domingo, 30 de outubro de 2016

Crítica: Toro . 2016


O realizador espanhol Kike Maíllo vai apenas no seu segundo filme e já deixa marcas de um caminho promissor. Toro é um interessante thriller de acção, duro e cru, que para além de entreter sabe jogar com o lado emocional do espectador, colocando assim o cinema espanhol moderno ao nível daquilo que se faz por Hollywood.

Tudo começa com três gangsters, um assalto, uma perseguição, uma morte e uma detenção. Cinco anos se passaram e Toro (Mario Casas) está a cumprir uma pena de cinco anos de prisão, em regime externo, vivendo o dia-a-dia normal, mas obrigado a pernoitar na cadeia durante a noite. Decidido a abandonar o mundo do crime, optando por um estilo de vida digno, Toro tenta esquecer os tempos do crime ao comando do poderoso gangster Don Romano (José Sacristán), mas quando o seu irmão José Lopez (Luis Tosar) se encontra em perigo e a sua sobrinha é raptada, Toro vê-se na obrigação de voltar a enfrentar o passado, arriscando-se a perder tudo o que de bom alcançou. Sangue, vingança e diferentes emoções irão cruzar-se com ele e em apenas 48 horas tudo o que reconstruiu poderá ser posto em causa novamente.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Crítica: Green Room . 2015


Depois de ter passado pela edição 2015 do MOTELx, chega finalmente às salas portuguesas Green Room, o mais recente filme do realizador e argumentista Jeremy Saulnier. Depois do grandioso Blue Ruin de 2013, o realizador regressa novamente ao género horror, e ainda grande forma.

O filme segue a banda punk The Ain't Rights, composta pelos membros Pat (Anton Yelchin), Sam (Alia Shawkat), Tiger (Callum Turner) e Reece (Joe Cole). Actualmente a fazer concertos pelo noroeste americano, encontram-se com o radialista Tad (David W. Thompson) que lhes arranja um gig com o primo Daniel (Mark Webber). Quando a banda chega ao bar onde vão tocar, num local deserto no meio dos bosques, apercebem-se que o espaço é frequentado por skinheads neo-nazis, que pertence a Darcy Banker (Patrick Stewart) o lider dos skinheads. Depois da actuação, Sam dá conta que deixou o telemóvel na green room (conhecido como  o espaço lounge para artistas antes de depois das performances) e Pat vai até lá. Ao chegar depara-se com uma rapariga morta no chão. Os quatro amigos mal sabiam o que lhes esperava.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Crítica: Jack Reacher: Nunca Voltes Atrás (Jack Reacher: Never Go Back) . 2016


Mais um para a gaveta das sequelas desnecessárias. Realizado por Edward ZwickJack Reacher: Nunca Voltes Atrás é, infelizmente, algo que não só, não faz jus a nenhum dos seus actores, como peca pelo descuido quer a nível técnico como narrativo.

Baseado no romance "Never Go Back" de Lee Child (criador dos livros sobre as aventuras do policia militar Jack Reacher), este passa-se quatro anos depois dos eventos do primeiro filme, quando Jack Reacher (Tom Cruise) regressa à sua antiga unidade militar. Pretendendo conhecer pessoalmente a major Susan Turner (Cobie Smulders), com quem tem trabalhado em alguns casos nos últimos tempos, Reacher vê-se envolvido numa teia de mentiras, quando ele e Turner sem saber como são acusados de espionagem. Foragidos da policia, têm agora de perceber o que está por detrás destas acusação, ao mesmo tempo que surge a possibilidade de ser o pai biológico de uma adolescente problemática de 15 anos (Danika Yarosh), também ela envolvida num esquema focado em tramar a vida a Reacher.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Crítica: Café Society . 2016


Há quem diga que a originalidade de Woody Allen está acabada, mas eu prefiro dizer que ele gosta de ser manter fiel ao seu estilo, escrevendo sobre os temas que mais lhe dão gozo explorar. Café Society é o que nos apresenta este ano, um belo tributo à Hollywood dos anos 30 com as instrospecções habituais dos personagens centrais à mistura.

Bobby Dorfman (Jesse Eisenberg) é um jovem nova iorquino, que procura uma oportunidade de vida diferente, visto trabalhar com o pai e estar saturado da rotina como joalheiro em Nova Iorque. Bobby decide então mudar-se para Los Angeles, para trabalhar com o seu tio Phil (Steve Carell) um agente de renome das grandes estrelas do cinema. Quando Phil apresenta a sua secretária Vonnie (Kristen Stewart) a Bobby este apercebe-se que ela é o oposto do estereotipo de rapariga a viver em LA e cai imediatamente nos seus encantos, mas quando se declara, ela diz-lhe que tem namorado. Entre as saídas com Vonnie e os cocktails glamorosos em casa do tio, Bobby continuar a estar bastante ligado à família, mantendo constante contacto com a mãe (Jeannie Berlin) cheia de altas expectativas para si, com as peripécias do irmão Ben (Corey Stoll) um respeitável gangster no mundo do crime e com a irmã (Sari Lennick). 

domingo, 9 de outubro de 2016

Crítica: Cézanne e Eu (Cézanne Et Moi) . 2016


Dando um saltinho até ao Impressionismo e Realismo francês do século XIX, encontramos Cézanne e Eu, realizado por Danièle Thompson, mostrando o lado um pouco mais intimo da amizade entre dois importantes artistas franceses, Paul Cézanne e Émile Zola. Infelizmente o filme contém demasiados elementos para serem descortinados em tão pouco tempo. 

