sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Crítica: Olhos Grandes (Big Eyes) 2014


Data de Estreia: 25-02-2015

Se começarmos a ver um filme de Tim Burton, mesmo sem saber, rapidamente conseguimos identificar o seu estilo e associamo-lo de imediato a ele. Big Eyes é exactamente o contrário. Aqui Tim Burton sai completamente da sua zona de conforto, num filme onde não há atmosfera sombria, personagens loucos, muito menos os elementos góticos habituais. Esse poderá ser um dos aspectos mais preocupantes nele (pois poderá não agradar aos grandes fans do realizador) mas ao mesmo tempo pode ser considerado um aspecto positivo, onde conseguimos constatar que Tim Burton também é capaz de se distanciar da bizarrice que caracteriza todo o seu trabalho.

Big Eyes é baseado na história verídica de Margaret Keane (Amy Adams), uma pintora com uma filha pequena, que conhece o charmoso Walter (Christoph Waltz), também ele pintor, com um grande olho para o negócio mas não tanto para a pintura. Rapidamente Walter começa a ficar com os créditos dos trabalhos de Margaret, pois os seus quadros - na sua maioria crianças e animais com olhos desproporcionais - atingiram um grau de popularidade enorme nos anos 60.

O filme revela ter muito mais conteúdo do que propriamente aparenta ter. A complexidade da história está na representação do papel feminino no mundo das artes e do quão difícil é ser-se aceite e elogiado nesse universo, até mesmo para um homem. Mas não passa muito para além de constatar isso. A ligação entre mãe e filha, que a princípio parece ser forte (até porque a filha é a sua grande inspiração) rapidamente fica perdida e não lhe é dado grande enfase, assim como outros personagens secundários que são mal aproveitados, veja-se o caso do jornalista que narra a história, se o eliminássemos não faria qualquer diferença. A submissão de Margaret perante Walter é algo importante no filme, mesmo assim é outro dos aspectos que não é totalmente esmiuçado.

Apesar de adorar Christoph Waltz a sua personagem vai se tornando um pouco exagerada assim que vamos avançando na história, e o seu overacting foi algo que não resultou muito bem para mim, mas percebo a ideia de caricaturar o personagem. Mesmo assim é interessante ver como ele consegue mostrar as várias facetas de Walter, que gradualmente vai mostrando à audiência que não é a pessoa que aparenta ser no inicio. Amy Adams tem uma performance bastante razoável mas mesmo assim parece que nunca dá tudo de si, num personagem reprimido e que merecia ser muito mais explorado emocionalmente. 

Tim Burton presta assim uma homenagem a Margaret Keane (como fan do seu trabalho, pois também ele é coleccionador das suas obras), mas peca quando não entra no campo mais profundo das questões. Ainda assim, é um filme agradável, longe de ser uma obra-prima.


Classificação final: 3 estrelas em 5.

A verdadeira Margaret Keane (que faz um pequeno cameo no filme) ao lado de Amy Adams.

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