sensação que será um dos injustiçados deste ano, mas merece grande crédito, não só pelo que significa, mas também pelo que consegue atingir através dos actores e daquilo que eles fazem nos momentos mais significativos. 

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

domingo, 8 de julho de 2018

my (re)view: The Incredibles 2: Os Super-Heróis (Incredibles 2) . 2018


É bom, sim é, mas não tão bom quanto o primeiro filme. A Pixar esperou demasiado tempo para reavivar está história, e o seu ponto de partida é exactamente o final onde nos deixaram no original de 2004, talvez sendo esse o maior problema, pois apesar deste estar repleto de humor e muita acção quase em parar, dificilmente consegue surpreender ou arriscar sendo irreverente. Aos 14 anos vibrei com o que vi, e estava convicta de que iria vibrar da mesma forma, mas a verdade é que não foi bem assim. Diverti-me bastante, mas não senti a mesma magia de quando acabo de ver muitas outras obras primas da Pixar. O facto de ser bastante previsível e de se guiar por todas aqueles assuntos actuais, onde o female empowerment é o que importa, dando bastante mais relevo ao papel da Elastic Girl, acaba por fazer com que o restante conteúdo não seja tão interessante assim, levando-nos até um vilão bastante fraco, optando pelos caminhos fáceis e não tão inteligentes quanto a Pixar costuma utilizar, transformando todo o girl power em algo banal. O bebé Jack Jack, acaba por ser a surpresa mais agradável de todas, proporcionando as melhores gargalhadas e os momentos mais inesperados de todo o filme. Depois do lindíssimo Coco, Incredibles 2 não conseguiu ultrapassar expectativas.

Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

quinta-feira, 28 de junho de 2018

my (re)view: Hereditário (Hereditary) . 2018


Uma boa experiência de horror, é aquela que nos incomoda e perturba, mesmo quando não estamos perante nada chocante a nível visual. Hereditary está ao nível de muitos bons filmes da era de ouro do género, onde encontramos bastantes semelhanças quer de ritmo, intensidade ou mistério, de muitos dos mais emblemáticos filmes de horror, principalmente do horror psicológico, aquele que mais aprecio. O ambiente mexe connosco só pelo facto de não sabermos ao certo onde vamos chegar, andando as voltas pelo caminho traçado, caminho esse onde o espiritismo e o historial de crenças e atitudes nos fazem ficar baralhados. Os actores impecavelmente são parte do sucesso do filme e são meio caminho andado para esse factor perturbador dar certo. Toni Colette nunca esteve tão bem, numa personagem que aflige só de olhar para ela. Muitas são as pistas por nós ignoradas, levando a um desfecho macabro. Muitos são os momentos de ficar de boca aberta, sem saber como reagir. Mas muitos mais são os momentos em que não aguentamos de tanta tensão sem saber o que vai acontecer a seguir. O mais engraçado é a forma como o realizador Ari Aster brinca com os nossos sentimentos, num filme que não é feito de sustos, mas que usa truques perfeitos que nos levam a pensar que algo mau vai acontecer em breve, criando uma agonia no espectador, mas que logo a seguir e curiosamente se transforma em fascínio, pois tanto queremos que acabe depressa, como queremos revê-lo mais uma vez assim que acaba. Este género parece continuar a surpreender e este vai ser um dos melhores e mais irreverentes do ano.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

terça-feira, 5 de junho de 2018

my (re)view: Sou Sexy, Eu Sei! (I Feel Pretty) . 2018


Contrariando a opinião de muitos que já viram este filme, como mulher consegui encaixar me perfeitamente a nível emocional perante o que vi. Vivemos num mundo onde a imagem vende imenso, onde mulheres que não se inserem em determinados números da balança, não se arranjam ou vestem consoante os padrões da sociedade, são julgadas todos os dias, nos mais variados sítios, tanto por outras mulheres como por homens, fazendo-as sentir feias e indesejadas a nível laboral, intelectual e social. I Feel Pretty, ao contrário de muita coisa que li sobre ele, é um retrato real sobre aquilo a que muitas mulheres estão sujeitas, onde obviamente aqui algumas das cenas são exageradas, e inseridas no género da comédia, mas todas elas com o propósito de demonstrar o mesmo: a pressão da sociedade sobre aquilo que a mulher deve ser principalmente a nível estético. Amy Schumer é o que eu chamo de mulher real, e não poderia haver melhor escolha para este papel. Também ela por vezes julgada no universo Hollywoodesco e das redes sociais, exactamente pelos mesmos motivos. A mensagem mais importante a retirar daqui é que temos de aprender todos os dias a ter mais confiança em nós próprios e o mundo começará também a olhar para nós de forma diferente. Temos que nos aceitar primeiro e a partir daí, todos os outros são obrigados a nos aceitar. A mensagem é inspiradora, mas a originalidade do argumento nem por isso. A história tem o seu quê de What Woman Want, Bridget Jones Diary e até Shallow Hal, com os clichés do costume inerentes a este tipo de histórias. Para quem pensa que vai encontrar Schumer no mesmo registo do engraçadissimo Trainwreck de Judd Apatow engane-se (confesso que ia à procura disso mesmo), pois I Feel Pretty está longe disso e desperdiça muito do seu grande talento. É apenas mais um filme que irá cair no esquecimento, quando poderia muito bem transformar-se uma ode à mulher moderna.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

sábado, 2 de junho de 2018

my (re)view: Han Solo: Uma História Star Wars (Solo: A Star Wars Story) . 2018


Mudanças repentinas já a meio do caminho, são sempre indicio de que algo poderá correr mal, e aquando do afastamento de Phil Lord e Chris Miller da realização de mais um snip-off da saga Star Wars só se poderia esperar o pior. Ron Howard entra a bordo e não faz muito mais daquilo que era esperado para Solo: A Star Wars Story. Neste segmento Han Solo é o personagem de destaque, mas a sua história não é afinal tão surpreendente quanto isso, num argumento que joga muito pelo seguro, entretém, mas com menos brilho do que o carisma reconhecido que Solo merece, muito em parte por aquilo que Harrison Ford fez dele. Alden Ehrenreich consegue aproximar-se muito bem do tom e maneirismos de Ford, e descobrimos aqui como Han Solo conheceu Chewbacca, sabemos também como conheceu Lando Calrissian (Donald Glover Jr.), mas sabemos muito pouco do que foi o seu passado enquanto criança e adolescente no planeta de Corellia e também sobre Qi'ra (Emilia Clarke) a personagem mais misteriosa e intrigante desta história, mas que na realidade chegamos ao final sem saber muito mais sobre ela do que sabíamos no inicio. Um dos factos curiosos, é a aposta forte na crítica social e actual sobre a desigualdade entre géneros, que inserido neste mundo era tudo aquilo que menos podiamos estar à espera. No geral, falta-lhe desenvolvimento de personagem e situações. Falta também o brilho especial da saga, que também acabou por faltar a Rogue One. Mas se gostei de ver? Gostei. Apesar de ser apenas razoável, a magia Star Wars fala sempre por si.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

