Ao longo dos tempos, vários têm sido os exemplos de que um bom elenco não é sinónimo de bom filme. Recheado de glamour visual, mas pobre em envolvência e mistério, Um Crime no Expresso do Oriente é baseado num dos mais conhecidos crime novels da intemporal Agatha Christie, cujo resultado desta nova versão é tudo menos aquilo que ela nos habituou. Falta-lhe exactamente o ambiente de suspeita constante característico das suas obras.
O famoso detective belga Hercule Poirot (Kenneth Branagh), por ocasião de mais uma investigação em Istambul, recebe um telegrama para regressar a Londres, marcando de imediato viagem através do seu amigo M. Bou (Tom Bateman) director da linha férrea embarcando com ele no luxuoso comboio Orient Express. Já em viagem, Poirot é abordado pelo mafioso Mr. Rachett (Johnny Depp), que acredita estar a correr perigo de vida, recorrendo aos serviços de Poirot para investigar o caso, pedido que este rejeita. Durante o segundo dia de viagem, o comboio é forçado a parar depois de uma forte derrocada de neve, e aí se descobre que Rachett tinha sido assassinado no decorrer dessa noite. Quando Poirot decide começar a investigar esta estranha morte, começa a perceber que todos os passageiros do comboio têm algum tipo de ligação entre si, assim como misteriosamente têm algum tipo de conexão com o mafioso. Várias teorias surgem, e o perspicaz detective tem pouco tempo para desvendar o caso, tornando-se cada vez mais perigoso permanecer num ambiente de desconfiança. Teria o criminoso entrado e saído do comboio sem ninguém dar por isso? Ou o assassino estaria entre si?
Para alguém como eu, cuja a série televisiva interpretada por David Suchet faz de alguma forma parte da infância, ver Kenneth Branagh a fazer de Hercule Poirot parece um pouco estranho. Poirot tem uma personalidade extremamente peculiar e alguns dos momentos que tentam dar um ar mais light ao personagem tornaram-se um pouco goofy demais, algo que em nada associo a Poirot. A maior parte do elenco é mal aproveitado, onde vemos por exemplo pouquissimo da fantástica Olivia Colman cujo tempo de ecrã não deve sequer exceder os cinco minutos, um ultraje ao seu talento. Michelle Pfeiffer, Daisy Ridley e Josh Gad são capazes de ser os que têm mais tempo de ecrã e até a veterana Judi Dench mal aparece. Kenneth Branagh já deu provas anteriormente de que é capaz de colocar brilho e interesse em obras de especificidade em termos temporais, mas enquanto nos brinda com movimentos de camera interessantes e sequências bem elaboradas dentro do espaço confinado de um comboio, fica-se muito por aí mesmo. Falta-lhe a tensão e o ambiente de suspeita constante que é obrigatoriamente requerido quando falamos de algo baseado na obra de Agatha Christie.
Branagh preocupou-se muito mais com o requinte do set design e guarda roupa, do que com qualquer outra coisa. Ficou aquém das minhas expectativas, mas tudo indica que Branagh enquanto Hercule irá voltar.
Classificação final: 2,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 09.11.2017
Sem comentários:
Enviar um comentário