sábado, 30 de abril de 2016

Crítica: A Lei do Mercado (La Loi Du Marché) . 2015


Realizado por Stephane Brize, A Lei do Mercado é o retrato da dura realidade que é o desemprego, demonstrando de forma simples e bastante concreta, o exemplo de um homem que enfrenta essa situação. Esteve seleccionado para competir pela Palma de Ouro no Festival de Cannes 2015, tendo ganho o prémio de Melhor Actor para Vincent Lindon.

Thierry Taugourdeau (Vincent Lindon) de 51 anos, está desempregado há 18 meses, depois de ter perdido o emprego como operador fabril. Encontra-se agora a receber o pouco que lhe é atribuído pelo subsidio de desemprego, sendo persistente na procura de emprego. Thierry dá o seu melhor para voltar à normalidade que tinha há mais de um ano atrás, mas torna-se cada vez mais difícil sustentar a mulher e o filho com necessidades especiais. Quando finalmente consegue encontrar trabalho, como vigilante num supermercado, Thierry vê-se agora numa posição delicada. Depois de meses de tormento e frustração, poderá ser agora ele o responsável pelo despedimento e humilhação de outros.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Crítica: Todos Querem O Mesmo (Everybody Wants Some) . 2016


Depois de Boyhood - Momentos de Uma Vida, Richard Linklater regressa com Todos Querem o Mesmo, uma espécie de sequela espiritual do seu filme de 1993 Dazed and Confused, mas sem qualquer ligação em especifico. Mais uma das suas odes ao passar dos tempos, trazendo até nós a nostalgia de uma era, transmitida com simplicidade.

Estamos em 1980. Conhecemos Jake (Blake Jenner) um promissor jogador de basebol, preparado para começar uma nova etapa da sua vida numa universidade do sul do Texas. Jake muda-se para uma casa onde terá que viver com os seus colegas de equipa, e é recebido das mais variadas maneiras. Alguns dos colegas demonstram a arrogância e desprezo pelos caloiros, com uma atitude a principio fria de quem já marca território, o caso de McReynolds (Tyler Hoechlin) o melhor jogador do grupo, ou outros com personalidades mais amigáveis, que se sentem bem quando no papel de líderes, influenciando as decisões dos mais novos membros, o caso de Finnegan (Glen Powell) ou Dale (J. Quinton Johnson). Cabe agora a Jake integrar-se e passar pelas experiências da vida de caloiro da melhor maneira possível, aproveitando com os novos amigos os dias antes do começo das aulas.

domingo, 24 de abril de 2016

It Takes 2 . #5 Anderson & Hoffman


Paul Thomas Anderson & Philip Seymour Hoffman

E foram 5: Hard Eight (1996) . Boogie Nights (1997) . Magnolia (1999) . Punch-Drunk Love (2002) . The Master (2012)

Sucesso da Parceira:

Todos os realizadores acabam por ter musas. E o sucesso do seu trabalho acaba também por ser influenciado pelo trabalho dos actores. Por isso mesmo, Paul Thomas Anderson foi muito importante na carreira Philip Seymour Hoffman, assim como Philip Seymour Hoffman é imediatamente associado à obra de Paul Thomas Anderson.

High-lights : 

Enquanto Paul Thomas Anderson começava a marcar desde cedo a diferença em Hollywod, com as suas características inconfundíveis, este também ajudou na progressão da carreira de Philip Seymour Hoffman, que foi passando aos poucos dos papeis secundários, para papeis mais interessantes, e de liderança. Apesar das suas colaborações anteriores, e da importância dos papeis PSH nas obras de PTA, independentemente do tempo que teriam em ecrã, a verdade é que a colaboração que acabou por dar mais destaque a PSH é a última, The Master, onde viria a receber a sua quarta nomeação para um Oscar. Apesar de só ter obtido o papel principal ao fim de anos de trabalho em conjunto, é fácil recordar as suas personagens.

Spot on:

A filmografia de PTA conta ainda apenas com 7 filmes, mesmo assim é considerados um dos melhores realizadores dos últimos tempos. O sucesso de um bom realizador também fica celebrizado, pela escolha de actores. PSH era um excelente actor e fica a certeza, de que no futuro as colaborações entre ambos continuariam a ser constantes, quer fossem elas grandes ou pequenas. Com a partida prematura de Hoffman, resta-nos agora recordar e celebrar os belíssimos papeis de Hoffman nos trabalhos de Anderson.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Crítica: Amor e Amizade (Love & Friendship) . 2016


Amor e Amizade é a comédia romântica, escrita e realizada por Whit Stillman, adaptado do romance Lady Susan de Jane Austen. Divertido e bastante preciso naquilo que pretende obter, este é o tipo de filme que no nosso intimo temos dúvidas se verdadeiramente nos irá agradar, mas o resultado final é calorosamente e inesperadamente bom.