domingo, 27 de maio de 2018

my (re)view: Deadpool 2 . 2018


Holy f*#%$"! sh*t, é impossível não adorar Deadpool! Dentro de um nível completamente diferente de tudo aquilo que já vimos no cinema sobre super heróis, Deadpool é o perfeito anti-herói. Nunca esperei que esta sequela eleva-se a fasquia, mas que pelo menos a mante-se. Foi isso que aconteceu! É completamente impossível ver este filme sem um sorriso patético na cara o tempo todo! Ryan Reynolds é claramente dos melhores castings da história e para além das caras que ficaram conhecidas da primeira grande aparição de Wade Wilson no cinema, juntam-se agora ao grupo Josh Brolin que tem sempre tudo para ser um bom vilão, Zazie Beetz responsável pela elevada dose de girl power e também o jovem Julian Dennison que já tinha brilhado em 2016 num maravilhoso indie de Taika Waititi, The Hunt for the Wilderpeople, que aposto que foi um peso enorme para a escolha deste papel. O que eu mais gosto em Deadpool é que nunca segue regras e aproveita ao máximo as escolhas menos inteligentes a nível de argumento para fazer pouco disso mesmo, tornando o que é banal em algo mais cool e arriscado. Engane-se quem pensar que Deadpool não tem sentimentos, pois desta vez vemos o seu lado mais sentimental e profundo, com uma componente mais sombria e emocional, mas que por sua vez proporciona por isso mesmo momentos ainda mais gloriosos e cheios de acção, ou não fosse o seu realizador, David Leitch também ele responsável por John Wick. Está também bastante presente o conceito de família, união e amizade que não encontrávamos no primeiro filme. É raro quando uma sequela ultrapassa a qualidade do filme original, mas é certo que este não desaponta. Um elenco peculiar, para personagens peculiares, que resulta na perfeição onde Reynolds steals the show com uma perna às costas.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

domingo, 20 de maio de 2018

my (re)view: Nunca Estiveste Aqui (You Were Never Really Here) . 2017


Assoberbado por um espírito bastante misterioso e ao mesmo tempo inquietante, You Were Never Really Here é daquelas experiências difíceis, mas que perduram na memória, onde a violência está presente e onde por vezes temos dificuldade em distinguir o que é realidade do que não é. De atmosfera bastante intensa, transportando uma grande melancolia, a realizadora Lynne Ramsay deixa-nos ser nós próprios a preencher os pedaços no vazio, tornando a experiência ainda mais interessante. Um jogo difícil e complexo sobre um homem de personalidade destrutiva, agressiva, mas doce ao mesmo tempo, que depois de se ter reformado de uma vida às ordens da lei, vive agora à margem resgatando jovens desaparecidas por conta própria. Joaquin Phoenix tem aqui mais uma performance de topo, tendo ganho o ano passado no Festival de Cannes o prémio de melhor actor, título único, depois de infelizmente o filme ter caído no esquecimento de todas as outras atribuições de prémios durante o ano. A força da realização de Ramsay e a impecável performance de Phoenix são o maior triunfo, onde o título faz muito mais sentido quando reflectimos sobre a importância do tema.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

my (re)view: Um Lugar Silencioso (A Quiet Place) . 2018


Quando um filme contém tudo aquilo que um género deve ser. Bem vindos a um cenário pós-apocalíptico não muito distante, onde reina o silencio e todos aqueles que se atreverem a fazer qualquer som se condenam automaticamente a um fim. Algures nos Estados Unidos, conhecemos uma família das poucas que parecem resistir aos novos tempos, cuja união faz a sobrevivência, mas o medo acaba por liderar as suas vidas. O grandioso trabalho tanto dos actores como da edição de som, fazem com que seja meio caminho andado para o sucesso deste filme, cuja história é inquietante do inicio ao fim, cheia de grandes interpretações e uma cinematografia de tirar o fôlego, criando por si só uma envolvencia interessante deixando o espectador com uma ansiedade tremenda pelo que está por vir. A Quiet Place segue claramente outras referencias do suspense/horror, mas fá-lo muito bem e à sua maneira. A tensão e o medo ultrapassam o ecrã e a experiência vale totalmente a pena. Espero que John Krasinski não seja esquecido quando lá para o final do ano se falar do que foi bom cinema durante o ano. Espero também que Emily Blunt comece a ser valorizada mais vezes, pois está mais que provado que já o deveriam ter feito.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

sábado, 28 de abril de 2018

my (re)view: Avengers: Guerra do Infinito (Avengers: Infinity War) . 2018


E eu que estava prontinha para cascar tanto nisto, acabei por sair extremamente surpreendida. A verdade é que não sou propriamente fã destas alianças ao estilo "tudo ao molho e fé em deus", mas parece que desta vez foi diferente. Pensamos que estamos preparados para o que vamos encontrar, mas não. Tanto o primeiro Avengers como Age of Ultron ou Civil War sofriam de coerência entre personagens e momentos, tornando os filmes confusos com uma escrita monótona e sem graça. Acontece que os acontecimentos que aqui nos trazem são muito mais trágicos e leva-nos até um desfecho que para aqueles que como eu, não seguem habitualmente os comic books, surpreende muito, pondo em causa daqui para a frente tudo aquilo que até aqui vimos. Continuo a achar a duração destes filmes desnecessária, pois não precisava de três horas para ficar ou não convencida, mas todos os momentos entre Thor/Guardians of the Galaxy, Stark/Strange ou Thanos/Gamora são grandiosos, já para não falar do humor inerente a todos eles, apesar da carga dramática mais associada à team Captain America. Afinal a aposta mais ambiciosa da Marvel até agora não foi um fiasco como esperava e quer se seja fã ou não, o impacto final está lá. Stand alone's à parte, finalmente estiveram dispostos a correr riscos e por isso mesmo as coisas resultaram melhor.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

