domingo, 26 de abril de 2015

Crítica: Capitão Falcão 2015


Pensado inicialmente para ser um projecto televisivo e depois de ter tido muitos contratempos ao longo de mais de 6 anos, chega finalmente, e agora ao grande ecrã Capitão Falcão. Pelas mãos de João Leitão (realizador e co-argumentista da história) seguimos as aventuras de Capitão Falcão (Gonçalo Waddington) o primeiro super-herói português ao serviço do Estado Novo, que com a ajuda com seu fiel parceiro Puto Pediz (David Chan Cordeiro), combate todos aqueles que ousam ameaçar a Nação ao comando de António de Oliveira Salazar (José Pinto). Um projecto muito ambicioso, que marca toda a diferença no panorama nacional.

Como bom português que é, Capitão Falcão, enorme defensor de Salazar tem em suas mãos a missão de acabar com a onda de Comunismo em Portugal! Devoto do Regime, cheio de grande patriotismo e peculiares habilidades marciais, enfrentará os "Comuninjas" como ninguém, acabando por cair nas garras dos "Capitães de Abril" (um grupo de revolucionários com algumas semelhanças - nada óbvias - aos Power Rangers).

Com muito disparate e maluquice à mistura, o filme satiriza muitos dos aspectos de importância social vividos na época (as atitudes machistas do Capitão, os valores familiares, ou até o facto de se brincar um pouco com a ingenuidade do povo da altura) de forma divertida, jogando também sempre com o factor entretenimento, não podendo deixar de falar das coreografias de pancadaria absolutamente bem feitas (da responsabilidade de David Chan Cordeiro e o seu grupo de duplos). O overacting de Gonçalo Waddington e a performance muda de David Chan Cordeiro, aumentam o nível de patetice à coisa, mas uma patetice inteligente - tratando-se claramente de várias influências que passam pela série Batman e Robin dos anos 60, os filmes de artes marciais de Jackie Chan ou expressões faciais de filmes mudos. Não esquecer também o enorme cuidado e atenção que foi dada a figurinos e cenários e a fantástica banda sonora original. 

Capitão Falcão não é um filme perfeito, mas é sem dúvida algo refrescante e muito criativo que não costumamos ver explorado no cinema que se faz por cá. Será que o Capitão voltará para mais algumas das suas aventuras fascistas? Isso não sabemos, mas parece-me que essa poderá ser uma porta que fica em aberto... Ficaremos então à espera para ver os resultados do filme pelas salas nacionais.

Classificação final: 3,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 23-04-2015

Sem comentários:

Enviar um comentário