quinta-feira, 26 de março de 2015

Crítica: Corações Inquietos (Hungry Hearts) 2014


Filme:

Corações Inquietos é o drama psicológico sobre o nova-iorquino Jude (Adam Driver) e a italiana Mina (Alba Rohrwacher) que por mera obra do acaso se apaixonam depois de se terem conhecido na casa de banho de um restaurante chines, não da maneira mais agradável possível - a cena de abertura é absolutamente alegre com diálogo divertido, sendo o único momento realmente feliz em todo o filme - mas rapidamente o filme muda de tom, e aquilo que parecia ser a combinação de amor perfeito transforma-se numa relação tensa e sombria.


Mina engravida, eles casam-se e perante o aparecimento de uma gravidez notavelmente não desejada, ela começa a comportar-se de forma estranha e vemos de imediato uma mudança de atitude na personagem. Desde pensar que transporta uma criança indigo (com poderes paranormais), não querer ser vista por médicos ou depois do nascimento da criança não a deixar sair do apartamento com medo que possa apanhar germes, a não a alimentar nas devidas condições com a afirmação de não querer que o filho se torne impuro, Jude começa a ver a vida do seu filho em risco, subnutrido e subdesenvolvido, vê-se obrigado a dar-lhe de comer as escondidas.

Adam Driver e Alba Rohrwacher têm performances muito intensas e emotivas. Enquanto ele faz com que a audiência se conecte com ele, mostrando o lado do tipo agradável de que toda a gente gosta, percebemos toda a sua angústia e sofrimento por não conseguir ter controlo sobre aquilo que a mulher faz ao filho, ela demonstra a mente de uma mulher perturbada e maníaca, tanto através de momentos neuróticos como através de completa inércia perante alguns factos. No entanto, quanto a Mina fica sempre no ar a dúvida se realmente seria demasiada protecção ou inconscientemente algo a levaria a querer que o filho morresse.

Visualmente funciona muito bem. No decorrer da história o realizador, Saverio Costanzo, vai alterando a maneira como vemos este casal. Ele começa a optar por planos mais apertados, cenas filmadas em fish-eye e close-ups que nos dão a intimidade necessária, a sensação claustrofóbica que a história necessita e as alterações no comportamento de Mina. Até mesmo a escolha das cores, no inicio tons mais claros e garridos, que com o passar do tempo se tornam mais escuros e carregados ajudam também a ilustrar a atmosfera e o estado de espírito dos personagens. Há que também mencionar Nova Iorque, que se torna no cenário perfeito para esta história de paranóia maternal.

Infelizmente a predictabilidade do fim acaba por ser desapontate e visto que os personagens demoram imenso tempo a tomar decisões, as cenas começam a ser bastante repetitivas, tornando se por vezes aborrecido ver os mesmo argumentos e atitudes vezes e vezes sem conta. Embora não seja um filme perfeito, consegue ser bem sucedido, pois não consegue deixar de ser perturbador.


Classificação final: 4 estrelas em 5.

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