quinta-feira, 12 de abril de 2018

my (re)view: Peter Rabbit . 2018


Há lá coisa mais querida do que filmes com animais falantes!? Não. Mas são todos eles bons!? Nem pensar. Peter Rabbit é daquelas promessas que infelizmente cairá no esquecimento, pelo medo de arriscar e pela falta de criatividade com que chegou até ao grande ecrã. É certo que se baseia nos contos clássicos infantis de Belatrix Potter, mas assim como é super bem executado a nível visual, com um uso perfeito do live-action, esta história sobre um coelho do campo e das aventuras com a sua família, podia ter surpreendido mais se tivesse optado menos pela previsibilidade dos actos e talvez mais pelo lado sombrio e sincero das coisas naturais da vida e pelo sentimento de união e amizade. No que toca à animação as criaturas são super bem conseguidas, parecendo mesmo de verdade, assim como a interacção com os actores é perfeita, e algumas das cenas executadas com extremo cuidado visual. Mas é no que toca à escrita que perde muitos pontos. Sabe a mais do mesmo e apesar da doçura com que olhamos para os coelhinhos, falta-lhe muito do charme que por exemplo Paddington dentro do mesmo género, consegue transportar. Conhecendo os livros da sua autora original, acredito que não ficaria satisfeita. Quando a mim, é apenas mais um dentro da categoria do fofinho.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

domingo, 8 de abril de 2018

CINEPHILA | Lethal Weapon (franchise)



Perdoem-me a extrema adoração com que escrevo este texto, mas a ligação a este franchise é deveras forte. Foi ainda enquanto criança que a minha relação com os Lethal Weapon começa, muito em parte por causa dos meus pais, e da quantidade de vezes que passávamos serões a visualizar em VHS aqueles que merecem ser aclamados como os melhores buddy cop movies de todos os tempos! Por vezes chego mesmo a pensar que uma grande parte da minha paixão por ver cinema, começa mesmo com essas memórias.

Martin Riggs e Roger Murtaugh nasceram assim da mente do argumentista e realizador Shane Black - que escreveu os dois primeiros segmentos do franchise - que combinava no seu argumento, e com perfeição, muita acção e suspense com doses elevadas de humor negro, que só podiam resultar com uma dupla implacável de actores. Mel Gibson e Danny Glover davam vida a dois policias bem caricatos, que nos davam a conhecer mais, para além das suas carreiras enquanto oficiais da lei. Ambos os personagens tinham profundidade, e essa foi uma das características que fizeram o sucesso destes filmes. O facto dos personagens serem bastante reais criava assim uma maior afectividade com o público, cuja vida profissional se cruzava com a vida pessoal de cada um, mostrando muito dos dilemas com que se debatiam nas suas vidas. É impossível negar a forte química que existe entre Gibson e Glover, que transparece para o outro lado do ecrã e faz com que qualquer um se relacione com eles. Riggs é explosivo, corajoso, com sede de justiça, apegado a um trauma que mexe com ele emocionalmente. Murtaugh é um veterano, calmo e cauteloso que quer apenas chegar a casa são e salvo todos os dias. E como os opostos se atraem, a loucura de um e a moderação de outro, criam uma combinação que fala por si só.


Richard Donner é o responsável pela realização dos quatro filmes do franchise, originando alguns dos mais engraçados momentos perfeitamente equilibrados a nível de tom e estilo. No primeiro filme (1987), ficamos a conhecer o que juntou estes dois homens. Ansioso pelo dia da sua reforma, o detective Roger Murtaugh vê-se a trabalhar com o muito mais novo e imprudente Martin Riggs da unidade de narcóticos. Os dois investigam o alegado suicídio de Amanda Hunsaker, filha de um empresário de negócios que esteve na guerra do Vietname com Murtaugh. No decorrer da investigação, ambos chegam à conclusão que Hunsaker está envolvido num esquema de tráfico de drogas liderado por um antigo general. No segundo filme (1989), durante uma perseguição, Riggs e Murtaugh dão de caras com um camião cheio de Sul-Africanos ilegais, que os leva a um perigoso caso de trafico humano. É aqui que conhecem o desbocado Leo Getz, aquele que se viria a transformar noutro dos maiores tesouros de Lethal Weapon, tesouro esse chamado Joe Pesci. Em 1992 e 1998 a aceitação pela crítica foi bastante inferior, mas o espírito dos personagens mantém-se o mesmo, apesar de ambos sofrerem de um argumento inferior.

Todas as histórias são bastante fáceis de perceber e desvendar, mas todas elas bebem bastante daquilo que Mel Gibson e Danny Glover conseguiram fazer com os seus personagens. Apesar de todos os aspectos positivos inerentes à obra no geral, o brilho de tudo isto nasce com a harmonia como estes personagens se conectaram entre si, pela forma como foram escritos e pela empatia que criam connosco. Pois celebram a cima de tudo a amizade e é essa forte amizade que suporta tudo o resto, sob a qual cada segmento assenta, amizade essa que Mel Gibson e Danny Glover cultivam até aos dias de hoje, não só entre si, mas também com todos nós. Adoro isto!

