segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Crítica: Personal Shopper . 2016


Depois de Clouds of Sils Maria em 2014, Olivier Assayas volta a formar dupla com Kristen Swewart, desta vez para uma história sobrenatural. Dentro do bizarro, mas sem dúvida cativante, Personal Shopper, aparentemente assustador, quer ser muito mais que isso, lidando com questões do oculto, mas acima de tudo demonstrando uma busca pelo conforto emocional durante o luto.

Maureen (Kristen Stewart) é uma jovem americana a viver em Paris. Aparentemente tem um trabalho de sonho, bem pago como personal shopper (para quem não sabe, um especialista em compras, que ajuda o cliente a escolher o que vestir em determinadas ocasiões) de uma celebridade. Mas a razão pela qual se encontra a residir em Paris, vai para além do profissional, pois Maureen tem a capacidade de comunicar com espíritos, e espera um sinal do seu irmão gémeo Lewis, que faleceu recentemente em Paris. Depois de uma forte aparição, numa propriedade em que o irmão trabalhava antes de partir, Maureen começa a receber mensagens de um número desconhecido, mensagens essas que começam a interferir com o seu dia-a-dia.


Para quem não acreditava naquilo que Kristen Stewart era capaz de fazer como actriz no inicio da sua carreira, com um percurso atribulado e escolhas não muito certas (sim, sou uma dessas pessoas), tem demonstrado cada vez mais o seu crescimento como actriz. A performance de Stewart faz muito por aquilo que o filme é, mostrando uma imagem segura de si, mas ao mesmo tempo delicada e constantemente assustada com aquilo que o futuro lhe reserva. De ritmo lento, mas cheio de tensão, questiona tanto temas sociais como psíquicos, mexendo com as emoções, obrigando o espectador a prestar atenção a cada detalhe, em busca de respostas, ao fim ao cabo, estando ao lado Maureen nesta sua jornada na procura de algo, que nem ela sabe bem o que é. Estamos perante um filme, um pouco difícil de digerir, não que seja complexo a um nível elevado, mas tão depressa vai deixando pistas do desfecho durante o seu percurso, como nos confronta com algumas situações não muito esclarecedoras, que nos deixam a matutar sobre elas.

Personal Shopper continuou comigo assim que sai da sala de cinema, e isso é um óptimo sinal. Poderá não agradar a todos, mas tenho a certeza que intrigou, no bom sentido. A verdade é que quanto mais pensamos sobre alguns aspectos, mais encontramos pistas escondidas. Se percebi ao certo o significado da cena final? Não estou certa disso. Mas é interessante como nos permite explorar algumas teorias e nos deixa cheios de vontade de trocar ideias. Só por isso, vale a pena!

Classificação final: 4 estrelas em 5.
Exibido na 10ª edição do MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa 2016

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