segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Crítica: Amor de Improviso (The Big Sick) . 2017


Mas quem é que não gosta de uma bonita história de amor? O problema hoje me dia, está na abordagem aos personagens e nas situações apresentadas que já pouco ou nada surpreendem. Felizmente existem indies deste género, que ainda nos fazem verdadeiramente acreditar no que é o amor. Tem tanto de comédia como de tragédia, e é das relações familiares, culturais e dos precauços de vida que se faz este filme, fazendo nos adorar esta comédia romântica tanto de forma light como de uma forma mais profunda.

Da história de vida real do casal Emily V. Gordon (no filme interpretada por Zoe Kazan) e de Kumail Nanjiani (que faz de si próprio) nasce o argumento para esta comédia romântica, produzida por Judd Apatow e realizada por Michael Showalter. O projecto já andava há uns anos a ser desenvolvido pelo casal, que escreveu uma espécie de homenagem ao seu relacionamento, relatando uma história de amor um tanto ou quanto estranha, quando Kumail se apaixonou, pela actual mulher Emily, quando esta se encontrava em coma devido a uma infecção súbita bastante grave. Kumail é um motorista da uber, que sonha vir a ser um dia uma estrela de standup comedy. Uma noite, conhece Emily e há química entre os dois. Sem saberem, iriam viver passado uns meses, a experiência traumática que criaria laços fortes e os ligaria emocionalmente de forma muito forte.

sábado, 7 de outubro de 2017

Crítica: Blade Runner 2049 (ou a carta de amor a Denis Villeneuve) . 2017

Quando me preparo para começar a escrever um texto sobre um filme que gosto muito é sempre uma tarefa complicada. Tenho receio de me tornar demasiado exagerada, pretensiosa ou simplesmente que esteja a tentar moldar a minha adoração perante outros. Acho que é sempre mais fácil dizer mal, do que dizer bem, e é nos filmes que me deixam mais arrebatada que sinto essa dificuldade, e mais me faltam as palavras. Não é segredo nenhum, que aqui já várias vezes louvei o trabalho de Dennis Villeneuve, o realizador que rapidamente me fascinou desde o primeiro trabalho que dele vi. Acredito que ele é tudo aquilo que a minha geração procura viver no cinema, o entusiasmo de aguardar pela estreia do filme que queremos imaginar ser a próxima obra-prima que daqui a 35 anos vão continuar a falar. Tal como Ridley Scott transformou o seu Blade Runner, em algo que ainda hoje deixa marca a quem o assiste pela primeira vez, também Denis Villeneuve transformou esta sequela em algo só seu, com cunho pessoal que homenageia o trabalho de um veterano, aperfeiçoado por outro que converte o legado a algo muito superior. A maneira com que a história é respeitada, e os caminhos percorridos são traçados, eleva o espírito Blade Runner a toda uma outra dimensão, ainda mais complexa e mais interessante de ser experienciada, abordando questões sociais e humanas de forma metafórica, mas suscitando muitas outras dúvidas que nos perseguem muito depois do filme ter terminado. É na beleza dos planos, das cores e dos sets, é na forma crua e vulnerável que se apresentam os personagens das suas histórias, é na delicadeza das imagens e dos gestos, é nas palavras que por mais complexas ou confusas que possam ser, tocam de alguma forma. Nunca dúvidei das suas capacidades, mas tinha medo que com um peso destes sobre as suas costas o resultado não fosse propriamente o esperado. Roger Deakins ajudou construir a sua beleza visual, o jogo de luzes que se entranha pelos olhos adentro, e nos absorve para dentro de si. Hans Zimmer e Benjamin Wallfisch formam melodias melancolicas que arrepiam. O casting perfeito que leva Ryan Gosling ao limite e eleva Harrison Ford a um nível que há muito tempo não viamos. É como se Villeneuve conseguisse fazer magia em qualquer coisa em que pegue. 2049 é mais uma prova de como o seu trabalho é um dos mais interessantes que se fazem hoje em dia.

Muitos poderão achar exagero se colocar Denis Villeneuve no mesmo patamar de um Kubrick ou de Scorsese, mas a verdade é que ele consegue deixar me a cada obra sua mais e mais apaixonada pelo seu trabalho e pela genialidade com que consegue transmitir sentimentos e emoções através da lente da sua camera. Muito mais que uma review, esta acaba por ser a minha carta de amor a Villeneuve, tal como 2049 é a carta de amor de Villeneuve para Blade Runner.


Classificação final: 5 estrelas em 5.
Data de estreia: 05.10.2017

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Crítica: Borg vs McEnroe . 2017


Vários são os biopics desportivos que vão merecendo destaque ao longo dos anos. Na sua maioria, os desportos mais populares como o boxe, atletismo ou até futebol, nunca tendo sido explorado profundamente o mundo do ténis e dos seus jogadores. Aqui dois dos maiores astros do ténis mundial de sempre, são explorados apenas sobre o olhar tenso de um campeonato em Wimbledon que ficou para a história do ténis.

O filme é totalmente focado na rivalidade existente entre Björn Borg (Sverrir Gudnason) e John McEnroe (Shia LaBeouf) e no campeonato de Wimbledon, até chegarmos ao encontro final, no jogo que decidiria se Borg seria campeão do mundo pela quinta vez, ou se McEnroe, estrela em ascensão, o iria finalmente derrotar. Os dois têm mais em comum do que aquilo que aparentemente poderiam pensar, e a jornada durante este campeonato de oitenta, viria a demonstrar a cada um, que ambos poderiam ter lições a oferecer um ao outro.

domingo, 1 de outubro de 2017

Crítica: It . 2017


Andy Muschietti ganhou reconhecimento em 2013 com Mama, um thriller de horror, cujo o tipo de narrativa e visuais se assemelhava ao cinema de Guillermo del Toro. Depois de ter sido escolhido para a nova roupagem de It - adaptado do livro de Stephen King, que em 1990 já tinha sido adaptado para tv - as expectativas seriam as melhores. O palhaço assassino que atormentou muitas crianças na altura, vinte e sete anos depois estaria pronto para atormentar muitas mais. Só que não.

A acção decorre no final dos anos 80, na pequena cidade de Derry, onde vivem Bill (Jaeden Lieberher) e o seu irmão Georgie. Numa tarde chuvosa de inverno, Georgie decide brincar pelas ruas com um barquinho de papel, que com a força das águas caí numa valeta de esgoto. Na tentativa de retirar o barco, Georgie espreita lá para dentro e é surpreendido por Pennywise the Dancing Clown (Bill Skarsgard), que o alicia a entrar no esgoto com ele. Georgie desapareceu sem deixar rasto, e cada vez mais na cidade começa a ser notorio o número de crianças que também desaparecem. É então que Bill com a ajuda dos amigos, decide começar a investigar o desaparecimento do irmão, e juntos começam a tentar desvendar o mistério que paira sobre Derry. Enquanto isso, todos eles começam a ter visões aterradoras com o palhaço, todas elas ligadas aos seus maiores medos.