sexta-feira, 30 de março de 2018

my (re)view: Ready Player One . 2018


O meu entusiasmo por Ready Player One foi crescendo pela curiosidade de ver como Steven Spielberg conseguia inserir a cultura pop dos anos 80 num contexto futurista, que parecia querer misturar num sitio só, entusiastas do cinema e gamers. A verdade é que chegamos ao final do seu mais recente filme, com uma sensação de que nada de verdadeiramente impressionante acabou de acontecer. Afinal de contas, estamos perante mais uma aventura de um grupo de jovens carismáticos, cuja bravura leva avante um espírito de união. Passado num universo distópico, onde a maior parte das pessoas vive agarrada aos jogos de realidade virtual, Wade Watts (Tye Sheridan) é um jovem orfão viciado num jogo chamado OASIS, cujo criador James Halliday (Mark Rylance) escondeu alguns easter eggs (pequenas pistas) que poderão dar benefícios na vida real a quem as encontrar. No entanto essas pistas são também procuradas por Nolan Sorrento (o fantástico vilão Ben Mendelsohn) chefe de uma corporação que pretende dominar o mundo. Estamos assim perante um autentico festin de easter eggs atrás de easter eggs, onde a nostalgia nos domina e pretende dissimular do lado mau das coisas. É óptimo ver mencionadas muitas das coisas que mais adoramos, ou ver espalhadas por todos os lados referências pelas quais temos um certo carinho, mas não podemos deixar de constatar que os problemas de ritmo estão lá, o background de personagens não existe e que a narrativa não transita de forma fluída, sendo por vezes desregulada. Mas nem tudo é mau, e não posso deixar de referir, sem fazer spoiler, que a melhor sequência do filme é um magnifico tributo de Spielberg a Kubrick literalmente dentro de The Shining e que outra das coisas mais magnificas tem o nome de Olivia Cooke que prova mais uma vez que é uma promessa gigante. Sem dúvida que diverte, mas não satisfaz totalmente.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

sexta-feira, 23 de março de 2018

my (re)view: Annihilation . 2018


O fenómeno Annihilation começou muito antes de sequer ter chegado a todo o público. Sendo um dos mais esperados desde ano, contendo imenso hype em torno da sua chegada, foi uma surpresa para todos saber que o novo sfi-ci de Alex Garland (Ex Machina) saltava a estreia no cinema directamente para as mãos da Netflix. Intitulado de demasiadamente intelectual e complexo para os gostos da maior parte das audiências, é sabido que a Paramount entrou em pânico assim que percebeu o que tinha em mãos. É pena, pois constata-se que Annihilation certamente se transformará em filme de culto, que se sente mais do que propriamente se revela concreto, dando origem a inúmeras teorias possíveis em torno do que estamos a observar. Uma experiência envolvente que nos absorve para dentro dela e nos incomoda pela facilidade com que nos agarra para dentro do desconhecido. A história é centrada numa bióloga (Natalie Portman) que está prestes a enfrentar o luto do marido (Oscar Isaac), quando misteriosamente sem aviso este reaparece. Depois dessas estranhas circunstancias, ela torna-se voluntária numa missão para explorar uma área secreta, que se encontra afectada por algum tipo de acontecimento inexplicável. A sensação de perigo está sempre à espreita e as boas performances do elenco contribuem bem para esse efeito. Talvez o seu único problema esteja ligado à quantidade de flashbacks que Garland lhe colocou, e de como estes interagem com a narrativa principal, mas que acabam por ser erro menor no meio de toda esta viagem. Não é de todo um filme fácil, mas esses são os filmes mais desafiadores. Os que nos deixam a pensar sobre eles e nos fazem trocar ideias.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

quinta-feira, 15 de março de 2018

my (re)view: Tomb Raider . 2018


Tomb Raider não consegue fugir dos habituais problemas deste tipo de adaptação de video jogos para cinema, onde o argumento é fraco, os diálogos são pobres, as reviravoltas esperadas, mas a verdade é que vivemos esta experiência de forma bastante entusiasmante. Voltamos aqui às origens da jovem Lara Croft e sabemos perfeitamente que nada de mal lhe vai acontecer, mas vivemos cada dificuldade sua, cheios de emoção, intensidade e esse é exactamente o efeito que o jogo proporciona, cumprindo em parte aquilo que é devido. Alicia Vikander trás-nos uma Lara Croft menos sex symbol, muito mais aventureira, explorando de forma diferente aquilo que Angelina Jolie já havia explorado nas outras adaptações anteriores. Que Vikander é bastante competente já sabemos, vê-la neste papel bastante diferente do que costuma fazer e desafiador, mas o argumento dá-lhe obviamente pouco com que trabalhar e isso faz com que momentos mais emotivos não retenham da nossa parte tanta importância como os momentos de grande acção. Walton Goggins infelizmente não tem tempo suficiente para demonstrar o quão bom vilão pode ser, e isso é também um dos pontos fracos deste filme. Definitivamente cumpre com o entretenimento, quer por parte das cenas de acção como pelos cenários e efeitos visuais que são bastante competentes, abrindo no final as portas para continuidade dentro deste reboot. Não duvido que consiga, certamente os valores de bilheteira vão falar por si só. Assim que o filme terminou ficou a dúvida na minha cabeça: se isto é mau, então porque é que eu gostei!? Será que afinal é bom? Não merece positiva em geral, mas há que registar que o feeling requerido está lá todo.

Classificação final: 2,5 estrelas em 5.

sábado, 10 de março de 2018

my (re)view: Black Panther . 2018


[Em primeiro lugar, fica aqui a confissão que foi a banda sonora do albúm Black Panther de Kendrick Lamar que me levou mesmo a querer ver este filme.] Black Panther causou curiosidade, aquando da sua aparição em Captain America: Civil War e aqui estamos apenas concentrados em si, perante o seu background, que sim, segue o estilo Marvel habitual (nada de novo nisso) mas onde a qualidade do elenco é o que na realidade sustenta todo o filme, tornando-o tolerável e interessante. Personagens carismáticos, resultam graças às boas performances, mas o filme sofre de problemas de ritmo, com cenas demasiado longas, e outras que até poderiam ter sido mais exploradas. Uma história feita de altos e baixos com alguns buracos no plot, onde o CGI é rei, definitivamente a aposta forte neste tipo de universo como já sabemos, mas que por vezes cai demasiado no típico exagero ao estilo jogo de computador. Os problemas de ritmo são sem dúvida o que podemos destacar de pior e acho cada vez mais que a duração destes filmes Marvel é exagerada. Queria mais Andy Serkis que faz falta em estado "normal" e é de destacar a realização de Ryan Coogler, que surpreende uma vez mais com ideias extremamente bem executadas e cenas impecavelmente ensaiadas. Um dos aspectos mais curiosos não deixa de ser a mensagem a passar, talvez a mais forte e significativa de todos os filmes do universo Marvel, onde a visão politica, moralista, capitalista e de descriminação social, existem e têm tanto poder, como os poderes dos seus super heróis.

Classificação final: 3,5 estrelas em 5.

terça-feira, 6 de março de 2018

Oscars 2018 (ou) o inesperado ódio por The Shape of Water .

