sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Crítica: Os Oito Odiados (The Hateful Eight) . 2015


O que é que eu posso dizer? Sou fã de Quentin Tarantino! O seu oitavo filme chegou, e sabemos bem com o que contar. Violência over-the-top, humor e um enredo inteligente que estão sempre presentes, desta vez com a particularidade de também estarmos perante uma autentica beleza visual e absorvente suspense do inicio ao fim.

Alguns anos depois da Guerra Civil, Major Marquis Warren (Samuel L. Jackson), transporta três cadáveres a prémio para a cidade de Red Rock. Perante uma enorme tempestade instalada nas montanhas do Wyoming, pede uma boleia à diligencia de John Ruth (Kurt Russel), um caçador de recompensas que transporta a fugitiva Daisy Domergue (Jennifer Jason Leigh). Mais tarde encontram perdido o novo xerife da cidade para onde se dirigem, Chris Mannix (Walton Goggins) que se junta à viagem. Forçados a parar num alojamento que dá pelo nome de Retrosaria da Minnie, encontramos outras quatro misteriosas caras. Recebidos pelo mexicano Bob (Demián Bichir), constatam que dentro do lugar estão Oswaldo Mobray (Tim Roth) o carrasco de Red Rock, o sossegado cowboy Joe Gage (Michael Madsen) e o ex-general Sandford Smithers (Bruce Dern). A enigmática atitude de cada um dos peculiares personagens, vai nos deixando deliciados com tamanha intriga e aos poucos vamos percebendo que ninguém diz ser quem é.

Ao longo desta história nem tudo é o que parece, e o seu ritmo lento não se torna aborrecido mas sim interessante ou não fosse a escrita de Tarantino algo de genial. Os excelentes diálogos carregam consigo algo, não só de filosófico, mas também de histórico, percorrendo caminhos e detalhes próprios da época vivida como também da época histórica do cinema, prestando homenagem ao estilo western, com um interessante toque de contemporaneidade numa atitude mais irreverente por parte dos personagens. É impossível deixar de dar um enorme crédito às interpretações do elenco. Todos eles notáveis, dando um pouco de mais ênfase à interpretação admirável de Jennifer Jason Leigh, a maior parte do tempo mais física do que falada, que lhe valeu várias nomeações para prémios este ano. A verdade é que as duas personagens que mais entretêm e sustentam este filme, são as extraordinárias personagens de Samuel L. Jackson e Walton Goggins que vão complementando o enredo com momentos brilhantes. Uma cinematografia deslumbrante de Robert Richardson (com a particularidade do filme ter sido filmado com cameras Ultra Panavision 70mm, usadas nos anos 60 e 70 que entre outros atributos, têm um campo de visão mais alargado) resultando daí sequencias simples mas belíssimas como a de abertura. A banda sonora grandiosa, mais uma vez, da responsabilidade de Ennio Morricone, colaborador habitual nas obras de Tarantino, que ajuda à construção da tensão.

Quentin Tarantino volta a marcar a diferença sendo um dos mais únicos e enigmáticos realizadores no activo, apresentando-nos desta vez, uma obra western que vai ao encontro de uma vertente bastante hitchcockiana. Uma combinação deliciosa improvável que só ele poderia fazer resultar de forma perfeita. Esperemos que a promessa de que apenas fará 10 filmes não se mantenha. O cinema precisa dele.

Classificação final: 5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 04.02.106

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