A viúva Lady Susan Vernon (Kate Beckinsale) procura refugiar-se na propriedade dos seus cunhados Catherine Vernon (Emma Greenwell) e Charles Vernon (Justin Edwards), longe da azafama da grande cidade, assim que rumores sobre a sua vida privada começam a circular por toda a sociedade. A verdade é que Lady Susan, viúva, sedutora, sofisticada e sem papas na língua, mantém um caso com um homem casado e procura avidamente um marido abastado para si e para a sua filha Frederica Vernon (Morfydd Clark), alguém que lhes proporcione a vida de luxo que segundo ela merecem. Assim que chega a casa dos cunhados, Lady Susan fica encantada com o irmão mais novo de Catherine, Reginal De Courcy (Xavier Samuel) e encorajada pela sua melhor amiga Alicia Johnson (Chloë Sevigny) está disposta a assegurar um futuro financeiro com o jovem rapaz, ao mesmo tempo que o manipula e este a ajuda a despistar os seus esquemas e rumores da sua má conduta. Mas mesmo quando pensa ter tudo calculado, as coisas não acabam por não correr tão bem como imaginava.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O Cinema da Villa chega ao May the Cinema be with you.

Com o crescimento do May the Cinema be with you chega agora a primeira parceria do blog, com O Cinema da Villa, situado no centro comercial Cascais Villa Shopping.

Um espaço que prima pela variedade, contando com uma afinidade especial pelo filme documental e de animação, sem nunca esquecer o circuito comercial. Os blockbusters que preenchem uma parte da agenda, são contrapostos com filmes de circuito independente, com ciclos de autor, retrospectivas e até extensões de festivais de cinema (caso disso a passagem do 8 1/2 Festa do Cinema Italiano, a semana passada).

Todos os dias, com sessões entre as 14:00 e as 22:00 aos dias de semana e a partir das 11:00 ao fim de semana, o cinema contém paralelamente à programação, um espaço de venda de DVD's assim como uma zona de conforto e um café amistoso. O cinema está de volta à vila de Cascais e nada melhor do que usufruir de um espaço de cultura, com a costa portuguesa mesmo ali ao lado.

Fico feliz por poder partilhar cinema com todos vocês, proporcionando experiências cinematográficas, e momentos bem passados. Brevemente, temos passatempo! Fiquem atentos! E viva o cinema!


Para mais informações sobre o cartaz, horários e preços consultem o site: http://ocinemadavilla.pt/ e façam like na página de facebook: O Cinema da Villa - Cascais .

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Crítica: Macbeth . 2015


Já foram inúmeras as adaptações do clássico Macbeth, uma das obras mais famosas de sempre do dramaturgo inglês William Shakespeare. Qualquer que seja o formato, a verdade é que esta história de ambição e poder continua a cativar nos dias de hoje, e esta nova e apaixonante adaptação de Justin Kurzel, chega agora às nossas salas no mês em que se celebram os 400 anos da morte de Shakespeare.

Macbeth (Michael Fassbender), general de Glamis, ouve de três bruxas a profecia de que um dia se tornará rei da Escócia. Assombrado pela ideia, consumido pela ambição e encorajado por sua esposa Lady Macbeth (Marion Cotillard) os dois arranjam um plano onde primeiramente acolhem e acarinham o Rei Duncan (David Thewlis) para mais tarde o assassinar, algo que faria com que Macbeth se apodera-se do trono. Mas o homem que outrora fora guerreiro destemido, vê-se agora consumido pela ganância e desejo ao mesmo tempo que cultiva em si um enorme sentimento de culpa e paranóia que não está a conseguir controlar. As consequências da sua decisão vão muito para além do poder que se recusa a abdicar, e as mortes começam a ser cada vez mais frequentes, uma vez que se vê obrigado a ir eliminando todos os que possam ameaçar a sua posição.

terça-feira, 19 de abril de 2016

Crítica: Demolição (Demolition) . 2015


Parece que 2015 não foi grande ano para Jake Gyllenhaal. Demolition é mais um caso disso. Depois do monte de clichés que é Southpaw e a cambada de gente a mais contida em Everest, foi difícil ver o seu talento constantemente desperdiçado em filmes que não fazem jus ao que é capaz de fazer.