Mais uma cerimónia dos Oscars passou, depois de um ano super mediano em termos de qualidade, apenas com pequenas surpresas, surpresas essas que quando tocou a ganhar as famosas estatuetas douradas passaram completamente ao lado (e eu ainda me admiro). Ao invés de comentar categorias, como em anos anteriores, decidi abrir um espacinho para a minha indignação contra dois dos principais prémios da noite.

Depois da academia ignorar completamente realizadores como Denis Villeneuve por Blade Runner 2049, Martin McDonagh pelo arriscado Three Billboards Outside Ebbing Missouri, ou Luca Guadagnino pelo emocional Call Me By Your Name é Guillermo Del Toro que ganha o prémio com um filme que é provavelmente o mais fraco de todos os nove principais nomeados. Não só ganha ele, como ganha Melhor Filme o seu The Shape of Water, um conto de amor entre uma humana e um homem anfíbio, onde o oxigénio é realmente escasso, e a história de emotiva ou original tem pouco. 

Mesmo depois dos rumores de plágio (a história foi não só comparada a uma peça chamada Let Me Hear You Whisper do dramaturgo Paul Zindler, falecido em 2003 ou extremamente parecida a uma curta metragem holandesa de 2015 que segue os mesmos parâmetros) os movimentos times up e me too parece que acabaram por ofuscar sempre essas ideias (essas e quaisquer outras durante esta temporada de prémios) levando sempre avante a ideia de que estaríamos perante a verdadeira obra-prima de Del Toro, obra essa chamada Pan's Labyrinth de 2006, desde então mantendo um padrão mediano em todos os seus filmes, Shape of Water sem excepção. 

Aos que esperavam como eu, um romance arriscado, sem fronteiras, cuja criatura significa tudo aquilo que é o amor, estamos ao invés disso perante um conjunto de momentos banais, muitas vezes patéticos, onde chegamos a ter pena do forte elenco que faz parte dele - expliquem me só o fascínio por Octavia Spencer que ainda não percebi muito bem sff! Custa-me a crer como é que perante filmes que realmente se destacam foi este o escolhido da maior parte dos conhecedores, algo que me leva a querer cada vez mais, nos interesses que estarão por detrás destas estranhas escolhas.

Quem me dera que o envelope tivesse vindo trocado novamente. Ou que ao menos o Paul Thomas Anderson tivesse ganho ao invés dele.

Shout out fortíssimo para as vitórias de: Frances McDormand, Sam Rockwell, Gary Oldman, Roger Deakins e Jordan Peele! É bom ver que no meio disto tudo, ainda merece a pena ficar contente com os momentos de consagração dos que valem a pena ressalvar.

WTF!?: (já nem cascando mais em cima deste) eu ainda estou para perceber como é que Lady Bird apareceu também neste lote, tendo um forte palpite que a razão tenha sido enfiar pelo meio a Greta Gerwig porque era uma mulher a realizar e parecia bem.

Podem consultar a lista completa de vencedores aqui: http://www.oscars.org/oscars/ceremonies/2018

domingo, 4 de março de 2018

my (re)view: Mom and Dad . 2017


O ano ainda mal começou, e Mom and Dad foi das coisas mais divertidas que até agora vi. Imaginem que todas as mães e pais do mundo de repente, sem razão aparente, se revoltassem e começassem a querer matar os seus filhos!? Um zombie apocalipse em modo parenting, cuja unica solução é os filhos também eles se tornarem assassinos para sobreviver. O humor negro é rei e há cenas absolutamente deliciosas de tão goofy que são. O espirito B Movie é super bem aproveitado, com Nicolas Cage perfeito, numa das melhores coisas que tem feito nesta recente carreira de fracassos recorrentes. Selma Blair também ajuda. O ritmo é bem energético e assim como existem cenas memóraveis, também existem momentos introspectivos onde o casal partilha as suas frustrações e sonhos perdidos devido à parentalidade. Não é a coisa mais perfeita do mundo, mas dá-nos apenas aquilo que queremos. Uma hora e meia de diversão, à qual desculpamos todos os erros, só pelo facto de ter cumprido com o seu objectivo.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

sexta-feira, 2 de março de 2018

my (re)view: A Agente Vermelha (Red Sparrow) . 2018


Sotaques russos manhosos, dialogos mediocres e cenas desastrosas que arruinam completamente o efeito spy movie entre russos e os seus melhores amigos, os americanos. Red Sparrow deixa de lado o factor de tensão, recorrendo demasiado às cenas sexuais, mas usando de forma desleixada o factor de sensualidade que seria chave, visto abordar a história de uma prima bailarina do teatro de Bolshoi, que tem de se prestar a favores sexuais e de sedução a favor da pátria, e da familia, recebendo em troca estabilidade monetária para tratar da sua mãe doente. Jennifer Lawrence está a tornar-se um pequeno ódio de estimação. Para quem a achava um prodigio, levada pela onda hollywooodesca que lhe atribuiram quando surgiu nestas andanças, Lawrence é realmente muito bonita e interessante, mas sinto que este papel acabaria por resultar melhor noutra actriz. A sua quimica com Joel Edgerton é péssima, coisa que deveria ser o principal factor para o sucesso deste filme. Na verdade, não há momento algum em que o filme nos faça acreditar no que estamos a ver e ser previsivel não ajuda nada. São mais de duas horas de conteúdo superficial, que se vai tornando cada vez mais desinteressante, onde uma das melhores e mais intensas cenas, é protagonizada por Mary-Louise Parker, interpretando uma senadora americana alcoolica.

Classificação final: 2,5 estrelas em 5.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

4 anos, obrigada cinema.


Faz hoje 4 anos que criei este espaço, do qual muito me orgulho e tenho prazer em manter. Por vezes mais movimentado, por vezes mais calmo, chego aqui e reforço todos os dias a ideia de que o cinema está sempre presente no meu dia-a-dia e que este gosto imenso nunca me abandonará. Mais que um hobbie, é uma forma de cultura e aprendizagem constante, que me alarga horizontes e me faz viajar com pouco. Obrigada a todos os que continuam a perder um pouquinho do seu tempo para passar por aqui e ler as coisas que escrevo. Obrigada ao cinema por me fazer querer continuar a aprender mais e a apreciar melhor o que vejo.

