quinta-feira, 5 de maio de 2016

Crítica: Negócio das Arábias (A Hologram For The King) . 2015


Duas palavras mágicas: Tom Hanks. E é meio caminho andado para seguirmos em frente! Negócio das Arábias é o mais recente trabalho de Tom Tykwer e tem em si, um monte de boas ideias que se vão perdendo pelo caminho, culpa da inconsistente narrativa, que nem o fantástico Tom Hanks consegue salvar.

Esta é a história de Alan Clay (Tom Hanks), um antigo vendedor imobiliário que viaja para a Arábia Saudita disposto a vender um inovador sistema de video holográfico ao rei, que pretende construir uma grande cidade no meio do deserto. Mas Alan atravessa agora uma crise existencial, sentindo-se deprimido e culpado pelo fim do seu casamento e pelo facto de não poder proporcionar os estudos na faculdade à sua filha. Tudo isto, a juntar ao facto do rei ter marcado a apresentação, mas não saber quando poderá comparecer à mesma, visto que se encontra com a agenda super cheia. Alan e a sua equipa acabam por ficar no país por tempo indeterminado, nesta viagem de negócios que parece não ter fim. Enquanto nada é resolvido, Alan vai conhecendo alguns habitantes com os quais vai criando empatia, e vivendo algumas aventuras que o farão perceber que a vida é feita de altos e baixos, e há que haver força para enfrentar os obstáculos.


Assim que o filme começa, percebemos de imediato que o tom cómico pretende estar presente ao longo de todo o filme, mas que também existe algo que assombra o personagem principal. Na sequência de abertura, vemos as coisas mais importantes da vida de Alan a desaparecer como fumaça, e olhamos de perto para ele a bordo de uma montanha-russa, percebendo que a sua vida deu inúmeras voltas. O humor nem sempre resulta e as piadas não têm tanta piada assim, o personagem tem uma atitude meio pateta perante a situação em que se encontra, e ninguém melhor que Tom Hanks para dar graça e entusiasmo a uma personalidade do género. Como se já não soubessemos disso, Hanks tem a capacidade de demonstrar várias emoções na perfeição, passando do registo cómico para o drama facilmente, mesmo com o pouco que lhe foi dado. Todos os personagens da história carecem de profundidade e apesar das boas ideias e metáforas presentes, estas ficam perdidas, nunca são aprofundadas devidamente.

Ficamos desapontados, quando parece que o filme está prestes a tomar um rumo mas volta apenas, quase que a repetir aquilo que já haviamos visto. Se pensarmos, bem, mas Alan está estagnado num ponto da sua vida em que a negatividade emocional não o deixa avançar. Sim, é verdade e poderá querer representar isso mesmo, mas a verdade é que se torna aborrecido e aquilo que estava prestes a tornar-se uma grande jornada emocional de aprendizagem, transforma-se num arrastar de metáforas continuas. E depois já faltava o romance, aparecendo em força no terceiro acto, metido um "bocado à pressão".

A verdade, é que criamos uma certa empatia com os personagens, mas o fraco argumento e as suas inconsistências deitam isso por água abaixo. Negócio das Arábias tenta ser muita coisa e acaba por não conseguir ser nenhuma.

Classificação final: 2,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 05.05.2016

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