Davis (Jake Gyllenhaal) é um bem sucedido investidor da banca com uma vida de sonho. Quando a sua mulher Julia (Heather Lind) morre num acidente de viação, este sente-se pressionado pelo sogro (Chris Cooper), que por acaso também é o seu patrão, para se recompor do trauma. A verdade é que ao contrario daquilo que todos pensam, Davis parece não se sentir nada afectado pelo trágico acontecimento. Quando escreve uma carta de reclamação para uma empresa de maquinas de venda, começa a criar laços de afecto com Karen (Naomi Watts) a responsável pelo departamento de apoio ao cliente. Através do vazio inexplicável que sente, e da frieza e arrogância com que lida com a perda, Davis começa a conhecer e compreender melhor tudo aquilo que lhe escapava antes da tragédia e também ao ajudar Karen e o seu problemático filho de 15 anos, conseguirá demolir a vida que tinha outrora e aceitar aquilo que é de verdade.

quinta-feira, 14 de abril de 2016

Crítica: O Livro da Selva (The Jungle Book) . 2016


Como é bom ser surpreendida! A moda dos live-action de clássicos da Disney chegaram para ficar, e O Livro da Selva seria provavelmente aquele que mais me intrigava. O trailer sai, e a reacção não é a mais positiva. A verdade é que excede as expectativas, transformando-se afinal numa adorável adaptação que proporciona uma calorosa experiência nostálgica.

Baseado no livro de Rudyard Kipling, adaptado ao cinema pela Walt Disney Animation Studios a primeira vez em 1967, o menino lobo chega mais uma vez ao grande ecrã, agora pelas mãos de John Favreau. A história é bem conhecida de todos. Quando bebé, Mogli (Neel Sethi) é abandonado na selva e acaba por ser criado no meio de lobos, protegido pela mãe loba Raksha (Lupita Nyong'o). O ameaçador tigre Shere Khan (Idris Elba) descobre que um humano habita entre si, e Mogli começa a inquietar muitos e sem querer põe em causa o bem estar da selva. Aconselhado pelo amigo Baguera (Ben Kingsley) concorda em partir para a aldeia próxima. Eis quando conhece o urso Balu (Bill Murray) que lhe ensina a sua filosofia de vida relaxada, sem preocupações, apenas desfrutando dos prazeres da selva, acordando ficar consigo só até ao fim do Verão. Ao longo desta jornada, Mogli conhece criaturas com as quais nunca se tinha cruzado, como a hipnotizante cobra Kaa (Scarlett Johanssen) ou o orangotango Louie (Christopher Walken). Com todos irá crescer e aprender o verdadeiro sentido da vida, do amor e da amizade.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Crítica: 10 Cloverfield Lane . 2016


Não vou mentir dizendo que as minhas expectativas foram fáceis de controlar, porque não foram. A verdade é que mesmo ficando um pouco aquém do que imaginei, não saí de todo insatisfeita. 10 Cloverfield Lane, não prometeu nada que não conseguisse cumprir e é de facto capaz de nos colar ao ecrã desde o primeiro minuto, fazendo-nos viver um enigma constante.

Depois de ter discutido com o seu namorado, Michelle (Mary Elizabeth Winsted) decide viajar para algum destino que desconhecemos. A caminho, distraída com a chamada desesperada do namorado que lhe pede para voltar, Michelle tem um acidente, fica inconsciente e acorda num quarto de um bunker algemada a um tubo na parede. O homem que a sequestrou chama-se Howard (John Goodman) e alega que o que fez foi salvar-lhe a vida, visto que houve um ataque nuclear que dizimou grande parte da população naquela área. Com eles está também Emmett (John Gallagher Jr.) outro sobrevivente do ataque. Os três tentam ocupar os seus dias da melhor maneira possível, mas cada vez se torna mais difícil para Michelle aceitar o que realmente aconteceu consigo. Com o passar dos dias as desconfianças sobre as intenções de Howard tornam-se mais fortes e o pânico constante começa a apoderar-se da sua mente. O que será que se passa realmente no exterior?

domingo, 10 de abril de 2016

Crítica: Verdade (Truth) . 2015


Mas ainda há dúvidas de que Cate Blanchett é uma diva? Até porque tudo em que esta senhora toca se transforma sempre em algo muito melhor do que é ou do que poderia ser. Verdade é um filme cheio de erros inconcebíveis, erros evitáveis, mas que tinha tudo para ser tornar num bom filme sobre jornalismo de investigação (completamente esmagado quando inevitavelmente temos de o comparar com a mais recente memória que é Spotlight).