Que o cinema esteja convosco, assim como está sempre comigo.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

my (re)view: Eu, Tonya (I, Tonya) . 2017


Esta é a história verídica de Tonya Harding (competentemente interpretada por Margot Robbie) uma competitiva desportista de patinagem no gelo, cuja vida nunca foi muito sorridente. Apesar do seu fantástico dom para a patinagem, Tonya sofreu desde cedo com uma educação negligente por parte da mãe (Allison Janney está absolutamente fantástica no papel) com recorrentes agressões que segundo a mãe a tornavam mais forte e focada na patinagem. Tonya destacou-se no desporto desde cedo como uma das melhores e mais jovens patinadoras na história dos Estados Unidos, mas enquanto dentro do ringue tudo parecia ser glorioso, fora dele a estabilidade emocional sempre foi escassa. Aquando de competir nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1992, o ex-marido Jeff (Sebastian Stan) tem a ideia de enviar cartas com ameaças de morte à maior rival de Tonya, Nancy Kerrigan, mas ao invés disso o seu amigo e guarda costa de Tonya, Shawn, contrata dois indivíduos para a atacar à saída do treino. Uma mistura de estilo mockumentary passado no presente, com narração na primeira pessoa no passado, sendo várias as vezes em que os personagens lançam questões à audiência consoante os acontecimentos que estamos a ver, uma mistura faz com que exista uma dinâmica bastante interessante. As duas e diferentes perspectivas são apresentadas, cabendo-nos a nós tirar as nossas próprias conclusões, mas deixando sempre espaço para demonstrar o tipo de personalidade de Tonya e Jeff. A típica história de rise and fall que os americanos adoram e gostam de cultivar, e que nos toca da forma mais inesperada possível. Acredito que poderão haver mais camadas por detrás desta história, inclusivamente a nível criminal, mas mesmo que não queiramos (e que o filme venda essa ideia), acabamos sempre por ficar do lado de Tonya, ou não fosse uma marca forte e chocante do filme os abusos constantes de que Tonya foi alvo durante grande parte da sua vida.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

my (re)view: Linha Fantasma (Phantom Thread) . 2017


É impossível controlar o amor. É esse o exercício que Paul Thomas Anderson quis que assistíssemos desta vez na sua mais recente obra Linha Fantasma, uma luta de sexos, ilustrando as adversidades de uma relação, numa mistura de romance e mistério, com um uso da comédia que é deveras surpreendente. Um filme sustentado por três performances magnificas e uma banda sonora que nos absorve por completo para dentro da tela, representando tanto, quanto os personagens em cena. Daniel Day-Lewis é Reynolds Woodcock, um cinquentão solteiro que se cruza com a jovem Alma, que se transforma quase que num manequim humano para o seu adorado oficio, a confessão de vestidos de alta costura. Reynolds é um homem extremamente minucioso e arrogante, cheio de rotinas e manias. Esta nova paixão irá abalar o seu dia-a-dia, pois Alma recusa-se a aceitar as taras do seu apaixonado, numa luta constante de personalidades, onde observamos que o amor é demonstrado das mais variadas formas. Vicky Krieps e Lesley Manville são as magnificas forças femininas que vão contra a extrema masculinidade do personagem de Day-Lewis, onde a representação é sublime em todas as circuntancias. Um poema visual, com uma cinematografia belissima, onde até há lugar para alguns momentos mais creepy e espirituais, relacionados com os medos e fobias de um homem cuja figura é bem mais fragil do que aparente ser. Para além de algo absolutamente deslumbrante de ser visto, como é habitual da sua parte, Paul Thomas Anderson proporciona uma experiência arrebatadora, daquelas que só os grandes sabem fazer. Daquelas que permanecem connosco assim que saimos da sala de cinema. 

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

my (re)view: A Forma da Água (The Shape of Water) . 2017


Saí desta experiência, meio que frustrada. Como eterna romântica que sou custa-me a crer que The Shape of Water acaba-se por se tornar um pouco superficial para mim e incapaz de me emocionar como eu esperava que acontecesse. Desde o inicio do ano que Guillermo Del Toro tem vindo a ser elogiado por esta sua mais recente obra, que para mim sofre de alguns problemas de narrativa, assim como é detentor de alguns momentos que a meu ver poderiam bem ter passado ao lado. Esta é a história de Elisa (interpretada brilhantemente por Sally Hawkins cuja expressão corporal tem forte presença visto Elisa ser muda) uma jovem que trabalha nas limpezas de um laboratório secreto do governo, num cenário passado durante a guerra fria. Quando o laboratório recebe uma estranha criatura, Elisa descobre que este é metade humano metade anfíbio, e sem saber bem explicar porquê os dois começam a criar um laço de afectividade bastante forte. A banda sonora transporta-nos para o lado mágico da coisa, sendo o filme uma clara homenagem ao celebre sci-fi Creature from the Black Lagoon, assim como uma demonstração que o amor pode ter muitas formas. Apesar do maravilhoso set design e do toque místico e de fantasia da banda sonora, The Shape of Water vive graças às performances, tanto de Sally Hawkins como de Richard Jenkins, Michael Stuhlbarg, Otavia Spencer e do magnifico vilão que Michael Shannon personifica, melhor que ninguém. Não deixa de ficar a mensagem poderosa de romantismo e de amor, que ultrapassa barreiras.

Classificação final: 3 estrelas em 5.

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

my (re)view: Thor: Ragnarok . 2017


Filmes da Marvel já pouco ou nada me entusiasmam, mas quando o nome de Taika Waititi foi metido ao barulho já foi outra conversa. Thor Ragnarok é talvez algo mais dentro da onda de Guardians of the Galaxy, mas com o tipo de humor negro e sarcástico que Waititi gosta de colocar em todos os seus trabalhos. Em Ragnarok todos os personagens têm os seus momentos de glória, a parte visual está super bem executada, assim como as cenas de acção carregadas de humor e música a condizer. Chris Hemsworth teve nas suas mãos um Thor muito mais descontraido do habitual, e a parte cómica do personagem é um ponto a seu favor. Mark Ruffalo tem grande quimica com Hemsworth e tanto Banner como Hulk são usados na história da forma mais brilhante possivel. Ficamos a conhecer o lado mau de Odin e o lado bom de Loki, assim como nos é apresentada duas personagens femininas que são verdadeiras bad ass girls! Jeff Goldblum a ser Jeff Goldblum e isso é simplesmente perfeito. O próprio Taika como gigante de pedra é das coisas mais hilariantes de todo o filme. Ficou a faltar mais Cate Blanchett, que acaba por aparecer muito pouco. Tempo bem divertido e absolutamente bem passado! Ragnarok é tudo aquilo que a Marvel não tem sido nos últimos tempos (à excepção de Logan).