Esta é uma história de amizade, mas também de grande rivalidade entre dois grandes artistas que marcaram a cultura francesa de forma significativa. Paul Cézanne (Guillaume Gallienne) pintor fundador da arte moderna e Émile Zola (Guillaume Canet) escritor líder do movimento literário naturalista no século XIX, dão inicio a uma forte amizade desde muito cedo, compartilhando tudo um com o outro. Cézanne tem a riqueza, mas a falta de oportunidade para triunfar. Zola não tem nada, mas a vida sorri de forma a dar-lhe o reconhecimento e a fama que o amigo sempre quis e nunca foi capaz de alcançar. Vamos observando estes homens, que vão enfrentando desafios ao longo do tempo, testando o valor da verdadeira amizade. Os amores de desamores de um pintor e um escritor que na verdade competiam a toda a hora, mas se amavam como irmãos.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Crítica: Mãos de Pedra (Hands of Stone) . 2016


Escrito e realizado por Jonathan JakubowiczMãos de Pedra conta a história do boxer panamenho Roberto Dúran reconhecido como um dos melhores boxers de todos os tempos. Com muitas dificuldades em seguir um rumo, perde a oportunidade de explorar decentemente os acontecimentos mais marcantes da vida deste homem.

Aqui seguimos a ascensão, a queda e o comeback do legendário Roberto Dúran (Édgar Ramírez). Desde os dias de pobreza em criança nos bairros pobres do Panamá, passando pela relação com a esposa (Ana de Armas) e os cinco filhos, até à famosa luta contra Sugar Ray Leonard (Usher Raymond) no Madison Square Garden que o levou a reformar-se da modalidade, mais tarde tendo regressado de forma triunfante. Dúran, tem alguma dificuldade em lidar com americanos, não só por razões politicas - tendo em conta que a gestão do Canal do Panamá, chave importante de comercio marítimo, ter pertencido aos EUA até 1999 - mas também por ter fruto de uma relação entre uma panamenha e um americano, que o abandonou quando era criança. Apesar desse ódio, Dúran terá de aprender a lidar com o bem sucedido Ray Arcel (Robert De Niro), quando o seu manager o contrata achando que este tem potencial para fazer com que Dúran chegue a campeão mundial.

Crítica: A Rapariga no Comboio (The Girl on the Train) . 2016


Mais um grande sucesso literário adaptado ao grande ecrã. A Rapariga no Comboio, realizado por Tate Taylor (The Help), é a adaptação do best-seller homónimo de 2015, da escritora Paula Hawkins, cuja história segue os melodramas femininos de três mulheres, envolvidas num triângulo de mentiras e suspeitas.

Todos os dias Rachel Watson (Emily Blunt) viaja de comboio de casa para o trabalho, do trabalho para casa, fantasiando sobre as vidas daqueles que vivem junto à linha. Com o passar do tempo, começa a ficar obcecada com a jovem Megan (Haley Bennett), que aparenta ter a vida que sempre sonhou para si. Megan sem saber, entra então na vida de Rachel de forma doentia, desconhecendo que afinal existe na realidade uma conexão entre as duas. Para agitar ainda mais as coisas, ao lado da casa de Megan vive Anna (Rebecca Ferguson), casada com Tom (Justin Theroux) ex-marido de Rachel, cujo casamento terminou depois de Rachel ter problemas em engravidar, tendo essa situação originado um grave problema com o álcool. Ao longo da história são nos mostrados flashback's sob a perspectiva de vida destas três mulheres, até percebermos que todas elas têm elementos em comum que irão levar até ao mistério do assassinato de uma delas.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Crítica: Um Editor de Génios (Genius) . 2016


Não é muito comum vermos uma história sobre literatura, acerca de quem geralmente passa despercebido durante o processo de criação de uma obra escrita. Realizado por Michael Grandage, baseado em factos verídicos, Um Editor de Génios conta a história da relação entre o editor Maxwell Perkins e Thomas Wolfe, duas das figuras mais importantes da literatura norte americana. Infelizmente não é suficientemente forte, interessante e coerente.

Maxwell Perkins (Colin Firth), um dos editores literários mais conhecidos de sempre - responsável por ter descoberto autores como Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald - conhece o excêntrico Thomas Wolfe (Jude Law) estaria longe de imaginar que estava perante mais uma das suas significativas descobertas literárias. A frenética relação profissional entre os dois vai ficando cada vez mais forte, e a constante interacção no trabalho iria transformar-se numa grande amizade que irá também interferir na vida pessoal que cada um. Aqui seguimos o percurso criativo, não da criação narrativa em si, mas da estruturação dos romances de Wolfe, e do papel fundamental que Perkins teve, contribuindo em muito para o sucesso e reconhecimento de Wolfe, inicialmente rejeitado mundo da literatura.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Crítica: The Impeccables (Kusursuzlar) . 2014


É sempre bom descobrir pérolas do cinema independente. Kusursuzlar é um estudo subtil, mas muito poderoso sobre a violência contra as mulheres e as marcas psicológicas e físicas consequentes a isso, onde as fortes presenças femininas marcam a narrativa forte, cheia de mensagens subliminares sobre o mundo ainda maioritariamente dominado pelos homens.

Lale (Ipek Türktan) e Yasemin (Esra Bezen Bilgin) são duas irmãs na casa dos trinta, que decidem fugir um pouco da rotina, regressando passado uns anos à casa de verão da família. Durante a sua estadia, a relação entre as duas é posta à prova por diversas vezes, existindo confrontos constantes entre si, quase sem entendermos porquê. A verdade é que ambas sofrem emocionalmente com eventos que ocorreram no passado, algo que as distancia mas aproxima ao mesmo tempo. Através de pequenas pistas vamos entrando na intimidade destas duas mulheres, na procura iminente pela paz interior.