sexta-feira, 3 de março de 2017

Critica: T2: Trainspotting . 2017


O regresso de Danny Boyle a Trainspotting era para mim uma incerteza. Mexer naquilo que é bom, é 90% das vezes má ideia, mas surpreendentemente, os quatro rebeldes saídos dos livros de Irvine Welsh, continuam mais interessantes que nunca, respeitando o legado do filme de culto, considerado dos mais vibrantes da década de 90.

Vinte anos após a fuga de Edimburgo, Mark Renton (Ewan McGregor) volta à terra Natal para se reencontrar com os amigos Spud (Ewen Bremner) e Simon (John Lee Miller). Apesar de se encontrarem em fases diferentes das suas vidas, o que os une e bem mais forte do que aquilo que os separa, e vêem-se obrigados a regressar atrás no tempo, algo nada fácil por todas as razões que conhecemos. Rapidamente percebemos que vida não foi propriamente generosa para com nenhum deles e inconscientemente ainda anseiam pela mudança e alegria de quando eram jovem. A cumprir uma sentença de vinte e cinco anos na prisão está Begbie (Robert Carlyle), que consegue escapar quando lhe é recusada liberdade condicional, e que assim que descobre que Mark está de volta à cidade, procura vingança.

Apesar de ficar um pouco afastado do feeling do original, a sequela não desaponta, muito em parte suportada pela nostalgia que o envolve e pelo reviver de muitas das historias com a ajuda da sempre energética e fascinante realização de Danny Boyle. Os personagens carregam consigo os vinte anos que se passaram, e tal como nós, vão revivendo memórias sob as suas diferentes perspectivas. Boyle sabe bem como cativar, e usa inteligentemente os jogos de cores e a frenética edição à qual já nos habituou, aproveitando também alguma da banda sonora do original, que nos remete até à altura. Os personagens estão em fases diferentes da vida, e revelam agora uma faceta mais melancólica e emocional das suas formas de ser, criando a mesma empatia e sintonia com quem os vê, especialmente Spud que acaba por ser a alma do filme, fruto do excelente trabalho de Ewen Bremner que capta toda a fragilidade e resistência que os outros personagens tentam esconder.

Vinte anos passaram, e T2: Trainspotting serve para nos relembrar que em 1996 houve um filme que teve não só uma tremenda importância para uma determinada geração, como veio consciencializar a que se seguiu.

Classificação final: 3,5 estrelas em 5.
Data de Estreia: 23.02.2017

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