Classificação final: 4 estrelas em 5.

domingo, 28 de janeiro de 2018

my (re)view: Suburbicon . 2017


Confirmam-se os rumores. Um dos filmes pelos quais mais aguardava é uma das grandes desilusões do ano que passou. Suburbicon, é a mais recente colaboração de George Clooney com os Coen Borthers, Clooney ao leme da realização com o argumento dos irmãos, dos quais sou muito fã. Suburbicon tinha tudo para ser um thriller bem sucedido, passado nos anos 50, decor impecável e banda sonora a condizer, daquelas que entra na vibe. Mas a narrativa é super mal concedida, com imensos plot holes e boas ideias que infelizmente estão completamente mal sincronizadas com a hostória central. Ver Julianne Moore e Matt Damon no meio disto é meio que estranho, pois os seus personagens nunca chegam sequer a definir as suas verdadeiras convicções, já para não falar de Oscar Isaac que é creditado como personagem principal e talvez nem chegue a aparecer cinco minutos. Uma história sobre um assassinato estranho e uma série de eventos consequentes a ele, misturado com um subplot racial, que tem boas intensões mas não passa disso. Conseguimos tirar a ideia principal e a sua mensagem, mas o caminho até lá chegarmos não esteve à altura do mesmo. Um tiro completamente ao lado. Já percebo o porquê disto ter passado tão despercebido, e de ter sido tão mal recebido. Eu ainda tinha esperanças.

Classificação final: 2 estrelas em 5.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

my (re)view: The Post . 2017


Steven Spielberg fez mais um belissimo filme, que não só é importante como peça de um período histórico, como prima pela qualidade visual, e pelo toque de requinte dos thrillers à moda antiga. Em The Post vivemos em plena era da guerra do Vietname, aquando do escândalo da revelação dos chamados Pentagon Papers, documentos que detalhavam como a Casa Branca tinha conhecimento do que se passava na guerra, mentindo constantemente aos cidadãos americanos. A narrativa é bem construída, e esta repleto de boas interpretações, apesar de algumas quebras de ritmo aqui e acolá, mas que no geral não prejudicam toda a tensão que faz sentir o peso e a importância das decisões, em diferentes perspectivas.  Tom Hanks e Mery Streep dão grandes performances, sustentados por performances secundárias bastante sólidas. Ambos estão totalmente interiorizados no espírito da época e no conteúdo dos seus personagens. Streep é Katahrine Graham, dona do jornal The Washington Post, sabendo mais de social life do que propriamente da gestão de uma grande empresa. Hanks é Bradlee, um veterano editor à procura do momento glorioso da sua redacção, com matérias mais polémicas que as que usualmente faziam o jornal ser considerado um jornal familiar. Uma batalha entre a imprensa livre e a Casa Branca cujo segredos de estado e a publicação dos mesmos levaram o caso ao Supremo Tribunal de Justiça. Chegamos ao fim a celebrar a liberdade de expressão junto daqueles que lutaram por tal, num filme que acaba por ter o seu quê de contemporâneo, numa América que nos dias de hoje tem um chefe de estado que também ele vai tendo problemas com a imprensa.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

my (re)view: Gatos (Kedi) . 2016


O maravilhoso mundo dos gatos. Kedi é um documentário turco, realizado por Ceyda Torun, que nos apresenta a vida dos gatos vadios pelas ruas de Istambul, cidade enorme onde milhares de gatos as habitam e fazem parte do dia-a-dia de todos os habitantes. Ao longo do documentário vamos assistindo a entrevistas com alguns moradores, proprietários de lojas e restaurantes, cada um contando a sua experiência com os gatos e o quão importantes eles são para toda a cidade. Ao mesmo tempo que vamos ouvindo essas histórias, vamos seguindo mais ao pormenor as peripécias de sete gatos diferentes, onde conseguimos perceber que cada um deles tem uma personalidade especifica, e que tal como nós podem ser bastante diferentes uns dos outros. Uma demonstração de amor pelos animais, neste caso em especial pelos gatos, que são amados por todos, sendo considerados como especiais, retribuindo o amor que lhes é dado das mais variadas formas. Mesmo quem não é cat lover, vai achar este documentário amoroso. Até eu gostava de ter realizado isto. Super divertido e curioso. Uma hora e quinze minutos que parece que foram só um instante.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Let's talk about | Oscar noms 2018 .


Todos nos temos os nossos gostos pessoais, reflectindo-se bastante naquilo que achamos disto tudo das nomeações a prémios de cinema, ou mais propriamente aos mais comentados de todos, os Óscares. Este ano, foi a meu ver um ano mediano, com apenas uma ou outra surpresa algo que se tem reflectido em alguns casos onde muitos dos nomeados, outrora seria impensável o serem. Aqui ficam então alguns dos apontamentos que achei mais curiosos, assim como a minha opinião pessoal sobre quem deveria ou não estar nomeado.

Completamente roubado: Denis Villeneuve da categoria de Melhor Realizador por Blade Runner 2049.

Castigo: Christopher Plummer a ser nomeado pelo papel que roubaram a Kevin Spacey.

Yay!: Logan tem uma nomeação!

Ups!: The Disaster Artist só com uma nomeação - oh ups, mark!

Taco-a-taco: Gary Oldman vs Daniel Day-Lewis - dois kings da representação, difícil escolher.

Supresa *me being sarcastic*: Meryl Streep nomeada pela vigésima vez, só que desta vez até merece, vá!

Esquecido: Armie Hammer que merecia substancialmente, colocado lado a lado com William Dafoe. Assim como Martin McDonagh não teve change para Melhor Realizador. 

Estilo de filmes que há bem pouco tempos atrás nunca teriam sido nomeados: Get Out & Lady Bird em todas as categorias significativas. Bom ver que algo está a mudar.

Espero que ganhe: Frances McDormand e Sam Rockwell, nas categorias de actores. Merecem há bastante tempo! Assim como Three Billboards Outside Edding, Missouri melhor filme (apesar do Call Me By Your Name estar algo sublime, se pudesse dava aos dois).

