quinta-feira, 12 de maio de 2016

Crítica: Ensurdecedor (Louder Than Bombs) . 2015


Algures entre a fantasia e a dura realidade da vida, encontramos o absorvente e poético Ensurdecedor, o mais recente trabalho de Joachim Trier, onde volta a explorar profundamente os sentimentos, a essência de cada um e as consequências de escolhas pessoais (tal como fez no seu último filme Oslo, August 31st) desta vez entrando no seio de uma família e das suas relações afectivas.

Esta é a história de uma família disfuncional, cujo o luto deixou marcas bem graves no relacionamento entre os seus membros. Gene Reed (Gabriel Byrne) é um viúvo, que tenta lidar da melhor maneira com os seus dois filhos Jonah (Jesse Eisenberg) e Conrad (Devin Druid), vitimas das circunstancias de terem perdido a mãe Isabelle (Isabelle Hupert) num acidente de viação. Devido à carreira de sucesso de Isabelle, como fotografa de guerra para o New York Times, Richard Weissman (David Strathairn) prepara um artigo sobre a sua vida pessoal e profissional, onde pretende homenagear a colega falecida, revelando aspectos profundos sobre Isabelle que irão abalar ainda mais a estabilidade de Gene e dos seus filhos, obrigando-os a revisitar as memórias perdidas.

Estreando-se na língua inglesa, o norueguês Joachim Trier não poderia ter melhor elenco, dando jus ao que pretende transmitir na perfeição. Personagens imperfeitos, cheios de dúvidas e interrogações sobre o que são e o que realmente querem ser, presos ao passado e à incerteza de que opções tomar no futuro. O sonho e a realidade estão de mãos dadas nesta interpretação, que tem tanto de serena como de ensurdecedora naquilo que nos quer transmitir. E isso é o melhor em si. Uma obra em que os personagens desesperam por poder soltar os sentimentos reprimidos. Pode uma carreira profissional arruinar a vida dos que nos rodeiam? Devemos afinal seguir sempre os nossos sonhos e ser egoístas ao ponto de nos concentrarmos fixamente nos nossos objectivos? Podem experiências traumáticas, de qualquer espécie, mudar a nossa maneira de enfrentar o mundo? Estas são algumas das questões que nos obriga a colocar. O papel dos actores é aqui fundamental, destacando a fantástica Isabelle Hupert que aparece muito menos no filme do que qualquer um dos outros personagens, mas que transmite um poder imenso.

Ensurdecedor é um projecto criativo, com algumas áreas que necessitavam ser mais polidas, mas que escapam a duros comentários, quando o resultado final acaba por atingir o seu principal objectivo, mesmo quando por vezes existem falhas de equilíbrio.

Classificação final: 4 estrelas em 5.
Data de Estreia: 12.05.2016

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