domingo, 1 de fevereiro de 2015

Crítica: Sniper Americano 2014


Data de Estreia: 22-01-2015

Depois do anúncio das seis nomeações aos Óscares, American Sniper rapidamente causou a curiosidade do público, premanecendo em primeiro lugar no box office não só nos EUA, mas também em Portugal desde a sua estreia. Este mais recente filme de Clint Eastwood, acusado de propaganda a favor da guerra e demasiado patriotismo, tem vindo a dar que falar. Ele conta-nos a história de Chris Kyle, aquele que foi considerado o atirador mais letal da história dos EUA, retratado como um herói um homem frio e perturbado, tomado pela vontade de vingar o seu país depois dos terríveis acontecimentos do 11 de Setembro.

Um estudo do personagem mal conseguido, foi aquilo que mais me inquietou. Com o passar do tempo, as alterações da sua pessoa ao nível psicológico não são exploradas da forma esclarecedora que poderiam ter sido, o que faz com que o interesse se vá perdendo. Vemos que Kyle quer dar o máximo pela pátria, mas fica pelo caminho alguns pontos essenciais acerca da sua personalidade, quando a coisa mais importante do filme poderia ter sido explorar ao máximo as complexidades da sua mente, que se reflectiam no seu caracter. Percebemos que a educação rígida de Kyle teve influência na sua personalidade enquanto adulto, mas a ligação forte com o seu pai e irmão, que vemos no inicio do filme, fica rapidamente esquecida. O stress pós traumático é representado no filme através de pequenas reacções que Kyle tem no dia-a-dia, quando regressa das missões, pequenos elementos que o fazem lembrar de situações que viveu enquanto estava em combate, mas estas nunca se revelam totalmente eficazes (e aqui não posso deixar de fazer a comparação com The Hurt Locker de Kathryn Bigelow, que segue mais ou menos a mesma linha em termos de história, mas que consegue mexer com as emoções do público de forma intensa e efectiva).

Bradley Cooper, é um bom actor, mas parece que a sua performance deixa um pouco a desejar, ficando muito à quem da intensidade imposta neste tipo de personagem. Não me passou qualquer tipo de emotividade ou mesmo grande revolta e penso se terei sido a única a achar isso, já que vejo grandes elogios acerca da sua performance.

Apesar de achar que o filme tem mais aspectos negativos que positivos, os positivos não podem deixar de ser mencionados. Algumas das cenas de guerra estão muito bem filmadas. A cena de abertura, em que Kyle se depara com a realidade de ter de atirar sobre uma criança, consegue causar a tensão necessária e prepara-nos para a visão de herói que é suposto ter do personagem. Outra das melhores, a sequência da tempestade de areia, que está brilhante, sendo com certeza o momento mais tenso de todo o filme.

Para quem possa não estar familiarizado com a história deste homem, no fim abrupto não é minimamente esclarecedor ou conclusivo. O mistério deixado no ar e as imagens reais que vemos logo de seguida têm um único objectivo. Objectivo esse que é mais uma vez enfatizar o amor à patria e valor dado pela sociedade americana aos que lutam pelo país.

Clint Eastwood optou assim por um filme super patriotista, deixando de lado os aspectos mais complexos que poderíamos ter visto explorados. Optar por analisar o ser humano em condições de guerra podia ter sido uma grande mais valia, ao invés de utilizar uma história que se foca mais no ódio que os americanos têm ao povo muçulmano do que em qualquer outra coisa para além disso.






Classificação final: 2,5 estrelas em 5.

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Apesar de reconhecer os pontos positivos do filme, fiquei um pouco decepcionada e acabou por não resultar tão bem para mim. Mas ainda bem que gostaste :)

      Eliminar