Embirração do ano: Para muitos o filme do ano - The Shape of Water, cujo o encanto não chegou a mim, mas parece que está a tocar muitos corações por ai. 13 nomeações é dose.

Estava difícil: Christopher Nolan nomeado para Melhor Realizador.

domingo, 21 de janeiro de 2018

my (re)view: Chama-me Pelo Teu Nome (Call Me by Your Name) . 2017


São experiências cinematográficas como Call Me by Your Name aquelas que fazem valer a pena este amor pela sétima arte. E tal como o amor pela arte, aqui vemos retratada a essência das relações e do encanto do primeiro amor, tal como as descobertas na adolescência ou a sedução pelo outro. Tal como Elio (interpretado pela extraordinária promessa que é Timothée Chalamet) se apaixona por Oliver (um Armie Hammer que aqui me fez acreditar finalmente que é muito mais que uma cara bonita), também nós nos vamos apaixonando por esta viagem pelo verão no norte da Itália, retrato de uma adolescência que representa muito mais do que a descoberta da sexualidade, ou do primeiro amor. Representa o que é o amor de verdade, independentemente da orientação sexual ou idade, ou até do tipo de relação entre indivíduos. Call Me by Your Name tem uma mensagem muito mais importante e poderosa do que alguma vez poderíamos pensar assim que começamos a ver o filme. Desde a banda sonora, aos detalhes visuais e beleza cinematográfica, Luca Guadagnino seduz através da lente da sua camera e emociona várias vezes deixando nos arrebatados pela simplicidade e veracidade do que estamos a ver, muito em parte pela capacidade que o elenco tem em transparecer isso (exemplo disso que não posso deixar de mencionar, é o discurso de Michael Stuhlbarg perto do final que deixa qualquer um com os olhos cheios de lágrimas). Acompanhamos a jornada de Elio com muita dedicação e vamos vivendo a seu lado de forma muito pessoal todos os seus sentimentos e frustrações.

Classificação final: 5 estrelas em 5.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

my (re)view: A Hora Mais Negra (Darkest Hour) . 2017


Gary Oldman há muito que merece o seu momento de glória. Parece que finalmente chegou esse momento. Muito deste Darkest Hour recai sobre a dedicação que Oldman entregou para a interpretação de Winston Churchill homem peculiar, odiado por muitos, mas figura incontornável na história do Reino Unido. E tal como a imponente figura que retrata, também Oldman se destaca este ano com uma das melhores performances, performance essa que lhe tem dado o direito a receber o prémio de melhor actor de 2017 em todas as cerimonias de entrega de prémios. Apesar do que por vezes se diz de Joe Wright, eu acho que a sua carreira se têm mantido relativamente sólida (apenas com alguns percalços pelo meio de vez em quando), sendo o seu trabalho nitidamente mais forte, quando se trata de peças de época ou de cariz histórico, apresentando um imenso cuidado no retratar da época em questão, através do set design e também do guarda roupa, assim como quando isso é contrastado com planos interessantes e uma edição fora do normal quando falamos de histórias abrangidas nesse contexto. O plano de tensão é quase constante, só é pena algumas quebras de ritmo, mas que rapidamente se retomam, ou não estivéssemos a falar de um dos piores e mais devastadores períodos da história mundial, a segunda guerra mundial. Para quem está à espera de cenários de guerra engane-se, este é um filme mais focado nas relações humanas e pessoais de Churchill dando-nos um retrato do homem e não da figura de estado. Dêem todos os prémios a Gary Oldman, este é o seu ano.

Classificação final: 4 estrelas em 5.

my (re)view: O Sacrifício do Cervo Sagrado (The Killing of a Sacred Deer) . 2017



Steven (Colin Farrell) é um cirurgião cardiologista cuja rotina passa por encontros diários com um jovem adolescente chamado Martin (Barry Keoghan), encontros que inicialmente nos são mostrados sem razão aparente. Steven vê-se obrigado a contar à sua mulher Anna (Nicole Kidman) e aos seus dois filhos o porquê da relação entre os dois, convidando o jovem para um jantar em sua casa. Existe uma tensão esquisita no ar, até que a verdadeira razão da aproximação dos dois personagens é por fim revelada numa cena em que Martin ameaça o bem estar de toda a família de Steven e acontecimentos estranhos começam a surgir. Yorgos Lanthimos já me tinha surpreendido bastante em 2015 com o irreverente The Lobster, volta agora a fazê-lo com mais uma demonstração art house, que mistura um certo factor creepy com o horror psicológico e várias alegorias. The Killing of a Sacred Deer é absolutamente arrepiante. Enquanto vamos caminhando por um percurso complexo cheio de perguntas, muitas delas, às quais não sabemos responder, o filme vai jogando com os nossos sentimentos, enquanto os próprios personagens vão jogando com os deles entre si. Extremamente interessante. Mind games a um alto nível.

Classificação final: 4,5 estrelas em 5.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

my (re)view: Derradeira Viagem (Last Flag Flying) . 2017


Trinta anos depois, três veteranos da guerra do Vietname voltam a encontrar-se pela pior das razões. Quando Larry (Steve Carell) recebe a notícia de que o filho foi morto no Iraque, procura dois antigos amigos, Sal (Bryan Cranston) e Richard (Laurence Fishburne) para lhes pedir auxilio na difícil tarefa que é enterrar o seu único filho. Este reencontro vem trazer à memória muitos dos momentos que passaram juntos, quer tenham sido eles de felicidade ou de extrema dureza emocional. Uma viagem que vai muito além dos kilometros percorridos entre os três, um percurso emotivo de pessoas que estiveram imensos anos separadas mas que têm experiências tão fortes em comum que os liga espiritualmente a um nível muito superior, como se nunca se tivessem separado. Graças às performances do três personagens centrais, cuja química é muito boa, o filme ganha muito mais vida, mesmo perante o seu ritmo lento. Enquanto Steve Carell demonstra mais uma vez que o drama também lhe cai bem, é com Bryan Cranston que temos os momentos mais descontraídos e divertidos do filme, onde Laurence Fishburne se mantém sempre mais reservado, mas representando uma voz da razão. Richard Linklater gosta de retratar o mundo normal, o mundo das relações e mais uma vez consegue ser bem sucedido. Passou meio que despercebido o ano passado, mas é merecedor de destaque.

Classificação final: 4 estrelas em 5.