Este é o drama politico, baseado nas memórias Truth and Duty: The Press, The President and The Privilege of Power, da jornalista e produtora de televisão Mary Mapes, durante o tempo em que esteve ligada do programa 60 Minutes da CBS News. Meses antes as eleições de 2004 (onde George W. Bush foi re-eleito) Mary Mapes (Cate Blanchett), o pivô Dan Rather (Robert Redford) e a sua equipa investigam o que está por detrás da entrada de Bush na Guarda Nacional nos anos 70, quando alegadamente não apresentava requisitos para tal. Documentos sobre o caso são apresentados e analisados no programa, mas rapidamente a veracidade dos mesmos começa a ser posta em causa por especialistas, bloggers e outras cadeias de televisão americanas. O caso torna-se polémico e a credibilidade de todos os envolvidos na investigação interfere na sua vida pessoal e profissional. 

domingo, 3 de abril de 2016

Crítica: Mergulho Profundo (A Bigger Splash) . 2015


Calor, mistério, desejo e uma dose de muito estilo, assim é Mergulho Profundo, um thriller recheado de erotismo, inspirado no filme La Piscine de 1969, e realizado por Luca Guadagnino. Aqui damos um mergulho profundo não só na belíssima Itália da costa Siciliana, mas também na teia de interesses e sentimentos dos quatro peculiares protagonistas.

Marianne Lane (Tilda Swinton) é uma estrela de rock famosa que se encontra refugiada com o seu namorado Paul (Matthias Schoenaerts) num recanto italiano paradisíaco que dá pelo nome Pantelleria. A fazer uma pausa do mundo frenético de artista de palcos e a recuperar de uma cirurgia às cordas vocais, Marianne contenta-se apenas a passar os dias literalmente a desfrutar dos prazeres da vida. Eis quando o seu ex-namorado Harry (Ralph Fiennes), um produtor musical, longe de ser modesto e muito exibicionista, aparece de surpresa e trás consigo a provocadora filha Penelope (Dakota Johnson) para passar uns dias com os amigos. Aquilo que parecia ser apenas uma visita inesperada mas agradável, transforma-se numa série de acontecimentos inconvenientes, que acabariam por tomar proporções catastróficas.

sábado, 2 de abril de 2016

Crítica: Suburra . 2015


Nos tempos da Roma antiga, Suburra era um distrito bem conhecido por ser frequentado por gente de classe inferior, prostitutas, onde reinava a criminalidade. Realizado por Stefano Sollima e baseado no romance de Carlo Bonini e Giancarlo De Cataldo, Suburra mostra exactamente uma Roma dominada pela criminalidade do mundo da máfia e a corrupção politica, que se complementam e conectam por interesses comuns.

O filme decorre no ano de 2011, ano de inicio do colapso económico em Itália. O governo facilmente concede grandes favores aos maiores criminosos da cidade, onde os mais variados esquemas beneficiam ambas as partes, muitas vezes chegando até a envolver o Vaticano. Aqui seguimos vários sub-plots que se vão interligando em certos momentos da história. Conhecemos o respeitado politico Filippo Malgradi (Pierfrancesco Favino), deputado no parlamento, homem extremamente ganancioso e depravado; Sebastiano (Elio Germano) aristocrata responsável pela organização de muitas festas VIP, guardando perigosos segredos; Número 8 (Alessandro Borghi) mafioso que coordena todas as ilegalidades em torno da costa; e Samurai (Claudio Amendola) o grande e temido lider do maior grupo de mafiosos de  Roma. Ligados a estes personagens encontramos ainda outros, que irão revelar-se peças chaves no desfecho desta história.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Crítica: Nessuno Si Salva Da Solo . 2015


Realizado por Sergio Castellitto, Nessuno Si Salva Da Solo, é baseado no romance da sua esposa Margaret Mazzatini, aqui também adaptado por ela. Uma visão de acontecimentos passados na vida de um casal recém separado, sob o olhar de cada um deles em diferentes alturas da sua relação.

Gaetano (Riccardo Scarmarcio) e Delia (Jasmine Trinca), em tempos um casal perfeito, marcam jantar num restaurante para decidir como dividir as férias dos seus dois filhos, Cosmos e Nico. Durante o jantar, vão aos poucos e poucos percorrendo uma viagem sobre as memórias de um casamento despedaçado, que outrora chegou a ser uma bela história de amor. Através de flashbacks de vários acontecimentos do seu relacionamento, vamos passando pelos momentos mais marcantes do casal, revivendo diversas emoções desde o primeiro dia que se conheceram até à actualidade. A raiva, a amargura e os ressentimentos de ambos vão se reflectindo durante o jantar, mas rapidamente percebemos que mais que discutir sobre o que resultou bem ou mal entre os dois, procuram acima de tudo ultrapassar esta fase dolorosa. Mas estarão Delia e Gaetano realmente preparados para redescobrir a felicidade um sem o outro?